Craterellus cornucopioides?
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Craterellus cornucopioides?
Amigos,
Será que encontrei cornetas ou trompretas dos mortos?
Isto tem um sentido especial para mim, porque é o cogumelo da primeira página do meu primeiro guia de campo. Eu sempre quis encontrá-lo. Mas achei que iam ser mais volumosos, mais visíveis. Acho que os encontrei, porque estava à procura de violetas e prímulas silvestres numa levada sombria onde corria muita água, mesmo debaixo das raízes de um carvalho em Terras do Bouro. Estavam em colónia e trouxe os três maiores para identificação com as margens lobuladas. Será que a época para estes ainda está a começar aqui no norte? É que havia tantos tão pequeninos e nenhuns maduros com as margens rasgadas...
Ou então não se trata de Craterellus cornucopioides...
São cones perfeitos, o maior tem 9 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro. Preto acetinado por dentro e cinza pulverulento por fora. A margem é lobulada.
O cheiro era inexpessivo, mas este frio inibe qualquer aroma. Quanto ao sabor, primeiro também parecia sem carácter, mas depois de mais experimentado e trincando revelou um sabor agradável a terra e uma boa textura. Apetecia-me até comê-lo todo. Cuspi-o claro.
No final da caminhada, mostrei-o a dois anciãos, curiosos com o meu cesto, com plantas e cogumelos e mostrei-lhes um destes exemplares. Responderam que viam muito destes debaixo de carvalhos.
Já agora, faz-se esporada deste tipo de cogumelos. Se sim como?
(Peço desculpa pela menor qualidade das imagens, a máquina não é a que costumo usar)
Será que encontrei cornetas ou trompretas dos mortos?
Isto tem um sentido especial para mim, porque é o cogumelo da primeira página do meu primeiro guia de campo. Eu sempre quis encontrá-lo. Mas achei que iam ser mais volumosos, mais visíveis. Acho que os encontrei, porque estava à procura de violetas e prímulas silvestres numa levada sombria onde corria muita água, mesmo debaixo das raízes de um carvalho em Terras do Bouro. Estavam em colónia e trouxe os três maiores para identificação com as margens lobuladas. Será que a época para estes ainda está a começar aqui no norte? É que havia tantos tão pequeninos e nenhuns maduros com as margens rasgadas...
Ou então não se trata de Craterellus cornucopioides...
São cones perfeitos, o maior tem 9 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro. Preto acetinado por dentro e cinza pulverulento por fora. A margem é lobulada.
O cheiro era inexpessivo, mas este frio inibe qualquer aroma. Quanto ao sabor, primeiro também parecia sem carácter, mas depois de mais experimentado e trincando revelou um sabor agradável a terra e uma boa textura. Apetecia-me até comê-lo todo. Cuspi-o claro.
No final da caminhada, mostrei-o a dois anciãos, curiosos com o meu cesto, com plantas e cogumelos e mostrei-lhes um destes exemplares. Responderam que viam muito destes debaixo de carvalhos.
Já agora, faz-se esporada deste tipo de cogumelos. Se sim como?
(Peço desculpa pela menor qualidade das imagens, a máquina não é a que costumo usar)
Acertaste
Sim, não ficam dúvidas sobre tratar-se de Craterellus cornucopioides. O facto de crescer associado a carvalhos (a espécie é ectomicorrízica) ajuda a acreditar que sim, mas a morfologia é mais que suficiente para não deixar dúvidas.
Parabéns pelo achado, e gosto especialmente da última foto, com o corte longitudinal habilmente realizado, a cor cinzento claro do himenóforo bem retratada, e os dois pequeninos que se vêem à direita.
O guia de campo deverá dizer as dimensões em termos de limites mínimo e máximo, ou então se diz até xx cm, deve-se ter em conta que exemplares jovens podem ser bem mais pequenos. Mesma conta para a margem, a tendência é para ser muito direita antes de fender.
O cheiro pode variar com o estado de desenvolvimento, claro. Mas quando há, não é o frio que o impede de manifestar-se/sentir-se.
Parabéns pelo achado, e gosto especialmente da última foto, com o corte longitudinal habilmente realizado, a cor cinzento claro do himenóforo bem retratada, e os dois pequeninos que se vêem à direita.
O guia de campo deverá dizer as dimensões em termos de limites mínimo e máximo, ou então se diz até xx cm, deve-se ter em conta que exemplares jovens podem ser bem mais pequenos. Mesma conta para a margem, a tendência é para ser muito direita antes de fender.
O cheiro pode variar com o estado de desenvolvimento, claro. Mas quando há, não é o frio que o impede de manifestar-se/sentir-se.
Craterellus cornucopioides
Belo achado manel!
Se não me engano é o primeiro registo desta espécie aqui no fórum.
Dizem que é raro, mas também li algures que mais que raro, é muito difícil de distinguir nas florestas, verdadeiramente camuflado
Às vezes pode ser confundido com Cantharellus cinereus ou Faerberia carbonaria. Este último cresce em locais ardidos e a primeira tem uma divisão mais assumida entre o pé e chapéu (não tanto em forma de "trompete") e um himénio mais evidentemente enrugado.
Abraços e boas recolhas
Se não me engano é o primeiro registo desta espécie aqui no fórum.
Dizem que é raro, mas também li algures que mais que raro, é muito difícil de distinguir nas florestas, verdadeiramente camuflado
Às vezes pode ser confundido com Cantharellus cinereus ou Faerberia carbonaria. Este último cresce em locais ardidos e a primeira tem uma divisão mais assumida entre o pé e chapéu (não tanto em forma de "trompete") e um himénio mais evidentemente enrugado.
Abraços e boas recolhas
Polecat- Carpóforo
- Número de Mensagens : 439
Fungónimo : stametóide
Reputação : 5
Data de inscrição : 05/12/2007
Re: Craterellus cornucopioides?
manel escreveu:Já agora, faz-se esporada deste tipo de cogumelos. Se sim como?
Manel,
Não pude deixar de reparar nesta pergunta. Encontrei uns com esta forma afunilada, dos quais posteriormente irei postar a identificação aqui no fórum. Mas o problema é a esporada. Tentei deitá-los, de forma a libertar os esporos, pelo menos, de um dos lados, mas saíu algo muito ténue...!
Alguém possui mais sugestões?
Um abraço
Nuno
Esporada e como encontrá-los
Amigos,
Peço-vos desculpa vir para aqui contar histórias da carochinha dos meus passeios. Vibro tanto com isto que não consigo expressar-me de uma forma fria e objectiva.
Lamento mesmo não ter levado a câmara que costumo fotografar cogumelos. Estava com uma destas digitais baratas e vi-me grego para tirar macros.
A resposta dos anciãos para mim foi reveladora e acho que daqui para a frente, nas levadas do Minho e caminhos carreteiros destes húmidos com socalcos, entre a vegetação, onde plantam os carvalhos na berma do socalco e as vinhas sobem por eles acima por vezes, vou começar a procurar e quem sabe, encontrá-los. Tentem os que forem desta região.
Neste caso entre os cogumelos e eu havia uma levada a correr água com um caudal que vocês não podem imaginar. Noutras, os carvalhos estão entre 2 a 4 metros acima e é procurá-los mesmo debaixo da vegetação. São muros verticais sombrios e húmidos de terra preta, fofa, que nesta altura tem prímulas e violetas silvestres, jarros, fetos, pelargónios silvestres e um sem número de ervas que não sei identificar. Mas a deixa dos anciãos, a aproveitar o último sol de Inverno, sentados no Cruzeiro de Germil bate certo: "Disso? há muito debaixo dos carvalhos". Ou seja, não são assim tão raros. Debaixo dos carvalhos cujas raízes aguentam as leiras ou estes campos por onde passam levadas ou caminhos carreteiros por baixo. Agora que estão camufladíssimos, estão. Isto foi uma sorte. Repito, estava à procura de violetas silvestres.
Fica aqui o carvalho debaixo do qual eu apanhei estes exemplares. Devia ter apontado a câmara ainda mais para a base da árvore. Mas asseguro-vos que as trombetas, estavam pelo menos 1,5 metros abaixo da base da árvore, aprumado com o tronco entendem?
Nuno, deixei simplesmente os exemplerares sobre o pirex e resultou uma esporada fraca branca, suja.
Até breve!
Manel
PS - Venade ou Carlos Alberto, dois minhotos, já devem ter encontrado destes...
Peço-vos desculpa vir para aqui contar histórias da carochinha dos meus passeios. Vibro tanto com isto que não consigo expressar-me de uma forma fria e objectiva.
Lamento mesmo não ter levado a câmara que costumo fotografar cogumelos. Estava com uma destas digitais baratas e vi-me grego para tirar macros.
A resposta dos anciãos para mim foi reveladora e acho que daqui para a frente, nas levadas do Minho e caminhos carreteiros destes húmidos com socalcos, entre a vegetação, onde plantam os carvalhos na berma do socalco e as vinhas sobem por eles acima por vezes, vou começar a procurar e quem sabe, encontrá-los. Tentem os que forem desta região.
Neste caso entre os cogumelos e eu havia uma levada a correr água com um caudal que vocês não podem imaginar. Noutras, os carvalhos estão entre 2 a 4 metros acima e é procurá-los mesmo debaixo da vegetação. São muros verticais sombrios e húmidos de terra preta, fofa, que nesta altura tem prímulas e violetas silvestres, jarros, fetos, pelargónios silvestres e um sem número de ervas que não sei identificar. Mas a deixa dos anciãos, a aproveitar o último sol de Inverno, sentados no Cruzeiro de Germil bate certo: "Disso? há muito debaixo dos carvalhos". Ou seja, não são assim tão raros. Debaixo dos carvalhos cujas raízes aguentam as leiras ou estes campos por onde passam levadas ou caminhos carreteiros por baixo. Agora que estão camufladíssimos, estão. Isto foi uma sorte. Repito, estava à procura de violetas silvestres.
Fica aqui o carvalho debaixo do qual eu apanhei estes exemplares. Devia ter apontado a câmara ainda mais para a base da árvore. Mas asseguro-vos que as trombetas, estavam pelo menos 1,5 metros abaixo da base da árvore, aprumado com o tronco entendem?
Nuno, deixei simplesmente os exemplerares sobre o pirex e resultou uma esporada fraca branca, suja.
Até breve!
Manel
PS - Venade ou Carlos Alberto, dois minhotos, já devem ter encontrado destes...
Re: Craterellus cornucopioides?
Nuno escreveu:
Mas o problema é a esporada. Tentei deitá-los, de forma a libertar os esporos, pelo menos, de um dos lados, mas saíu algo muito ténue...!
Alguém possui mais sugestões?
Não há mais sugestões. Este tipo de cogumelos produz os esporos na superfície externa do esporóforo e, assim sendo, para obter a esporada, essa é a única forma. O facto de ser uma esporada ténue pode dever-se a um estado pouco maduro, tempo insuficiente ou ser um exemplar seco - para não falar do facto de a quantidade de esporos produzidos variar de espécie para espécie, sendo umas muito mais profícuas que outras.
Pedro Claro- Basidiocarpo
- Número de Mensagens : 1398
Idade : 50
Reputação : 10
Data de inscrição : 10/12/2007
Obter ou não esporadas
Quando a esporada é um carácter diagnosticante (lembro-me recentemente dum caso neste foro de Pluteus), por exemplo para chegar ao género, ou para diferenciar subgrupos de Russula, é vital obtê-la. Mas cogumelos que se dão a conhecer logo pela morfologia que têm, caso do Craterellus cornucopioides, é uma tarefa de pouco interesse.
No entanto, há uma vantagem adicional das esporadas: obter massas de esporos homogéneas, para observar ao microscópio. Raspando o himénio é menos "limpo", não só porque vêm outros materiais mas vêm muitos esporos imaturos, o que pode confundir as medições, por exemplo, ou as reacções químicas. Lembro-me de ter deixado uma vez, debaixo dum Ganoderma lucidum ainda no campo, uma folha de árvore debaixo dos tubos, para colectar. Já não me lembro se foi de um dia para o outro ou mais tempo, mas resultou em ver uma esporada castanha, aliás de pouca relevância para a identificação, como também dispunha de suficientes esporos para admirar a morfologia invulgar que eles têm, neste género.
No entanto, há uma vantagem adicional das esporadas: obter massas de esporos homogéneas, para observar ao microscópio. Raspando o himénio é menos "limpo", não só porque vêm outros materiais mas vêm muitos esporos imaturos, o que pode confundir as medições, por exemplo, ou as reacções químicas. Lembro-me de ter deixado uma vez, debaixo dum Ganoderma lucidum ainda no campo, uma folha de árvore debaixo dos tubos, para colectar. Já não me lembro se foi de um dia para o outro ou mais tempo, mas resultou em ver uma esporada castanha, aliás de pouca relevância para a identificação, como também dispunha de suficientes esporos para admirar a morfologia invulgar que eles têm, neste género.
A esporada foi fraca porém...
Tenho dois cogumelos sequinhos e duros!
E no guia da Everest dizem que secos e moídos são uma especiaria excelente. O cheiro intensificou-se. Sou gajo para os moer e ver no que dá...
Agora que debaixo dos carvalhos vou andar à coca, apesar de aparentemente a temporada deles estar no fim...
Até breve!
Manel
E no guia da Everest dizem que secos e moídos são uma especiaria excelente. O cheiro intensificou-se. Sou gajo para os moer e ver no que dá...
Agora que debaixo dos carvalhos vou andar à coca, apesar de aparentemente a temporada deles estar no fim...
Até breve!
Manel
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