Cogumelos de Fevereiro - Parte 1

Quase a terminar o mês de Fevereiro, está na hora de colocar aqui no fórum algumas das minhas descobertas das últimas semanas.

Este primeiro post resulta de uma pequena saída no dia 1 a uma zona do ribeiro de S. Pedro, a meio caminho entre a Marinha Grande e São Pedro de Muel (mais ou menos na zona onde decorreu o primeiro dia do encontro de Janeiro do fórum). Apesar de ter levado a máquina fotográfica comigo, acabei por não tirar qualquer fotografia no local e preferi recolher vários espécimens para posterior análise e identificação no laboratório (ou seja, em casa), aproveitando para os registar visualmente nessa altura.

Não foi minha intenção, mas esta saída acabou por ser temática, uma vez que apenas recolhi espécies lenhícolas de pequeno porte e de cor esbranquiçada...

Esta primeira espécie já havia sido observada por mim há algum tempo mas na altura, pelo tamanho reduzido e pela relativa falta de caracteres de relevo, acabou por ser relegada para segundo plano sem que tenha chegado a uma identificação. Mas desta vez estava decidido a chegar a um nome...

Esta espécie ocorre em resíduos lenhosos (ramos, sobretudo) e chega a ser extremamente abundante, sendo frequente ver várias dezenas de exemplares num único ramo. Tem uma silhueta 'crepidotoide' - ou seja, sem pé e em forma de leque ou de rim -, chapéu até 3cm. de diâmetro, cutícula branca; lâminas tom de carne, depois acastanhadas, cerradas. Esporada castanha.

Eis uma panorâmica geral dos exemplares recolhidos, alguns deles ainda anexados ao respectivo substrato.



E uma imagem mais detalhada de alguns dos exemplares.



Embora não esteja visível nas fotografias, uma característica típica desta espécie é a margem ondulada e lobulada que os exemplares adquirem quando plenamente desenvolvidos.

Microscopicamente, é fácil observar os esporos pequenos e +/- cilíndricos desta espécie:

Esta é uma espécie não muito abundante na minha zona, mas que se vai observando aqui e ali em diversos tipos de resíduos lenhosos, tanto de folhosas como de resinosas.

A sua principal característica é a presença de lâminas com a aresta fendida longitudinalmente.

Finalmente, uma última espécie relativamente abundante, por vezes em grandes grupos, que ocorre sobretudo nos caules de plantas mortas. Alguns dos exemplares que recolhi desenvolviam-se nos caules de silvas secas, mas também encontrei noutros tipos de resíduos vegetais.

Não foi possível obter uma esporada, possivelmente porque os exemplares já estavam algo secos. No entanto, pelas características que observo (tamanho diminuto, lâminas muito espaçadas e com venações entre elas), creio que se trata de uma espécie de Marasmiellus. No entanto, tenho muitas dúvidas relativamente à espécie, uma vez que as descrições que li e as fotografias que observei não se ajustam convenientemente aos exemplares que recolhi.



Uma característica que observei nestes exemplares e que não encontrei referenciada em nenhuma da bibliografia de que disponho é a 'base' presente nos pés de alguns exemplares, como se de um cálice se tratasse. Talvez essa particularidade morfológica seja mais notória nos exemplares mais acima e mais abaixo da seguinte fotografia:



Alguma ideia que me possa ajudar a identificar estes 'pequenos'?

Olá Pedro, não tenho ideia como poderá identificar o seu provável Marasmiellus sp.

Queria apenas evidenciar o meu pasmo neste seu post , magnífico detalhe na identificação destas espécies, agradecido pela partilha!

Xciter escreveu:Olá Pedro, não tenho ideia como poderá identificar o seu provável Marasmiellus sp.

Queria apenas evidenciar o meu pasmo neste seu post , magnífico detalhe na identificação destas espécies, agradecido pela partilha!

Apoiado. A qualidade das fotos está excelente. Parabéns Pedro!
Já agora, desculpa "violar" este teu magnífico tópico, mas quando vi o exemplar de Schizophyllum commune, lembrei-me de algo de há uns tempos (já do ano passado, na altura, entretido com outras espécies, não dei importãncia).
Sei que não é por uma foto que se identifica, mas o que achas, estaremos (possivelmente) a falar do mesmo? Possivelmente, na minha opinião...



Um abraço,
Nuno

Obrigado a ambos.

Nuno: o mais importante para identificar Schizophyllum commune é a parte do himenófero, que não se vê na tua foto. No entanto, a superfície do chapéu tomentosa (coberta de pequenos pelos), a margem ondulada e o hábito lenhícola fazem, de facto, lembrar esta espécie.

Pedro Claro escreveu:Obrigado a ambos.

Nuno: o mais importante para identificar Schizophyllum commune é a parte do himenófero, que não se vê na tua foto. No entanto, a superfície do chapéu tomentosa (coberta de pequenos pelos), a margem ondulada e o hábito lenhícola fazem, de facto, lembrar esta espécie.

Obrigado Pedro .
Ainda hoje vou ao sítio onde a vi, e aproveito para ver se ela ainda lá está!

Um abraço,
Nuno