Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
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Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Devido a diversos factores, acabei por acumular centenas de fotografias das minhas saídas micológicas ao longo dos últimos 2 meses que não tenho tido tempo para tratar e analisar. Conto, no entanto, começar a dar-lhes alguma atenção agora, por ordem cronológica inversa, de forma a que não fiquem perdidas nos arquivos sem, pelo menos, alguns comentários que possam corroborar, corrigir ou dar pistas em relação à identificação das espécies.
Este primeiro conjunto de fotografias reporta o que encontrei de mais interessante numa saída que efectuei no dia 4 de Dezembro a uma zona de pinhal dunar, a poucas centenas de metros do oceano Atlântico, integrada no Pinhal do Rei, no concelho da Marinha Grande. Este local em particular apresenta um substrato arbóreo composto por pinheiro bravo (Pinus pinaster), samouco (Myrica faya) e medronheiro (Arbutus unedo), podendo estas duas últimas espécies não ultrapassar o porte arbustivo. Verificou-se, igualmente, a existência abundante de arbustos (camarinhas - Corema album -, entre outros) e, em algumas zonas, musgo e líquenes.
Eis uma perspectiva geral do habitat que descrevo:
Não foi encontrada uma diversidade muito grande de espécies, embora calcule que tenha visto entre 30 a 40 espécies diferentes. Para além de uma boa diversidade de Russula não identificadas, ocorria Tricholoma equestre com relativa abundância e mais algumas espécies que a seguir ilustro.
- Um belíssimo conjunto de Amanita muscaria que, aparentemente, micorrizava com um grande medronheiro
- Cortinarius mucosus, uma das espécies mais abundantes
- Gymnopilus penetrans, muito comum entre detritos semi decompostos de pinheiro
- Cortinarius semisanguineus, identificável pelas lâminas vermelhas do exemplar mais jovem, aqui com um píleo com uma forma muito invulgar
Este primeiro conjunto de fotografias reporta o que encontrei de mais interessante numa saída que efectuei no dia 4 de Dezembro a uma zona de pinhal dunar, a poucas centenas de metros do oceano Atlântico, integrada no Pinhal do Rei, no concelho da Marinha Grande. Este local em particular apresenta um substrato arbóreo composto por pinheiro bravo (Pinus pinaster), samouco (Myrica faya) e medronheiro (Arbutus unedo), podendo estas duas últimas espécies não ultrapassar o porte arbustivo. Verificou-se, igualmente, a existência abundante de arbustos (camarinhas - Corema album -, entre outros) e, em algumas zonas, musgo e líquenes.
Eis uma perspectiva geral do habitat que descrevo:
Não foi encontrada uma diversidade muito grande de espécies, embora calcule que tenha visto entre 30 a 40 espécies diferentes. Para além de uma boa diversidade de Russula não identificadas, ocorria Tricholoma equestre com relativa abundância e mais algumas espécies que a seguir ilustro.
- Um belíssimo conjunto de Amanita muscaria que, aparentemente, micorrizava com um grande medronheiro
- Cortinarius mucosus, uma das espécies mais abundantes
- Gymnopilus penetrans, muito comum entre detritos semi decompostos de pinheiro
- Cortinarius semisanguineus, identificável pelas lâminas vermelhas do exemplar mais jovem, aqui com um píleo com uma forma muito invulgar
Última edição por Pedro Claro em Qui 24 Dez 2009, 18:37, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Alguns pequenos ajustes no texto e eliminação de uma frase descontextualizada)
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Pinhal do Rei
Olá Pedro
Quer apenas felicitar-te pelas excelentes fotos que aqui nos trouxeste!
Como sou natural destas bandas, conheço muito bem o habitat que acabaste de descrever bem como as espécies mais frequentes, se necessitares de ajuda estou ao dispôr..
Faço votos para que continues com este teu projecto!
Quer apenas felicitar-te pelas excelentes fotos que aqui nos trouxeste!
Como sou natural destas bandas, conheço muito bem o habitat que acabaste de descrever bem como as espécies mais frequentes, se necessitares de ajuda estou ao dispôr..
Faço votos para que continues com este teu projecto!
gromo- esporo
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Fungónimo : gromo
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Data de inscrição : 24/12/2009
Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Obrigado pelas palavras simpáticas, gromo.
Brevemente conto organizar uma pequena saída nesta zona, para juntar todo o pessoal desta região que se interessa pelos cogumelos. Poderemos então trocar experiências e conhecimentos, o que muito me agradaria.
Brevemente conto organizar uma pequena saída nesta zona, para juntar todo o pessoal desta região que se interessa pelos cogumelos. Poderemos então trocar experiências e conhecimentos, o que muito me agradaria.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Tricholoma caligatum
Continuo o tópico com algumas espécies interessantes e, eventualmente, pouco comuns - ou pelo menos pouco conhecidas.
A primeira de todas é um Tricholoma de muito fácil identificação pelo seguinte conjunto de características:
- presença de uma armila (estrutura em forma de meia que cobre a quase totalidade do estipe e termina num anel) de cor castanho-escura com uma ornamentação mais ou menos anelada;
- píleo ocre com ornamentação mais escura na zona discal;
- odor doce, muito intenso.
Tricholoma caligatum é uma espécie de distribuição mediterrânica/meridional e sobretudo litoral. No nosso país, tenho referências da sua presença nos pinhais em zonas arenosas da região centro (Mira e Marinha Grande). No pinhal do Rei é relativamente frequente nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro, mas pouco abundante, sendo encontrado em pequenos grupos de 4 ou 5 exemplares no máximo.
É uma espécie comestível mas de pouco valor: segundo informação em primeira mão transmitida pelo Zamanita, é muito medíocre e não vale o esforço.
A primeira de todas é um Tricholoma de muito fácil identificação pelo seguinte conjunto de características:
- presença de uma armila (estrutura em forma de meia que cobre a quase totalidade do estipe e termina num anel) de cor castanho-escura com uma ornamentação mais ou menos anelada;
- píleo ocre com ornamentação mais escura na zona discal;
- odor doce, muito intenso.
Tricholoma caligatum é uma espécie de distribuição mediterrânica/meridional e sobretudo litoral. No nosso país, tenho referências da sua presença nos pinhais em zonas arenosas da região centro (Mira e Marinha Grande). No pinhal do Rei é relativamente frequente nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro, mas pouco abundante, sendo encontrado em pequenos grupos de 4 ou 5 exemplares no máximo.
É uma espécie comestível mas de pouco valor: segundo informação em primeira mão transmitida pelo Zamanita, é muito medíocre e não vale o esforço.
Última edição por Pedro Claro em Sex 25 Dez 2009, 12:35, editado 1 vez(es)
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Russula adusta
Mudando para a ordem Russulales, coloco agora uma espécie muito interessante, típica deste habitat. Trata-se de uma Russula da secção compactae (caracterizada pela presença de lâminas mais curtas para além das lâminas completas que tocam o estipe e pelas alterações de cor no contexto), designada Russula adusta.
Para além do habitat, esta espécie caracteriza-se pela mudança de cor no contexto, de forma lenta, demorando cerca de 5 minutos a passar de branco puro até um vermelho-rosado e de seguida, após um período bastante mais longo, a cinza-escuro.
Na 'foto de família', um conjunto de exemplares que cresciam de forma semi-hipógea no meio da areia. É evidente a cor rosada do contexto no exemplar seccionado, cerca de 5 minutos após o corte.
E, cerca de 3 horas após a recolha dos exemplares, o mesmo exemplar seccionado com uma evidente alteração na cor do contexto para cinzento-escuro.
Existe na internet uma chave muito prática para identificar as espécies desta secção (em inglês): British Mycological Society
Para além do habitat, esta espécie caracteriza-se pela mudança de cor no contexto, de forma lenta, demorando cerca de 5 minutos a passar de branco puro até um vermelho-rosado e de seguida, após um período bastante mais longo, a cinza-escuro.
Na 'foto de família', um conjunto de exemplares que cresciam de forma semi-hipógea no meio da areia. É evidente a cor rosada do contexto no exemplar seccionado, cerca de 5 minutos após o corte.
E, cerca de 3 horas após a recolha dos exemplares, o mesmo exemplar seccionado com uma evidente alteração na cor do contexto para cinzento-escuro.
Existe na internet uma chave muito prática para identificar as espécies desta secção (em inglês): British Mycological Society
Última edição por Pedro Claro em Qui 24 Dez 2009, 19:42, editado 1 vez(es)
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Lactarius atlanticus
Continuando na ordem Russulales, mas agora no género Lactarius, coloco uma fotografia de uma espécie que identifiquei na altura como Lactarius atlanticus, embora não tenha chegado a uma certeza absoluta. Porém, após a saída na Serra de Grândola, onde esta mesma espécie foi encontrada e identificada de forma inequívoca, e após inspeccionar atentamente as fotografias que tinha da minha recolha no Pinhal do Rei, não me restam praticamente quaisquer dúvidas de que se trata desta espécie, pelo aspecto geral, pela cor do esporóforo e das lâminas e pela existência de pequenas pilosidades na base do estipe.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Tricholoma cf. stans
Para terminar esta série, uma última espécie que me parece ser a mais interessante de todas, pela sua pouca frequência e distribuição muito restrita na Europa. Trata-se, creio, de Tricholoma stans, uma espécie típica de ambientes mediterrânicos e pouco conhecida. Infelizmente, na altura da recolha não fiz fotografias no campo e acabei por não ter muito tempo para analisar os exemplares colhidos, mas após consulta de duas monografias do género Tricholoma, e com base nos dados de que disponho, não vejo outra alternativa válida à identificação que proponho.
Já agora, pode-se confrontar esta fotografia com a fotografia e descrições colocadas pelo Lebre num outro tópico (Tricholoma cf. stans)
Já agora, pode-se confrontar esta fotografia com a fotografia e descrições colocadas pelo Lebre num outro tópico (Tricholoma cf. stans)
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Tricholoma portentosum e terreum
Olá Pedro,
Tal como o Gromo também sou da Marinha. Parabéns por esta tua iniciativa. Espero que tenha continuidade. Também tenho batido este belos pinhais à procura sempre de espécies novas.
Combina a saída de campo aqui na zona que eu alinho.
Uma pergunta: Já encontraste o Tricholoma portentosum ou o terreum por esta bandas?
Obrigado e um abraço. Bom Natal
Tal como o Gromo também sou da Marinha. Parabéns por esta tua iniciativa. Espero que tenha continuidade. Também tenho batido este belos pinhais à procura sempre de espécies novas.
Combina a saída de campo aqui na zona que eu alinho.
Uma pergunta: Já encontraste o Tricholoma portentosum ou o terreum por esta bandas?
Obrigado e um abraço. Bom Natal
Fpedroribeiro- Número de Mensagens : 2
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Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Fpedroribeiro escreveu:Olá Pedro,
Tal como o Gromo também sou da Marinha. Parabéns por esta tua iniciativa. Espero que tenha continuidade. Também tenho batido este belos pinhais à procura sempre de espécies novas.
Combina a saída de campo aqui na zona que eu alinho.
Uma pergunta: Já encontraste o Tricholoma portentosum ou o terreum por esta bandas?
Obrigado e um abraço. Bom Natal
Eu já tenho 10 anos de Micologia na zona da Marinha e estou certo que o interesse e o investimento será para continuar.
Quanto às espécies que referes, nunca vi nem Tricoloma terreum nem Tricholoma portentosum por estes lados. De qualquer forma, não estou certo que estas espécies ocorram em pinhais - embora, como não tenho a minha bibliografia comigo neste momento, não o possa confirmar com certeza.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Olá Pedro, el Lactarius atlanticus creo que es típico de Quercus ilex y suber, los tuyos me parecen Lactarius hepaticus común bajo Pinus.
Bonitas fotos y buen reportaje.
Feliz Navidad para todos.
Bonitas fotos y buen reportaje.
Feliz Navidad para todos.
Sabino- Primordia
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Data de inscrição : 23/11/2009
Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Obrigado, Sabino.
Relativamente ao Lactarius atlanticus/hepaticus, tenho que verificar melhor a identificação. Espero que esta espécie continue a aparecer nos próximos dias para ter material para tirar as dúvidas.
Boas festas para todos.
Relativamente ao Lactarius atlanticus/hepaticus, tenho que verificar melhor a identificação. Espero que esta espécie continue a aparecer nos próximos dias para ter material para tirar as dúvidas.
Boas festas para todos.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Data de inscrição : 10/12/2007
Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
Olá amigos!
Não tenho grandes afinidades com nenhuma destas duas espécies de Lactarius. Mas estava aqui a ler umas coisas e alguns autores, como Frade e Alfonso, referem L. atlanticus como ocorrendo principalmente em Quercus mas ocasionalmente também em Pinus.
Os mesmos autores parecem centrar as diferenças na pubescência da base do pé (bem evidente em L. atlanticus) e na abundância do látex (muito abundante em L. hepaticus e pouco abundante em L. atlanticus). Provavelmente estes dois caracteres quando bem observados, dissiparão as dúvidas na identificação entre estas duas espécies.
Não tenho grandes afinidades com nenhuma destas duas espécies de Lactarius. Mas estava aqui a ler umas coisas e alguns autores, como Frade e Alfonso, referem L. atlanticus como ocorrendo principalmente em Quercus mas ocasionalmente também em Pinus.
Os mesmos autores parecem centrar as diferenças na pubescência da base do pé (bem evidente em L. atlanticus) e na abundância do látex (muito abundante em L. hepaticus e pouco abundante em L. atlanticus). Provavelmente estes dois caracteres quando bem observados, dissiparão as dúvidas na identificação entre estas duas espécies.
Polecat- Carpóforo
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Data de inscrição : 05/12/2007
Re: Pinhal do Rei - 4 de Dezembro de 2009
A dúvida está instalada na minha cabeça.
Vou rever a monografia da Maria Teresa Basso e tentar encontrar mais alguns exemplares para dissipar essas dúvidas. Seja como for, recordo-me dos esporóforos serem pouco lactífluos e olhando em pormenor para as fotos numa resolução 100% é visível a pubescência na base do estipe, embora não de forma muito evidente, o que parece apontar para a minha identificação inicial...
Vou rever a monografia da Maria Teresa Basso e tentar encontrar mais alguns exemplares para dissipar essas dúvidas. Seja como for, recordo-me dos esporóforos serem pouco lactífluos e olhando em pormenor para as fotos numa resolução 100% é visível a pubescência na base do estipe, embora não de forma muito evidente, o que parece apontar para a minha identificação inicial...
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Data de inscrição : 10/12/2007
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