Hypholoma fasciculare

Para o meu 1.º post nesta secção de identificação, seleccionei uma espécie muito comum na ilha da Madeira e provavelmente em Portugal e Açores. É uma espécie que simpatizo muito, devido às suas múltiplas formas de chapéu que nos proporciona muitas fotografias engraçadas. É também a espécie que esta retratada no meu avatar.

Vejo a descrição abaixo como uma experiência que poderá conter alguns erros, por isso agradecia algum feedback se possível.

HABITAT: Madeira morta de espécies típicas da Floresta Laurissilva ou mesmo coníferas.
CHAPÉU: Diâmetro de 2 a 6 cm. Vários formatos na sua fase de crescimento, forma inicial quase redonda depois torna-se com uma forma de sino sendo o seu aspecto normal convexo e por fim plano. Amarelo alaranjado quando jovens, amarelo ou amarelo esverdeado quando adultos. Superfície lisa.
PÉ: Comprimento 5 a 10 cm de altura por 5 a 10 mm de largura. Flexuoso, simétrico ou um pouco mais largo na base, amarelo claro, carnudo e fibroso.
HIMENÓFORO: o espaçamento das lamelas é de comprimento diferentes, lamelas amarelas quando jovens, amarelo/cinzento ou negro quando muito maduras, forma ascendente e inserção adnexa.
ESPORADA: Castanho-roxo ou negro quando muito maduro.
CHEIRO E SABOR: ---







Tenho 99% certeza que as imagens que apresento são Hypholoma fasciculare e não Hypholoma capnoides. Visto que a Hypholoma capnoides cresce apenas em coníferas seleccionei apenas os cogumelos que cresciam na Laurissilva pura.

Questiono qual a melhor forma para diferenciar a Hypholoma fasciculare que cresce na madeira morta de coníferas das Hypholoma capnoides, pois são quase “gémeos” as diferenças que tenho encontrado na internet referem-se mais a níveis microscópicas! Será a única forma?

Hypholoma capnoides pode diferenciar-se de Hypholoma fasciculare pelas seguintes características:

- lâminas brancas ou branco-sujo nos exemplares jovens e depois acinzentadas (amarelas ou amarelo-esverdeadas de início em H. fasciculare);
- chapéu amarelo a amarelo-acastanhado (amarelo-enxofre a amarelo-esverdeado em H. fasciculare);
- sabor neutro (sabor amargo em H. fasciculare);
- habitat em madeira de coníferas - troncos, ramos ou mesmo madeira enterrada (H. fasciculare ocorre tanto em coníferas como em folhosas);
- H. capnoides é apontado como comestível (H. fasciculare é seguramente tóxico).

Se referes que as lâminas são amarelas, então trata-se de H. fasciculare.

Brilhante esta informação obrigado!!! Na minha próxima aventura vou estar mais atento ás lâminas das Hypholoma que crescem sobre os restos de coníferas! Já tinha lido algures que as H. fasciculare eram tóxicas ou mesmo venenosas por isso o teste do sabor vou sempre descartar…

Xciter escreveu:Brilhante esta informação obrigado!!! Na minha próxima aventura vou estar mais atento ás lâminas das Hypholoma que crescem sobre os restos de coníferas! Já tinha lido algures que as H. fasciculare eram tóxicas ou mesmo venenosas por isso o teste do sabor vou sempre descartar…

Algumas notas:

- É possível que as duas primeiras fotografias não representem H. fasciculare, porque a cor do chapéu é mais quente e não se observam os tons esverdeados típicos desta espécie (embora os mesmos sejam mais evidentes nos exemplares mais desenvolvidos). No entanto, sem mais dados, ficaremos sempre na dúvida.

- 'Tóxico' ou 'Venenoso' representa a mesma coisa em Micologia e é preferível usar o termo 'Tóxico'.

- O teste do sabor é seguro se observares alguns cuidados: mastigar apenas um pequeno pedaço (1/4 do tamanho de uma unha) e cuspi-lo depois. A saliva impregnada de pequeníssimos pedaços do cogumelo encarregar-se-á de espalhar o sabor (amargo, neutro ou picante) pela boca. Mais: Lavoisier já dizia que "não há veneno, apenas dosagem", ou seja, um determinado produto só é tóxico se for consumido acima de uma determinada quantidade. Alguma bibliografia refere que são necessários 50g. de Amanita phalloides ('apenas' uma das espécies mais tóxicas) para intoxicar um ser humano adulto - e 50g. ainda é uma quantidade bastante razoável de cogumelo.

- Não deves ficar atento apenas às lâminas, mas a todos os detalhes dos exemplares. Pequenas diferenças ou pequenos pormenores são, muitas vezes, essenciais para a correcta identificação de uma espécie.

Eu nunca observei nenhuma Hypholoma jovem com tons esverdeados, acho que só ocorre quando adultos. Tenho quase a certeza que o tipo de madeira é de folhosas, representada nas imagens todas, mas posso imaginar varias formas de um tronco de uma conífera parar numa zona onde predominam folhosas.

Em relação ao teste do sabor, faz todo o sentido o que Lavousier dizia . E realmente 50g de Amanita phalloides é uma quantidade absurda comparada com ¼ do tamanho de uma unha. Mas porventura poderão aparecer algumas espécies de fungos onde o seu aspecto e cheiro nos repugne, levando-nos a descartar este teste .

Ok, não vou ficar apenas atento às lâminas vou procurar todos os detalhes dignos de serem registados !