Cogumelos de Portugal
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 18:44

Pedro e Polecat,

O que se segue, tem origem no Tópico "Grandes Fotógrafos", onde vocês os dois trocaram uma série de impressões e dicas curiosas sobre fotografia de cogumelos.

Li, reli e hoje fui ao Pinhal de Ovar experimentar. Pena que os modelitos tavam um pouco passados e secos. Mas assim mesmo deu para sentir a diferença. Não é tanto a "beleza" das fotos que me interessa agora, mas mais a diferença "técnica" do que estava habituado a fazer até agora e o que fiz hoje.

Já que estou aqui na posição de V. "humilde discípulo", peço-vos que conforme puderem, comentem os meus resultados e tentem perceber onde falhei e posso melhorar. É claro que também inventei imenso...

Em princípio, vou postar uma introdução e 3 cogumelos.

Afinal não é só na "Identificação", que aprendo com vocês.

Obrigado aos dois!

Manel


Última edição por manel em Dom 23 Nov 2008, 21:01, editado 2 vez(es)
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Introdução

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 19:16

Programar o obturador manualmente
Nunca o tinha feito. Daniel, Fotógrafo, amigão e sócio dos Maus Hábitos, disse-me para experimentar com 50. Eu nem sei o que é essa medida. Também não sei se configurei a máquina correctamente. Só sei que comparando o resultado da mesma foto tirada no modo pré-seleccionado que costumava usar e no manual com 50, este agora permitiu-me que pormenores do fundo próximo aos cogumelos ficassem muito mais bem definidos, parece ter mais luz e o fundo distante incomparavelmente mais definido também, o que dantes era só um borrão.

Equipamento
1 pincel
1 trincha
Folha de alumínio de cozinha
Canivete
Máquina fotográfica
Tripé pequeno
Uma base feita por mim para por a máquina ao nível do solo, na posicação normal ou de perfil.
- Daquele material isolante azul claro de alta densidade, onde "cavei" 2 buracos para a máquina com um estilete, como quem cava abóboras de halloween. Tosco, mas funcionou bem. Vejam:

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Base_p10

Desculpem, mas já tinha experimentado o saco de feijões e irritei-me. O saco ficava na lente e em portrait era de sustentação complicada. Com esta base, e mais umas cunhas do mesmo material, consigo escorar a máquina em qualquer chão, portrait ou landscape e dar-lhe mais ou menos de ângulo. Se quiser, a lente pode ficar a meio centímetro do solo.

Tudo na mochila, posso ir dormir, que domingo de manhã quero acordar cedinho...
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty 1º - Família - Cortinarius "mucosus"

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 20:05

Preparação
O muco no pé é só nos filhotes. Porém não há quem tire os grãos de areia, caruma e pauzinhos do pé e chapéu, no tempo seco e nos exemplares maduros. É como cola epoxi seca. Depois vou à identificação tratar deste à parte...
Fora isso, tira-se caruma da frente, com o pincel dá-se um jeito aos modelos, câmara na base azul e vamos a isto!

Primeira foto
Sol de trás, de manhã cedo, luz a estourar, sombras estranhas, problemas de configuração da máquina. Ainda com o programa pré-definido. mas já a usar os 2 segundos de retardador de disparo. Esta é de génio. Dá tempo para a máquina estabilizar e sairmos da frente por causa das sombras. Sempre com macro. Horrível!
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Cortin10

Segunda foto
Já com o obturador a 50... Mudei de ângulo, virei a máquina para norte. Mas havia partes do himénio e pé muito escuras. Usei folha de alumínio do lado esquerdo. Melhorou acho. Não gosto nada daquela sombra no canto inferior esquerdo. Mas tá mais suave...
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Cortin12

Terceira foto
Vamos tentar ao alto. Com folha de alumínio à esquerda e os mesmo parâmetros da anterior. Funcionou bem. Fiquei satisfeito com a melhoria da definição de detalhe. Mas acho estas imagens um pouco "agressivas" em termos de luz e sombras...
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Cortin13

Conclusão
Na primeira, deu para sentir a diferença. Em dois aspectos: Enquadramentos mais definidos - próximo e árvores ao fundo e nuances de iluminação, parece que se treinar mais um pouco, isto pode ser algo controlável...
Tenho muito chão para andar.


Última edição por manel em Dom 23 Nov 2008, 22:50, editado 1 vez(es)
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Mignons nos Líquenes

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 20:33

Preparação
É daquelas situações que o cenário tava montado. A luz era perfeita. Câmara na base e vamos embora. Os parâmetros são os mesmos da última foto dos Cortinarius.

Primeira foto
Câmara na base em landscape. Fiquei satisfeito à primeira. Só que no Pinhal, no ecran da máquina fico sempre com dúvidas. Acho que afinal prefiro não ter sol directo nos cogumelos. Será que na anterior eu poderia ter improvisado um filtro?
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Mignon10

Segunda foto
Mais do mesmo em prortrait e detalhe de umas lâminas. Para mim tá certo.
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Mignon11

Terceira foto
Vamos tirar a máquina da base para fazer uns detalhes! Eu não sei se por tirar a câmara do solo, ou se o sol subiu mais meio grau entre os pinheiros, mas a luz mudou logo. Aliás tenho outras imagens em que se nota isso perfeitamente. Acho que por vezes basta espera uns minutos e as condições naturais de iluminação mudam completamente. Não recorri ao alumínio em nenhuma destas aqui.
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Mignon12

Gostava de encontrar o Sarcadon...
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Sarcadon Squamosus

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 20:59

Preparação
É uma situação estranha. Mais uma vez luz directa e um buraco à frente do modelo...
Limpa-se a caruma, máquina na base e em cima da mochila para nivelar. Recorre-se ao alumínio, mesmo em frente da câmara para tentar que as agulhas não fiquem tão sombrias. Parecem resultar, apesar de haver sempre uma nuance de sombra, o que não acho mal.

Primeira foto
Continuo a preferir a imagens que se conseguem sem luz directa, mas não está mal, pois não?
Se calhar temos himénio a mais e chapéu a menos...
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sarcad10

Segunda foto
Ponho o cantil por cima da mochila, espero que o sol ilumine um pouco mais e pronto. É o melhor que para já consigo fazer.
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Sarcadon Set
Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sarcad12

E é tudo.

Até breve!

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty ...

Mensagem  Nuno Dom 23 Nov 2008, 22:03

Não é para parecer que te estou a "bajular", mas achei a ideia fantástica!!

A ideia do que penso ser um difusor de luz (?) está muito boa, acaba por ter um efeito contrastante com o fundo.

Vou tentar fazer um parecido, já estive cá a magicar para com os meus botões Wink

Os mais sinceros parabéns

Nuno

Um abraço
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  PEDRA Dom 23 Nov 2008, 23:36

Parabens pelo tópico Manel.

Penso que são estas iniciativas que nos fazem evoluir a todos.
Não sou propriamente expert na matéria (aliás não entendo mesmo nada da matéria), mas será que trocando o papel de alumínio por um material de cor branca, uniforme, e sem brilho melhora a fotografia? Lembro-me que sempre que vejo sessões de fotografia (mesmo em gravações de filmes) os tipos usam uns difussores de luz natural do tipo que eu estou a falar.

Não sei, é uma ideia !!!!

Boa Caça

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Alumínio e papel têm funções diferentes, acho...

Mensagem  manel Dom 23 Nov 2008, 23:57

Obrigado Pedra.

Agora já sabes o que fui fazer a Ovar.

Olha, como está no início do tópico, esta dica do alumínio vem de um tópico anterior. Penso que aqui temos mesmo que usar um material reflector, pois a ideia é iluminar pontos escuros debaixo do cogumelo.

Mas vamos aguardar por uma explicação de quem sabe mais que nós.

Até breve!

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Polecat Seg 24 Nov 2008, 00:33

manel escreveu:Já que estou aqui na posição de V. "humilde discípulo", peço-vos que conforme puderem, comentem os meus resultados e tentem perceber onde falhei e posso melhorar. É claro que também inventei imenso...
Percebo tanto de fotografia como de física quântica Razz a sério manel, não estou no mesmo "andaime" que o Pedro, sei mesmo só o básico. Tendo isso em conta, vou opinar sobre este teu tópico.


manel escreveu:Nunca o tinha feito. Daniel, Fotógrafo, amigão e sócio dos Maus Hábitos, disse-me para experimentar com 50.Eu nem sei o que é essa medida.
Eu também não tenho a certeza que medida será, mas penso que seja a velocidade que obturador/shutter leva a abrir e fechar, definindo o tempo o tempo de exposição à luz, se assim for, o tempo que utilizaste foi de 1/50 segundos, o que me parece uma velocidade apropriada para um dia luminoso. Mas convém lembrar que como referiste, basta uma árvore ou uma nuvem destapar o Sol, que de um momento para o outro o tempo de exposição que tinhas definido pode tornar-se desadequado. Eu pessoalmente para cada foto que faço em modo manual, fico entre 10 segundos a 2 minutos a ajustar estas velocidades.


Quanto à base de esferovite, gostei da engenhoca e do potêncial Wink Ainda não experimentei o "saco de feijões", mas uma vantagem que parece teré o espaço que ocupa na mala e talvez mais prático em cantos mais recônditos, a base parece ter a vantagem de não se molhar tanto. Mas atenção, fala a voz da não experiência Wink


Já os difusores de papel de alumínio acredito que possam ajudar nalgumas situações específicas nestes dias luminosos, mas parece-me que sejam mais aplicáveis em em ocasiões onde haja falta de luz. Mas decerto que o Pedro tem uma opinião muito mais elaborada sobre o assunto.


Em relação às fotos:

Nos Sarcodon não posso dizer mal porque as fotos estão bonitas e com bastante definição (especialmente a segunda), mas eu pessoalmente prefiro fotografar superfícies onde a luz incida homogeneamente, isto porque se reparares na primeira foto, numa mesma fotografia consegues ter luz a mais e luz a menos no que pretendes registar.

Nos Cortinarius cf. purpureus última foto esá muito boa em termos de cores e definição, dá para ver bem o efeito do destapar do Sol de repente. O que queria dizer em cima com a história de ajustar as velocidades do obturador "in situ" era que nesses instantes anteriores à última foto (quando o Sol estava tapado), era tabém possível tirares uma foto semelhante à última, desde que a velocidade do obturador fosse diminuida (de 1/50s para 1/15s por exemplo) aumentando o tempo de exposição.

Os Cortinarius cf. muscosus ficaram bastante coloridos nas duas últimas fotos, na primeira "entrou" demasiada luz, o que podias corrigir se aumentasses a velocidade do obturador (de 1/50s para 1/125 por exemplo) diminuindo o tempo de exposição.


Mas vamos esperar pelo mestre da fotografia e que Ele me corrija se tiver dito algum disparate por favor Wink



Obrigado por teres trazido à baila a questão mais "mecânica" da fotografia de cogumelos, sei que quanto à parte mais "micológica" da fotografia, está um documento importante mesmo para sair Wink


Grande Abraço
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Obrigado Polecat

Mensagem  manel Seg 24 Nov 2008, 03:44

Tu pelo menos já subiste para o andaime e vês qq coisa ao fundo. Eu ainda ando no meio do entulho...

Então o obturador deve ser gerido em função da quantidade de luz disponível em cada momento? Ok já é alguma coisa.

O material da base não é esferovite. É mais denso. Muito leve e nunca se molha porque é usado como isolante. Tem um palmo de comprimento.

Eu também prefiro luz homogénea, sem dúvida.

Obrigado Polecat!

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Seg 24 Nov 2008, 10:17

Bem, à falta de tempo para um tópico mais estruturado e elaborado, deixo aqui algumas ideias gerais e comentários mais ou menos avulso...

- Difusores vs. Reflectores. Trata-se de duas coisas distintas com utilizações distintas. Os Reflectores são acessórios com superfícies reflectoras (pois claro!) que são usados para 'encaminhar' a luz existente para locais específicos. Como referiu o Manel, são bons para direccionar um pouco da luz do sol para zonas que estão à sombra (por exemplo, para iluminar o himenófero - lâminas, poros). Os Difusores são acessórios que normalmente são aplicados a fontes de luz artificiais (flashes portáteis ou de estúdio) e cujo objectivo é suavizar essa mesma luz, evitando a projecção de sombras muito marcadas (em fotografia chamam-se 'duras') que são, por norma, muito inestéticas. Portanto, para aquilo que o Manel está a tentar fazer, os Reflectores são mais apropriados do que os Difusores - embora seja possível difundir a luz do sol.

-Relativamente a '50', o Daniel está a referir-se, como muito bem indica o Polecat, à velocidade de obturação - ou seja, ao tempo que o obturador da câmara está 'aberto', ou ainda, se preferirem, durante quanto tempo passa luz para o sensor.

A fotografia é, essencialmente, LUZ. Quando se carrega no botão de disparo, o que acontece é que se abre uma 'cortina' (obturador) durante um determinado período de tempo, que permite que a luz chegue ao sensor da câmara (ou ao filme, no caso das câmaras de rolo) e se forme, então a imagem. A fotografia, basicamente, regula-se por dois valores: a velocidade de obturação (que já referi atrás) e a abertura. Simplisticamente, a abertura refere-se ao diâmetro a que abre ou fecha uma outra 'cortina' (íris) que existe na objectiva e que regula a quantidade de luz que passa. O obturador (na câmara) só tem duas posições (normalmente fechado, ou totalmente aberto quando se carrega no botão de disparo) enquanto que a íris (na objectiva) pode assumir vários diâmetros, permitindo a passagem de mais ou menos luz de cada vez que se abre o obturador.

A velocidade de obturação mede-se em segundos ou fracções de segundo (50 refere-se a 1/50 de segundo, 200 a 1/200 de segundo, mas 1' refere-se exactamente a 1 segundo e 0'3'' a 3 décimos de segundo) e a abertura tem uma notação própria de valores (normalmente precedidos por f/ ou 1: - por exemplo, f/4 ou 1:4) que, creio, não vale a pena estar aqui a explicar. O que é necessário saber é que quanto menor for o número da abertura, maior a abertura, ou seja, mais aberta está a íris e mais luz entra para o sensor.

A abertura e a velocidade de obturação estão intimamente ligadas, uma vez que alterando uma delas, a outra vai ser automaticamente alterada.

É importante saber também que uma abertura grande (valores pequenos de f/) significa que 'a quantidade de distâncias' focadas é menor - ou seja, na fotografia, a distância entre o plano mais próximo perfeitamente focado e o plano mais distante perfeitamente focado é tanto menor quanto menor o número f/. Para aquilo que nos interessa - ou seja, a fotografia de cogumelos -, por norma é usado um valor de f/ relativamente grande, para permitir que todo o cogumelo fique focado.

O problema da utilização de aberturas pequenas (números f/ grandes) é que, como chega menos luz ao sensor, o obturador tem que estar aberto durante mais tempo - ou seja, tem que ser usada uma velocidade de obturação mais lenta. Esta velocidade de obturação mais lenta significa que se a câmara se mexer enquanto o obturador está aberto, a fotografia vai ficar tremida. Como normalmente - nem sempre, mas quase sempre - fotografamos cogumelos em locais escuros, a utilização de um suporte ou de um acessório que permita a estabilização da câmara é essencial.

Algumas dicas, então, para 'melhores fotografias' de cogumelos...

1 - Usar tripé. Esta é a melhor forma de estabilizar a câmara. Quem tem câmaras compactas (daquelas pequeninas), basta ter um pequeno tripé de mesa, articulado, que é suficiente para suster o peso da câmara. Quem, como eu, tem todo um sistema SLR com vários quilos, tem que usar um tripé robusto, com uma cabeça robusta. Podem ser usados sistemas alternativos, como os tais sacos de feijões ou a base de esferovite do Manel. Um tripé é 99% das vezes mais versátil e mais fiável, mas o importante é a câmara estar quietinha na altura do disparo!

2 - Regular a abertura. Muitas câmaras compactas hoje em dia já têm modos de fotografia que permitem regular a abertura. A maior parte das vezes, usa-se um dos modos automáticos (ou 'Program' - P) que deixam ao critério da câmara (ou seja, de um pequeno chip de silício) todas as decisões. Como o nosso cérebro é muito mais criativo e muito mais inteligente que um chip de silício (apesar de poder ser menos eficiente em determinados aspectos), o ideal é sermos nós a dizer à câmara aquilo que queremos. Para começar, podemos usar o modo de 'Prioridade à abertura' (normalmente notado 'Av') e regular uma abertura que nos permite manter mais da fotografia focado (por exemplo, f/8 ). A câmara irá calcular automaticamente a velocidade de obturação, por isso é menos uma coisa com que preocupar. Experimentem em casa fazer fotografias iguais mas variando apenas a abertura: coloquem na abertura máxima que a câmara permita (ou seja, com o número f/ mais baixo), depois vão avançando até ao número f/ mais alto que a câmara permite e vejam as resultados no vosso computador. Nada como experimentar.

3 - A luz directa é má. As fotografias tiradas ao sol, resultam normalmente com grandes contrastes (as tais sombras 'duras' inestéticas) e isso deve ser algo a evitar. Como? Simples: usem o vosso corpo para colocar o cogumelo à sombra (ou peçam a alguém para fazer sombra) ou então um guarda chuva ou a mochila para fazer sombra ao sujeito que pretendem fotografar. Tentem fotografar com luz directa e depois com sombra e vejam em qual das situações a luz é mais agradável.

4 - Usem outras fontes de luz. É virtualmente impossível a luz ambiente iluminar um cogumelo da forma que nós queremos - ou porque o himenófero ou o pé ficam demasiado escuros, ou porque gostaríamos que a luz incidisse mais sobre determinada parte do cogumelo... Para além da utilização de reflectores para direccionar um pouco da luz ambiente para os locais que pretendemos, podemos usar outras fontes de luz para iluminar o que nos interessa. A primeira e mais óbvia é um flash. No entanto, a luz do flash resulta extremamente dura e produz sombras demasiado fortes e inestéticas... Para contornar este problema temos várias soluções, embora numa compacta a maior parte delas sejam impossíveis porque apenas se aplicam a flashes externos, daqueles que se montam nas sapatas das câmaras, como por exemplo usar um cabo para colocar o flash fora da câmara e direccionar a luz para um sítio específico ou rebater o flash numa superfície reflectora. Com uma compacta a única hipótese de usar o flash em nosso proveito é usar um difusor em frente ao flash (o pessoal das bricolages tem que usar os seus conhecimentos e capacidade de desenrascanço), de forma a que a luz possa ser suavizada. Mas há outras soluções: usar lanternas de vários tamanhos e potências para iluminar as partes da fotografia que mais interessam, por exemplo...

O que é importante reter é: 1 - estabilizar a câmara! e 2 - ser criativo na forma como se ilumina a cena a fotografar. A melhor solução, por norma, passa por usar luz natural E luz artificial, mas podem ser obtidas excelentes fotos apenas com luz natural. Boas fotos podem ser conseguidas com virtualmente qualquer câmara de boa qualidade (e incluo aqui a grande maioria das compactas), desde que se conheça bem o material (passa por ler o manual de instruções!), se conheçam alguns princípios básicos de fotografia e, sobretudo, se experimente muito e se procure aperfeiçoar a técnica. Com algumas artimanhas e algum DIY (Do It Yourself) é possível, sem gastos ou com gastos mínimos, arranjar boas soluções tanto para estabilizar a câmara como para iluminar de forma mais harmoniosa o que se pretende fotografar. Claro que um bom tripé é quase imprescindível para quem usa uma SLR e a versatilidade e potencialidade de um flash externo são difíceis de superar, mas não é o material que faz o fotógrafo!


Última edição por Pedro Claro em Ter 25 Nov 2008, 11:16, editado 1 vez(es)

Pedro Claro
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Nuno Seg 24 Nov 2008, 17:51

Uma dúvida manel... Usas uma máquina tipo semi-autumática, daquelas com a lente comprida (não sei se será a melhor explicação) não é?

um abraço
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Polecat Seg 24 Nov 2008, 19:02

Grande explicação Pedro!

Por mim agradeço e de certeza que irei reler este tópico muitas vezes e experimentar mais combinações entre as duas variáveis Wink

Pelo fórum só posso dizer que se estão a construir ferramentas importantes para acto aparentemente simples mas complexo que é o registo fotográfico.


Abraço
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Obrigado Pedro,

Mensagem  manel Ter 25 Nov 2008, 17:31

Pedro,

Já procurei muita coisa na net sobre fotografia de cogumelos. Acho que neste momento e para amadores, temos aqui dois tópicos excelentes e que se complementam. O teu post está tudo, menos mal estruturado.

Assim que puder vou reler e ensaiar a parte da velocidade da obturação a a abertura. É isso que quero começar a controlar e deixar de depender de modelos pré-programados.

Quanto à estabilização da câmara. A base daquele material isolante, para a minha câmara compacta, funciona melhor que o tripé que tenho, na maioria das situações. Isto porque fica mais abaixo do solo e também porque este meu tripé não é grande coisa. Só experimentando mesmo. Além disso permite tirar fotos ao alto/portrait. Com o meu tripé não consigo. Haverá outros com que isso é possível?

Ainda em relação aos difusores, Se usar um guarda chuva de criança, de uma cor clara, será que se consegue suavizar a luz directa do sol, sem criar aquela barreira de sombra total de um objecto como o próprio corpo ou a mochila?

Grande lição!

Manel
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Ter 25 Nov 2008, 23:17

manel escreveu:
Quanto à estabilização da câmara. A base daquele material isolante, para a minha câmara compacta, funciona melhor que o tripé que tenho, na maioria das situações. Isto porque fica mais abaixo do solo e também porque este meu tripé não é grande coisa. Só experimentando mesmo. Além disso permite tirar fotos ao alto/portrait. Com o meu tripé não consigo. Haverá outros com que isso é possível?

Sim, há. Qualquer tripé de maiores dimensões (e alguns compactos, também) permite colocar a câmara na orientação de retrato.

Ainda em relação aos difusores, Se usar um guarda chuva de criança, de uma cor clara, será que se consegue suavizar a luz directa do sol, sem criar aquela barreira de sombra total de um objecto como o próprio corpo ou a mochila?

Boa ideia! Nunca experimentei mas é bem provável que resulte. Como já pareces ter alguma coisa a 'fermentar', que tal experimentares e depois colocares aqui umas fotografias de teste? Wink

Eu ainda vou ver se consigo colocar aqui umas fotos exemplificativas amanhã...

Pedro Claro
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Obrigado de novo Pedro!

Mensagem  manel Qua 26 Nov 2008, 00:31

Bem o meu tripé deve ter vindo num brinde mesmo. Apareceu lá no escritório, nem sei de que era. Tenho que ver se arranjo um melhorzinho...

Quanto isso do "fermentar" Pedro, eu já estou é a explodir de vontade de continuar a experimentar! e no que respeita ao postar, pois não duvides.

Abraço!

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Se calhar vocês preferem esta

Mensagem  manel Qua 26 Nov 2008, 00:42

É engraçado...

Às vezes gosto das imagens sombrias. Acho que reflectem mais um ambiente onde encontramos estes seres.

Mas depois dos comentários do Polecat, lembrei-me de postar esta imagem. Inicialmente preferia a outra mais sombria...
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Até breve!

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Qua 26 Nov 2008, 09:53

Manuel:

Eu acho que esta fotografia está bastante bem, tanto ao nível do 'arranjo' dos exemplares (permitindo ver as características mais importantes), como ao nível da nitidez e iluminação. Agora é uma questão de ires experimentando mais algumas técnicas e formas de iluminação até encontrares a 'tua assinatura'. Laughing

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Qua 26 Nov 2008, 11:25

Alguns exemplos...

#1 - Um exemplar fotografado com luz do sol directa:

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sp1

Para além de ser, obviamente, uma má fotografia, pode-se verificar que a luz directa do sol cria zonas de grande contraste (partes iluminadas vs. partes à sombra) o que origina uma fotografia 'dura', 'agressiva' e desagradável no geral.

#2 - Agora dois exemplares da mesma espécie fotografados uns metros ao lado, à sombra...

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sp2

É evidente a melhoria na qualidade da imagem, que apresenta uma iluminação mais uniforme e equilibrada, embora falte alguma 'vivacidade'... As cores estão algo esbatidas e pouco contrastadas.

#3 - Agora a mesma fotografia mas com um 'toque' de flash (montado fora da câmara, a 45º, com um difusor)

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sp3

Agora a imagem parece ter um pouco mais de vida...

#4 - E um exemplo de como se pode tirar uma foto a vários exemplares para mostrar todas as características importantes

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Sp4

Agora um outro exemplo mais 'dramático'...

#1 - Exemplares à sombra, sem qualquer outra fonte de luz

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo A1

#2 - E exactamente a mesma composição, mas com 'enchimento' com flash (com difusor)

Ensaio fotográfico - Aprender fazendo A2

A diferença, neste caso, é mais que evidente... Wink

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty E um encontro micológo informal para nos mostrares isto?

Mensagem  manel Qua 26 Nov 2008, 15:14

Pedro,

Dá para perceber estas nuances. Mas como usas o difusor? o que é? Se um dia vieres ao norte, ou noutra oportunidade, pudermos fazer um ensaio sobre estas técnicas mais artísticas, aí à volta de uns cogumelos, seria muito interessante.

Abraço

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Qui 27 Nov 2008, 15:24

manel escreveu:Pedro,

Dá para perceber estas nuances. Mas como usas o difusor? o que é? Se um dia vieres ao norte, ou noutra oportunidade, pudermos fazer um ensaio sobre estas técnicas mais artísticas, aí à volta de uns cogumelos, seria muito interessante.

Abraço

Manel

Quando puder coloco umas fotos do difusor. Quanto ao ensaio fotográfico, creio que durante o mês de Dezembro seremos capazes de conseguir combinar alguma coisa... Wink

Abraço

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Aprender fazendo, nem mais!

Mensagem  efe Sex 28 Nov 2008, 22:38

Ui…isto dá pano para mangas.

1º acho muito engenhosa a ideia da base de esferovite, sobretudo porque é material excelente para transportar (não pesa como o mini tripé p. ex – nem se enterra nas irregularidades ou morfologias do terreno).

2º É justamente na resolução dos problemas de iluminação que está o busílis da questão “fazer boas fotos”; nesse particular permitam-me a correcção: o papel de alumínio (outra opção excelente, não é um difusor mas sim um reflector); um difusor é o outro recurso que falta nalgumas daquelas fotos. Sugiro, para isso, uma folha de papel vegetal (assumindo que o fotógrafo tenha um assistente, ou oito braços, tanto faz). Com o reflector de alumínio vamos iluminar as sombras, atenuando-as e garantindo uma foto menos dura, mais uniformemente iluminada, mais suave e em que o objectivo ganha recorte em relação à paisagem circundante. Quanto ao difusor (papel vegetal - que atenua a dureza da iluminação directa) serve para evitar imagens duras, brancos explodidos, permitindo assim, registar pormenores que de outra forma ficam misturados na amálgama de luz.

3º Pode-se recorrer ao controle de velocidade de obturação como forma de reduzir a luz, sendo certo porém que esse papel cabe ao comando de diafragma (o dispositivo que controla a quantidade de luz), mas que nalgumas máquinas mais compactas não existe (refiro-me ao comando, pois o diafragma está sempre lá). Este dispositivo não controla apenas a quantidade de luz mas, consequentemente, a profundidade de campo, isto é, a distância que corresponde a todos os objectos focados, desde o focado mais próximo ao focado mais distante. Campo da arte, mas também da técnica: poder desfocar o fundo permite “isolar” o tema, destacando-o do fundo, conferindo “profundidade” e eliminando o factor perturbante dos muitos elementos focados “cacofonia visual”.

4º Chamo a tenção para o recurso ao macro, parece-me os planos que o Manel escolheu para as fotos dos Cortinarius “mucosos” não exigiam o recurso ao macro (não sei exactamente de que dimensões estamos a falar, notem que eu mal conheço estes seres druídicos). E porque é que a opção “macro” não será a melhor? Porque no modo macro os diafragmas ficam completamente abertos e com isso fica reduzida a profundidade de campo. Dou outro exemplo: A 2ª foto da série Mignons nos Líquenes teria ganho com a inclusão dos mignons deitados na prof. de campo, ainda que os líquenes ficassem desfocados, ou seja, puxava-se a profundidade de campo mais para perto da máquina (atenção, que estou a opinar de um ponto de vista mais técnico, na medida em que, presumo, o Manel pretendia mostrar os mignons, simultaneamente, de dois pontos de vista distintos). Porém, também é verdade que reduzir o diafragma, nem sempre resolve este problema. A profundidade de campo também reduz com a aproximação da máquina ao objecto alvo, e a foto referida atesta também esta situação. Então, teremos que buscar uma solução de compromisso, entre o que pretendemos mostrar e as opções técnicas.

4º Ainda sobre a escolha da velocidade de obturação, uma vez que estamos a tratar de alvos imóveis e a máquina está apoiada, 1/50 de segundo (o referido 50), é uma boa opção mas ainda se pode baixar esse valor, se necessário, desde que nessas mesmas condições – o fungo não foge e a máquina está apoiada. Caso se trate de um fungo atleta ou a máquina não esteja apoiada não é aceitável obturar abaixo de 1/60 ou 1/50.

5º Se as vossas máquinas permitirem controlar os valores de diafragma, pois devem saber que quanto mais baixo o valor (p. ex. 5.6 ou 2.8 – diafragma aberto), menor é a profundidade de campo, ou seja, menos elementos focados no enfiamento perpendicular à lente (prá frente) e quanto mais fechada (16, 22) maior é a profundidade de campo (mais elementos focados/nítidos). Atenção, que ao usar o diafragma todo fechado podem-se verificar alterações na cor, normalmente desvios para os azuis ou verdes.

6º As fotos do Sarcadon Squamosus estão muito “duras” devido à incidência dos raios de luz, aqui é que fazia falta o difusor (um rolo ou uma folha A3 de papel vegetal p. ex.), e se no lado esquerdo se posicionasse um reflector (alumínio ou simples papel branco opaco), suavizando a sombra, aí estava uma foto magnífica.

7º A mudança das condições de luz num mesmo local e até, num mesmo plano, é um facto mas não tão notório como o que as máquinas por vezes nos apresentam. Normalmente, as variações de luz verificadas em casos destes derivam do sistema de medição de luz das máquinas – que nalguns casos pode ser seleccionado – pois medir pontualmente é diferente de medir ponderadamente p. ex. Este é um dos casos que remeto para a técnica do “tenta e verifica”, afinal de contas o tempo de espera pelo resultado do laboratório já passou.

Temo ter sido algo confuso. No entanto, não desesperem, a verdade está no título do tópico: Aprender Fazendo, ainda é a melhor forma.

Termino para dizer que, não obstante as considerações que fiz, de carácter mais técnico, gosto bastante da terceira Cortinarius e da segunda dos mignons.

Saúde e…boas fotos.
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Barbaridade...

Mensagem  efe Sex 28 Nov 2008, 22:45

Hehehehe...só agora descobri que o tópico se estende por mais páginas. Só tinha visto a primeira, e na segunda o Pedro diz tudo e mais e melhor do que eu. Ignorem o meu comentário anterior s.f.f. e peço desculpa, é que não estou habituado a desdobramentos dos tópicos por páginas (nos das motas, por mais extensos que sejam ficam sempre na única página)

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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty MUUUUITO bom!

Mensagem  Nuno Sex 28 Nov 2008, 22:47

Excelente comentário, Francisco!!

Os meus parabéns Wink

Um abraço
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Ensaio fotográfico - Aprender fazendo Empty Re: Ensaio fotográfico - Aprender fazendo

Mensagem  Pedro Claro Sáb 29 Nov 2008, 00:25

F. Castelo escreveu:Hehehehe...só agora descobri que o tópico se estende por mais páginas. Só tinha visto a primeira, e na segunda o Pedro diz tudo e mais e melhor do que eu. Ignorem o meu comentário anterior s.f.f. e peço desculpa, é que não estou habituado a desdobramentos dos tópicos por páginas (nos das motas, por mais extensos que sejam ficam sempre na única página)

Saúde

Barbaridade? Nada disso, Francisco! Foi uma excelente contribuição. Nada como ter um especialista na matéria a dar umas dicas e a explicar como as coisas funcionam. Cool

Um único raparo pode ser feito: acho que é seguro dizer que a grande maioria dos utilizadores deste fórum não são também fotógrafos (amadores ou profissionais) e grande parte das explicações que deste serão, talvez, complicadas para quem não tem uma ideia de 'abertura', 'velocidade de obturação' ou o que quer que seja... Mesmo assim, creio que o teu post complementa muito bem aquele que eu tinha feito antes (onde tentei explicar o básico sem a linguagem técnica da fotografia) e irá ajudar aqueles que pretendem ir mais longe no domínio das técnicas fotográficas.

Só queria acrescentar, relativamente ao '50', que no meu caso é rara a vez que tiro uma fotografia a um cogumelo e o tempo de obturação não seja superior a 3 ou 4 décimas de segundo. Ainda há uns fins de semana atrás lembro-me de ter tirado uma fotografia com 5' (5 segundos) de duração e nos meus tempos de filme era muito comum duplicar ou triplicar essa duração... Claro que usar aberturas pequenas (normalmente entre f/11 e f/16) para fotografar cogumelos mal iluminados 'obrigam' a estes tempos de obturação... Wink

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