A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
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*ento*loma*
rtorres
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A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
Viva,
Trago-vos uma série de espécies que me suscitam dúvidas. Algumas delas já abordadas neste fórum, outras, porém, ainda não colocadas.
1º - será um Lactarius deliciosus (Mealhada)
HABITAT - pinhal.
CHAPÉU - laranja com manchas que não permitem identificar anéis perfeitos. com o toque fica esverdeado. Afunilado.
PÉ - Carne granulosa, laranja com manchas laranja escuro.
HIMÉNIO - lâminas decorrentes também laranja.
CHEIRO E SABOR - cheiro agradável.
2º - desconheço completamente, mas muito frequente em troncos de eucalipto (Mealhada)
HABITAT - eucaliptal a parasitar eucaliptos adultos.
CHAPÉU - amarelo alaranjado com algumas rachas. Convexo.
PÉ - Fribroso, com anel. Amarelo mais claro que o chapéu.
HIMÉNIO - lâminas adnexas, amarelo alaranjado mas mais claro que o chapéu.
3º - desconheço completamente (Mealhada)
HABITAT - prado em pousio, em local onde em tempos pastaram cavalos.
CHAPÉU - Cinzento esverdeado, convexo.
PÉ - Carne fibrosa, branco.
HIMÉNIO - lâminas livres, brancas acastanhadas/cremes.
CHEIRO E SABOR - cheiro agradável.
Impressão de poros - castanho
4º - parece-me o cantharellus tubaeformis (Mealhada)
HABITAT - Florestas, independentemente do tipo.
CHAPÉU - afunilado com orifício no centro castanho claro até escuro.
PÉ - geralmente comprido, desproporcional, castanho claro até escuro.
HIMÉNIO - composto por pregas.
CHEIRO E SABOR - cheiro muito agradável.
5º - parece-me o Pleurotus ostreatus ou o eryngii?... (Penacova)
HABITAT - acacial junto a Penacova com solo muito rico em folhada. o cogumelo nascia na folhada.
CHAPÉU - cinzento claro nas extremidade e mais escuro no centro.
PÉ - pé lateral ou descentrado, branco.
HIMÉNIO - lâminas decorrentes, brancas
CHEIRO E SABOR - cheiro muito agradável.
Aguardo os vossos sábios contributos
Ricardo Torres
Trago-vos uma série de espécies que me suscitam dúvidas. Algumas delas já abordadas neste fórum, outras, porém, ainda não colocadas.
1º - será um Lactarius deliciosus (Mealhada)
HABITAT - pinhal.
CHAPÉU - laranja com manchas que não permitem identificar anéis perfeitos. com o toque fica esverdeado. Afunilado.
PÉ - Carne granulosa, laranja com manchas laranja escuro.
HIMÉNIO - lâminas decorrentes também laranja.
CHEIRO E SABOR - cheiro agradável.
2º - desconheço completamente, mas muito frequente em troncos de eucalipto (Mealhada)
HABITAT - eucaliptal a parasitar eucaliptos adultos.
CHAPÉU - amarelo alaranjado com algumas rachas. Convexo.
PÉ - Fribroso, com anel. Amarelo mais claro que o chapéu.
HIMÉNIO - lâminas adnexas, amarelo alaranjado mas mais claro que o chapéu.
3º - desconheço completamente (Mealhada)
HABITAT - prado em pousio, em local onde em tempos pastaram cavalos.
CHAPÉU - Cinzento esverdeado, convexo.
PÉ - Carne fibrosa, branco.
HIMÉNIO - lâminas livres, brancas acastanhadas/cremes.
CHEIRO E SABOR - cheiro agradável.
Impressão de poros - castanho
4º - parece-me o cantharellus tubaeformis (Mealhada)
HABITAT - Florestas, independentemente do tipo.
CHAPÉU - afunilado com orifício no centro castanho claro até escuro.
PÉ - geralmente comprido, desproporcional, castanho claro até escuro.
HIMÉNIO - composto por pregas.
CHEIRO E SABOR - cheiro muito agradável.
5º - parece-me o Pleurotus ostreatus ou o eryngii?... (Penacova)
HABITAT - acacial junto a Penacova com solo muito rico em folhada. o cogumelo nascia na folhada.
CHAPÉU - cinzento claro nas extremidade e mais escuro no centro.
PÉ - pé lateral ou descentrado, branco.
HIMÉNIO - lâminas decorrentes, brancas
CHEIRO E SABOR - cheiro muito agradável.
Aguardo os vossos sábios contributos
Ricardo Torres
Última edição por Mycota em Qui 16 Out 2008, 11:16, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : inclusão dos locais onde foram encontradas as espécies)
rtorres- micélio primário
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Re: A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
Caro Ricardo,
O primeiro parece-me ser um Lactarius, da secção Deliciosi (talvez L. deliciosus como sugeriste...) mas tens de ver a cor do leite, em dois tempos - no instante inicial, imediatamente após o corte, em que o latex é exsudado; e após alguns minutos de exposição ao ar, (se quiseres apressar esse processo presiona levemente as laminas onde o latex está a exsudar). podes consultar outros posts (relacionados com Lactarius) para obteres mais informação em relação à diferenciação das espécies desta secção.
O segundo tem toda a pinta de Gymnopilus junonius... atenção não consumir! não tem propriedades alucinogénicas e pelo que dizem é bastante amargo!
o terceiro parece um Entoloma, da secção Entoloma , talvez mesmo o E. sinuatum mas a esporada teria de ser rosada... será que deixas.te a esporada a fazer durante demasiado tempo???? (nao te sei dizer qual o tempo certo.... mas o melhor é ir espreitando...) o facto de teres dito que as laminas sao livres tb nao encaixa muito bem... mas por vezes apenas parecem livres...
DEPOIS do meu amigo e colega Mycota me ter chamado à atenção decidi editar este post e pedir mais informações! como por exemplo esse exemplar tinha uma volva na base do pé???? se sim entao deve de ser Volvariella que de facto condiz mais com a discrição dada do himénio livre.... uma muito comum no sul é V. gloiocephala que é bastante semelhante com a da foto e habita nos prados com muita matéria organica....
o quarto parece-me o C. tubaeformis como sugeriste, mas a elevada tendencia das pregas (himénio) para anastemoses levanta-me suspeitas...
o ultimo que sugeres ser do genero Pleurotus, poderá ser mas tb poderá não ser... existem alguns generos com essas caracteristicas que não são ectomicorrizicos (uma vez q a Acacia está discrita como não estbelecendo essa associação!)... de qualquer das formas nao será P. ostreatus... e o P. eryngii só conheço de culturas... tenta ver a cor da esporada....
Fica bem e continua na colheita
abraço.
*Ento*Loma*
O primeiro parece-me ser um Lactarius, da secção Deliciosi (talvez L. deliciosus como sugeriste...) mas tens de ver a cor do leite, em dois tempos - no instante inicial, imediatamente após o corte, em que o latex é exsudado; e após alguns minutos de exposição ao ar, (se quiseres apressar esse processo presiona levemente as laminas onde o latex está a exsudar). podes consultar outros posts (relacionados com Lactarius) para obteres mais informação em relação à diferenciação das espécies desta secção.
O segundo tem toda a pinta de Gymnopilus junonius... atenção não consumir! não tem propriedades alucinogénicas e pelo que dizem é bastante amargo!
o terceiro parece um Entoloma, da secção Entoloma , talvez mesmo o E. sinuatum mas a esporada teria de ser rosada... será que deixas.te a esporada a fazer durante demasiado tempo???? (nao te sei dizer qual o tempo certo.... mas o melhor é ir espreitando...) o facto de teres dito que as laminas sao livres tb nao encaixa muito bem... mas por vezes apenas parecem livres...
DEPOIS do meu amigo e colega Mycota me ter chamado à atenção decidi editar este post e pedir mais informações! como por exemplo esse exemplar tinha uma volva na base do pé???? se sim entao deve de ser Volvariella que de facto condiz mais com a discrição dada do himénio livre.... uma muito comum no sul é V. gloiocephala que é bastante semelhante com a da foto e habita nos prados com muita matéria organica....
o quarto parece-me o C. tubaeformis como sugeriste, mas a elevada tendencia das pregas (himénio) para anastemoses levanta-me suspeitas...
o ultimo que sugeres ser do genero Pleurotus, poderá ser mas tb poderá não ser... existem alguns generos com essas caracteristicas que não são ectomicorrizicos (uma vez q a Acacia está discrita como não estbelecendo essa associação!)... de qualquer das formas nao será P. ostreatus... e o P. eryngii só conheço de culturas... tenta ver a cor da esporada....
Fica bem e continua na colheita
abraço.
*Ento*Loma*
*ento*loma*- Admin
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Ois!
Caro Ricardo,
que boa apanha! Anda toda a gente a ver Lactarius deliciosus e eu sem ver nem um!!!!
O terceiro parece-me certamente a Volvariella gliocephala (ou desde grupo). Lâminas livres, volva no pé (que se vê na foto), a cor de esporos de tons rosa, o habitat... é uma espécies bastante comum e também já vi algumas destas nos últimos tempos.
Caro *Ento*Loma,
O Gymnopilus, pq não o G. spectabilis? Quais as diferenças entre as duas espécies?
Bjos
Miscara
que boa apanha! Anda toda a gente a ver Lactarius deliciosus e eu sem ver nem um!!!!
O terceiro parece-me certamente a Volvariella gliocephala (ou desde grupo). Lâminas livres, volva no pé (que se vê na foto), a cor de esporos de tons rosa, o habitat... é uma espécies bastante comum e também já vi algumas destas nos últimos tempos.
Caro *Ento*Loma,
O Gymnopilus, pq não o G. spectabilis? Quais as diferenças entre as duas espécies?
Bjos
Miscara
Rita Serra- esporo
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Re: A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
Olá Rita!!!
Na realidade são a mesma espécie, e os nomes são sinonimos!!! Eu guio.me pelo Ainsworth and Bisby's Dictionary of Fungi que está parcialmente disponivel, pelo menos a parte da correcta nomeação e sinonimias, online no site www.indexfungorum.org , mantido pelo Dr. Paul Kirk um dos editores da 9ª edição desse dicionário - e que o faz apenas no seu tempo livre!!!! outro micologo digno de LOUVOR!!!!!!!!!!!!!
abraço,
*Ento*Loma*
Na realidade são a mesma espécie, e os nomes são sinonimos!!! Eu guio.me pelo Ainsworth and Bisby's Dictionary of Fungi que está parcialmente disponivel, pelo menos a parte da correcta nomeação e sinonimias, online no site www.indexfungorum.org , mantido pelo Dr. Paul Kirk um dos editores da 9ª edição desse dicionário - e que o faz apenas no seu tempo livre!!!! outro micologo digno de LOUVOR!!!!!!!!!!!!!
abraço,
*Ento*Loma*
*ento*loma*- Admin
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2º
Caro ento*loma,
O 2º não poderá ser o Gymnopilus spectabilis, que segundo o Courtecuisse é o único do género com anel que se encontra na Europa?
Cheers
O 2º não poderá ser o Gymnopilus spectabilis, que segundo o Courtecuisse é o único do género com anel que se encontra na Europa?
Cheers
rtorres- micélio primário
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Re: A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
sim pode, se assim lhe quiseres chamar - G. spectabilis - por mim não há problema! desde que fique claro que são uma e a mesma espécie, de que falamos, apenas com nomes diferentes!
mas eu explico.me... algures no tempo, mais precisamente no ano de 1821, o Dr. Elias Magnus Fries ilustre "Pai" da macromicologia classificou esta espécie como Agaricus junonius. Entretanto o Professor Smith, no ano de 1949, fez uma colheita que no seu entender seria uma nova espécie e nomeou.a de Gymnopilus spectabilis.
Mas para surpresa de muitos no ano de 1960 o Dr. Orton fez uma comparação das duas colheitas destes dois grandes micologos e chegou à conclusão que se tratava duma e só espécie! e como em nomenclatura tudo tem a ver com o tempo, o Dr. Orton colocou segundo os conceitos modernos a espécie no género adquado (Gymnopilus) e manteve o epiteto específico (mais antigo) dado por Fries (junonius).
Assim temos que nome actual segundo Ainsworth and Bisby's Dictionary of Fungi 9th Edition é Gymnopilus junonius (Fr.) P.D. Orton
...no entanto como disse o essencial é sabermos que estes dois nomes são sinonimos e estamos a falar da mesma espécie!
Quanto às generalizações do Dr. Courtecuisse eu teria cuidado... pois a evolução como a palavra indica não pára... e além disso duvido que o Dr. Courtecuisse tenha analisado todas as colheitas possiveis e imaginarias, e de todos os locais existentes...
P.S. A história desta espécie está apenas resumida nestas linhas...
Abraço.
*Ento*Loma*
mas eu explico.me... algures no tempo, mais precisamente no ano de 1821, o Dr. Elias Magnus Fries ilustre "Pai" da macromicologia classificou esta espécie como Agaricus junonius. Entretanto o Professor Smith, no ano de 1949, fez uma colheita que no seu entender seria uma nova espécie e nomeou.a de Gymnopilus spectabilis.
Mas para surpresa de muitos no ano de 1960 o Dr. Orton fez uma comparação das duas colheitas destes dois grandes micologos e chegou à conclusão que se tratava duma e só espécie! e como em nomenclatura tudo tem a ver com o tempo, o Dr. Orton colocou segundo os conceitos modernos a espécie no género adquado (Gymnopilus) e manteve o epiteto específico (mais antigo) dado por Fries (junonius).
Assim temos que nome actual segundo Ainsworth and Bisby's Dictionary of Fungi 9th Edition é Gymnopilus junonius (Fr.) P.D. Orton
...no entanto como disse o essencial é sabermos que estes dois nomes são sinonimos e estamos a falar da mesma espécie!
Quanto às generalizações do Dr. Courtecuisse eu teria cuidado... pois a evolução como a palavra indica não pára... e além disso duvido que o Dr. Courtecuisse tenha analisado todas as colheitas possiveis e imaginarias, e de todos os locais existentes...
P.S. A história desta espécie está apenas resumida nestas linhas...
Abraço.
*Ento*Loma*
*ento*loma*- Admin
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Data de inscrição : 19/12/2007
Pleurotus ou não?
Viva,
Aqui fica a esporada daquele que penso ser o Pleurotus eryngii. Os esporos são brancos/cremes e o pé não é lateral, mas sim bastante excêntrico. Muito sinceramente não verifiquei a presença de umbeliferas no local.
Cheers
Ricardo
Aqui fica a esporada daquele que penso ser o Pleurotus eryngii. Os esporos são brancos/cremes e o pé não é lateral, mas sim bastante excêntrico. Muito sinceramente não verifiquei a presença de umbeliferas no local.
Cheers
Ricardo
rtorres- micélio primário
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Re: A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
(mensagem movida)
Última edição por Mycota em Sáb 04 Out 2008, 22:28, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : tópico errado)
Re: A chuva cai os cogumelos crescem e as dúvidas surgem!
Boas !
Em relação ao Gymnopilus, poderão ser outra coisa diferente de spectabilis. Os sulcos radiais e o seu pequeno tamanho poderão indicar ser Gymnopilus sapineus. Sinceramente não sei se o nosso país faz parte do roteiro deste fungo. Convém investigar ...
maia
Em relação ao Gymnopilus, poderão ser outra coisa diferente de spectabilis. Os sulcos radiais e o seu pequeno tamanho poderão indicar ser Gymnopilus sapineus. Sinceramente não sei se o nosso país faz parte do roteiro deste fungo. Convém investigar ...
maia
maia- Basidiocarpo
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Data de inscrição : 04/12/2007
Alguns comentários
Relativamente a este conjunto de fotografias e aos comentários tecidos, gostaria de fazer algumas considerações...
A última espécie apresentada não me parece nada um Pleurotus. Não vejo nenhum pé lateral - quando muito um pouco descentrado - e a forma em funil faz pensar mais em Clitocybe sensu lato (Clitocybe, Lepista ou afins).
Quanto à história apresentada de forma muito divertida pelo *ento*loma*, infelizmente apresenta uma incorrecção. Gymnopilus spectabilis não foi uma criação do professor Smith, mas sim de Magnus Elias Fries 'himself'. Segundo a monografia do género Gymnopilus de Marcel Bon e de Pierre Roux ("Le genre Gymnopilus P. Karst. en Europe" - Fungi non Delineati, Pars XVII, Edizioni Candusso, 2002), a notação correcta desta espécie é:
Gymnopilus spectabilis (Fr.:Fr.) Smith
ou seja, foi descrita inicialmente por Fries e validada por ele próprio numa das suas obras-chave. Creio que a participação do professor Smith se limitou à colocação desta espécie no género Gymnopilus.
Portanto, Fries descreveu 2 espécies diferentes: a já referenciada G. spectabilis e também G. junonius (Fr.:Fr.) Orton. Disto não há qualquer dúvida.
Segundo Bon e Roux, é de manter as duas designações, que se referem a duas espécies diferentes, segundo a própria interpretação de Fries: 'spectabilis' para os exemplares que crescem em tufos, de volume mais imponente; 'junonius' para os exemplares +/- isolados e relativamente menos robustos. Existem também aspectos microscópicos que, segundo os autores, justificam a separação das duas espécies, nomeadamente o tamanho dos esporos.
Dizem os autores: "Dans la plupart des flores modernes, l'épithète spectabilis concerne une 'grosse espèce cespiteuse', ce qui autorise la conservation contre junonius (...)".
Evidentemente, estamos a falar de uma interpretação e nós sabemos que 1) cada autor tem a sua forma de ver as coisas e de interpretar os caracteres e 2) a escola francesa, por norma, é fértil na criação de espécies e variedades - ocasionalmente redundantes -, por oposição às escolas do norte da Europa, habitualmente mais conservadoras. Mas, até estudos genéticos que confirmem ou não esta interpretação, não é errado seguir a interpretação destes dois autores (até porque Marcel Bon é, simplesmente, um dos maiores micólogos contemporâneos).
Se, eventualmente, se chegar à conclusão que estas duas espécies são, afinal, uma só de caracteres extremamente plásticos, então o nome correcto seria, como refere o *ento*loma*, Gymnopilus junonius e o epíteto spectabilis poderia ser usado como variedade (ou seja, Gymnopilus junonius var. spectabilis), como admitem os autores: "Si l'un des deux taxons devait être traité au niveau de variété, ne pas oublier que c'est junonius, épithète antérieure, qui doit conserver le niveau d'espèce principale").
Segundo os mesmos autores, existem na Europa 6 espécies de Gymnopilus com anel persistente (contradizendo, assim, Courtecuisse): para além dos já referidos G. junonius e G. spectabilis, ainda G. hispidellus Murr., G. luteifolius (Peck.) Sing., G. peliolepis (Speg.)Sing. e G. suberis (Mre.) Sing.
Relativamente à possibilidade G. sapineus, não me parece. Esta é uma espécie bastante grácil e, pelo menos de acordo com a literatura, frutifica apenas em madeira em decomposição de coníferas. E, claro, não tem um anel persistente, ao contrário do que se verifica na fotografia.
A última espécie apresentada não me parece nada um Pleurotus. Não vejo nenhum pé lateral - quando muito um pouco descentrado - e a forma em funil faz pensar mais em Clitocybe sensu lato (Clitocybe, Lepista ou afins).
Quanto à história apresentada de forma muito divertida pelo *ento*loma*, infelizmente apresenta uma incorrecção. Gymnopilus spectabilis não foi uma criação do professor Smith, mas sim de Magnus Elias Fries 'himself'. Segundo a monografia do género Gymnopilus de Marcel Bon e de Pierre Roux ("Le genre Gymnopilus P. Karst. en Europe" - Fungi non Delineati, Pars XVII, Edizioni Candusso, 2002), a notação correcta desta espécie é:
Gymnopilus spectabilis (Fr.:Fr.) Smith
ou seja, foi descrita inicialmente por Fries e validada por ele próprio numa das suas obras-chave. Creio que a participação do professor Smith se limitou à colocação desta espécie no género Gymnopilus.
Portanto, Fries descreveu 2 espécies diferentes: a já referenciada G. spectabilis e também G. junonius (Fr.:Fr.) Orton. Disto não há qualquer dúvida.
Segundo Bon e Roux, é de manter as duas designações, que se referem a duas espécies diferentes, segundo a própria interpretação de Fries: 'spectabilis' para os exemplares que crescem em tufos, de volume mais imponente; 'junonius' para os exemplares +/- isolados e relativamente menos robustos. Existem também aspectos microscópicos que, segundo os autores, justificam a separação das duas espécies, nomeadamente o tamanho dos esporos.
Dizem os autores: "Dans la plupart des flores modernes, l'épithète spectabilis concerne une 'grosse espèce cespiteuse', ce qui autorise la conservation contre junonius (...)".
Evidentemente, estamos a falar de uma interpretação e nós sabemos que 1) cada autor tem a sua forma de ver as coisas e de interpretar os caracteres e 2) a escola francesa, por norma, é fértil na criação de espécies e variedades - ocasionalmente redundantes -, por oposição às escolas do norte da Europa, habitualmente mais conservadoras. Mas, até estudos genéticos que confirmem ou não esta interpretação, não é errado seguir a interpretação destes dois autores (até porque Marcel Bon é, simplesmente, um dos maiores micólogos contemporâneos).
Se, eventualmente, se chegar à conclusão que estas duas espécies são, afinal, uma só de caracteres extremamente plásticos, então o nome correcto seria, como refere o *ento*loma*, Gymnopilus junonius e o epíteto spectabilis poderia ser usado como variedade (ou seja, Gymnopilus junonius var. spectabilis), como admitem os autores: "Si l'un des deux taxons devait être traité au niveau de variété, ne pas oublier que c'est junonius, épithète antérieure, qui doit conserver le niveau d'espèce principale").
Segundo os mesmos autores, existem na Europa 6 espécies de Gymnopilus com anel persistente (contradizendo, assim, Courtecuisse): para além dos já referidos G. junonius e G. spectabilis, ainda G. hispidellus Murr., G. luteifolius (Peck.) Sing., G. peliolepis (Speg.)Sing. e G. suberis (Mre.) Sing.
Relativamente à possibilidade G. sapineus, não me parece. Esta é uma espécie bastante grácil e, pelo menos de acordo com a literatura, frutifica apenas em madeira em decomposição de coníferas. E, claro, não tem um anel persistente, ao contrário do que se verifica na fotografia.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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