Cogumelo de Cabo Verde
2 participantes
Página 1 de 1
Cogumelo de Cabo Verde
Olá amigos
No último dia de 2008, e a gozar umas curtas férias em Cabo Verde deparei-me, no meio daquela aridez, com este cogumelo para mim até aí desconhecido.
Já em Portugal, com indicação do Pedro Claro, cheguei rapidamente ao género Battarrea.
Descrição:
Ilha de Santo Antão (Cabo Verde):
HABITAT – crescia no chão, debaixo de acácias (não sei exactamente a espécie). Solo de origem vulcânica, árido.
CHAPÉU - 7cm de diâmetro, constituído por uma massa de esporos suportada por uma membrana fibrosa e dura, esbranquiçada, que se forma a partir do pé (perídio?).
PÉ - 28cm; castanho; cilíndrico e completamente fibroso/lenhoso; a textura fazia lembrar uma cana velha. Envolto numa volva membranosa, espessa e dura (papirácea), hipógea.
HIMENÓFORO - ao contrário do habitual para os cogumelos com a forma “clássica” (pé-chapéu), o himenóforo encontra-se na parte superior do píleo.
ESPORADA – castanha (canela), como se pode ver nas fotos.
CHEIRO E SABOR - na altura pareceu-me cheirar a cogumelos secos mas depois de ver mais informações sobre este género não me parece mal um ligeiro aroma a peixe seco – bacalhau, por, exemplo. Não tenho dados do sabor.
Como o encontrei
Volva hipógea
O pé parece cortiça
Volva desenterrada
Membrana que se forma do pé e sustem os esporos
Volva com membrana "tripla"
Corte no himenóforo
Após pesquisa sobretudo na net, pois a minha bibliografia pouco fala deste género, descobri que é um género envolto em alguma polémica.
“O gênero Battarrea é constituído por apenas duas espécies, B. phalloides e B. stevenii (Kreisel 2001).
As principais características distintivas são: dimensão dos basidiomas, maiores em B. stevenii, e consistência da volva, gelatinosa em B. phalloides (Maublanc &Malençon 1930; Watling et al. 1995; Moreno et al. 1995; Calonge 1996; 1998; Jacobson et al. 1999; Calonge & Palacios 2000). Por outro lado, alguns autores consideram-nas uma só espécie, devido à presença de similaridades microestruturais, tais como ornamentação dos esporos e elatérios (Rea 1942; Martin & Johannesson 2000; Jeffries & McLain 2004).
Segundo Jeffries & McLain (2004), as características diferenciais entre as espécies podem ser influenciadas pelas condições climáticas. Kreisel (2001) publicou uma extensa lista de Gasteromycetes na qual concorda com as divergências morfológicas entre estas duas espécies que, embora pequenas, dão suporte suficiente para que
sejam tratadas com distinção.”
(Fonte: Acta bot. bras. 21(3): 623-625. 2007
Por esta ordem de ideias, o(a) nosso(a) menino(a) seria um(a) B. stevenii
Outra corrente:
“Martín, María P. & Hanna Johannesson. Battarea phalloides and B. stevenii, insight into a long-standing taxonomic puzzle. Mycotaxon 76: 67-75. 2000.
Two species of Battarrea Pers., B. phalloides and B. stevenii, have been cited in Europe. According to some authors, B. phalloides has a gelatinous volva and smaller basidiomata than B. stevenii. However, other authors consider that these characters are not enough to separate the taxa at the species level, and consider B. stevenii a synonym of B. phalloides. The main purpose of this work was to try to resolve the boundaries between the two taxa, not only based on macroscopic and microscopic characters, but also through molecular techniques. Thirty-five basidiomata from different geographical areas (Austria, Burundi, France, Hungary, Italy, Mexico, Spain) were examined to define the macroscopic and microscopic characters. The collections were investigated with regard to basidioma size, presence or absence of gelatinous hyphae in the volva, spore size and spore ornamentation. No differences were observed in spore size. From 16 basidiomata, amplifications of the ITS regions, including 5.8S rDNA were obtained. No gelatinous hyphae were found in the volva of the B. phalloides basidiomata, and no other morphological characters support the separation of the two taxa. The sequence alignment of the specimens has no unambiguous parts and the sequence dissimilarities within B. phalloides specimens are higher than between B. stevenii and B. phalloides, suggesting that both taxa belong to the same species.”
(Fonte: http://www.mycotaxon.com/vol/abstracts/76/76.67.html)
Outras referências encontradas:
http://www.fpl.fs.fed.us/documnts/pdf1998/nieve98a.pdf
http://www.utas.edu.au/docs/plant_science/tasfungi/PDF%20files/TasNats126_GATES_RATKOWSKY_new_fungal_records.pdf
Agradecem-se mais dados ou correcções
No último dia de 2008, e a gozar umas curtas férias em Cabo Verde deparei-me, no meio daquela aridez, com este cogumelo para mim até aí desconhecido.
Já em Portugal, com indicação do Pedro Claro, cheguei rapidamente ao género Battarrea.
Descrição:
Ilha de Santo Antão (Cabo Verde):
HABITAT – crescia no chão, debaixo de acácias (não sei exactamente a espécie). Solo de origem vulcânica, árido.
CHAPÉU - 7cm de diâmetro, constituído por uma massa de esporos suportada por uma membrana fibrosa e dura, esbranquiçada, que se forma a partir do pé (perídio?).
PÉ - 28cm; castanho; cilíndrico e completamente fibroso/lenhoso; a textura fazia lembrar uma cana velha. Envolto numa volva membranosa, espessa e dura (papirácea), hipógea.
HIMENÓFORO - ao contrário do habitual para os cogumelos com a forma “clássica” (pé-chapéu), o himenóforo encontra-se na parte superior do píleo.
ESPORADA – castanha (canela), como se pode ver nas fotos.
CHEIRO E SABOR - na altura pareceu-me cheirar a cogumelos secos mas depois de ver mais informações sobre este género não me parece mal um ligeiro aroma a peixe seco – bacalhau, por, exemplo. Não tenho dados do sabor.
Como o encontrei
Volva hipógea
O pé parece cortiça
Volva desenterrada
Membrana que se forma do pé e sustem os esporos
Volva com membrana "tripla"
Corte no himenóforo
Após pesquisa sobretudo na net, pois a minha bibliografia pouco fala deste género, descobri que é um género envolto em alguma polémica.
“O gênero Battarrea é constituído por apenas duas espécies, B. phalloides e B. stevenii (Kreisel 2001).
As principais características distintivas são: dimensão dos basidiomas, maiores em B. stevenii, e consistência da volva, gelatinosa em B. phalloides (Maublanc &Malençon 1930; Watling et al. 1995; Moreno et al. 1995; Calonge 1996; 1998; Jacobson et al. 1999; Calonge & Palacios 2000). Por outro lado, alguns autores consideram-nas uma só espécie, devido à presença de similaridades microestruturais, tais como ornamentação dos esporos e elatérios (Rea 1942; Martin & Johannesson 2000; Jeffries & McLain 2004).
Segundo Jeffries & McLain (2004), as características diferenciais entre as espécies podem ser influenciadas pelas condições climáticas. Kreisel (2001) publicou uma extensa lista de Gasteromycetes na qual concorda com as divergências morfológicas entre estas duas espécies que, embora pequenas, dão suporte suficiente para que
sejam tratadas com distinção.”
(Fonte: Acta bot. bras. 21(3): 623-625. 2007
Por esta ordem de ideias, o(a) nosso(a) menino(a) seria um(a) B. stevenii
Outra corrente:
“Martín, María P. & Hanna Johannesson. Battarea phalloides and B. stevenii, insight into a long-standing taxonomic puzzle. Mycotaxon 76: 67-75. 2000.
Two species of Battarrea Pers., B. phalloides and B. stevenii, have been cited in Europe. According to some authors, B. phalloides has a gelatinous volva and smaller basidiomata than B. stevenii. However, other authors consider that these characters are not enough to separate the taxa at the species level, and consider B. stevenii a synonym of B. phalloides. The main purpose of this work was to try to resolve the boundaries between the two taxa, not only based on macroscopic and microscopic characters, but also through molecular techniques. Thirty-five basidiomata from different geographical areas (Austria, Burundi, France, Hungary, Italy, Mexico, Spain) were examined to define the macroscopic and microscopic characters. The collections were investigated with regard to basidioma size, presence or absence of gelatinous hyphae in the volva, spore size and spore ornamentation. No differences were observed in spore size. From 16 basidiomata, amplifications of the ITS regions, including 5.8S rDNA were obtained. No gelatinous hyphae were found in the volva of the B. phalloides basidiomata, and no other morphological characters support the separation of the two taxa. The sequence alignment of the specimens has no unambiguous parts and the sequence dissimilarities within B. phalloides specimens are higher than between B. stevenii and B. phalloides, suggesting that both taxa belong to the same species.”
(Fonte: http://www.mycotaxon.com/vol/abstracts/76/76.67.html)
Outras referências encontradas:
http://www.fpl.fs.fed.us/documnts/pdf1998/nieve98a.pdf
http://www.utas.edu.au/docs/plant_science/tasfungi/PDF%20files/TasNats126_GATES_RATKOWSKY_new_fungal_records.pdf
Agradecem-se mais dados ou correcções
Zamanita- Carpóforo
- Número de Mensagens : 746
Reputação : 6
Data de inscrição : 05/12/2007
Re: Cogumelo de Cabo Verde
Excelente descoberta e documentário.
Esta espécie ocorre em poucos locais na Europa e, pelo que sei, não há registos em Portugal. Talvez tenha condições propícias para ocorrer no Algarve e, eventualmente, no Baixo Alentejo...
Esta espécie ocorre em poucos locais na Europa e, pelo que sei, não há registos em Portugal. Talvez tenha condições propícias para ocorrer no Algarve e, eventualmente, no Baixo Alentejo...
Pedro Claro- Basidiocarpo
- Número de Mensagens : 1398
Idade : 50
Reputação : 10
Data de inscrição : 10/12/2007
Tópicos semelhantes
» Cogumelo Verde...
» Cogumelo verde ... ou será também azul?
» Cogumelo
» Damasco e Verde Limão - Parte II - Hypholoma capnoides
» Agaricus sp ?
» Cogumelo verde ... ou será também azul?
» Cogumelo
» Damasco e Verde Limão - Parte II - Hypholoma capnoides
» Agaricus sp ?
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|