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Clathrus ruber - Ensaio fotográfico

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Mensagem  Mycota Seg 05 Jan 2015, 23:17

Gostaria de partilhar convosco um ensaio fotográfico que realizei com a minha nova lente sobre Clathrus ruber.

Tanto nas fotografias como na tentativa de timelapse, a objectiva usada foi uma Tamron SP 90mm f/2.5 Macro montada numa Canon 550D.
Para maior detalhe, "ver tamanho real".


Insecto atraído pelo cogumelo e provavelmente a alimentar-se do mesmo, servindo de portador de esporos.
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2610

O mesmo exemplar, adulto, com rizóide na base do receptáculo
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2611
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2612
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2613

Pormenor da massa espórica no estado adulto
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2615

Três examplares em diferentes estádios de maturação. Um adulto, um ovo seccionado a meio, e um ovo inteiro (usado no timelapse)
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2710

Carpóforo retirado de dentro do receptáculo. Parte interior mostrando a gleba.
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2711

Carpóforo retirado de dentro do receptáculo. Parte exterior
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2712

Pormenor da parte interior do receptáculo em si, textura verdadeiramente gelatinosa.
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2713

Pormenor do receptáculo usado para o timelapse
Clathrus ruber - Ensaio fotográfico Img_2714

Experiência bem sucedida. O vídeo não ficou muito bom, mas permitiu-me establecer o método para o futuro.


Feliz ano novo a todos os membros do fórum!
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Mensagem  Loco Gato Sex 09 Jan 2015, 17:28

Muito giro, Mycota, parabéns. Belo equipamento.

Nas fotos macro, a profundidade de campo tende a ser estreita e isso tanto pode dar efeitos curiosos como impedir de ver-se o todo numa só imagem. Vejo duas soluções: a mais simples é fechar a abertura o mais possível, compensando com a iluminação e o tempo de exposição (tripé).

A outra (que li salvo erro numa entrevista a Jens Petersen, ver http://www.imafungus.org/Issue/41/07.pdf) consiste em tirar fotos em série, desfasando a distância focal ligeiramente dumas para as outras, e depois usar software para reconstruir uma imagem-síntese nítida e apanhando todas as profundidades do objecto.

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Mensagem  Mycota Sex 09 Jan 2015, 20:05

Obrigado, Loco Gato!

Obrigado também pela sugestão técnica, estou bem a par disso Smile
Tenho vários tipos de saídas de campo, das mais relaxadas às mais sérias. Apenas um tipo incluem tripé, difusores e reflectores (a acrescentar à câmera, cestos, reagentes etc) pale A grande e maior parte das saídas que faço, pouco levo comigo para além do cesto e da câmera.

A grande vantagem desta lente (f/2.5) é que me permite tirar excelentes macros (1:1) sem luz directa numa tarde de inverno, apenas com as minhas mãos, sem tripé Very Happy

Esta é uma possibilidade ao alcance de todos, sem gastar assim tanto, visto que se trata de uma lente "vintage", completamente manual (foco e abertura). Ainda não a estreei com tripé, mas imagino que ISOs mais baixos e menores aberturas abrem um potencial infinito, mas lá está a logisitca de campo será diferente. Prometo postar aqui esses resultados assim que os obtiver Wink


Em relação à segunda sugestão, é realmente interessante mas é uma técnica trabalhosa. O que o pessoal da Lytro fez, não foi mais que fazer uma câmera com essa funcionalidade, i.e., criar um ficheiro com várias imagens com diferentes focos, publicitando o seu produto como "câmera que permite realizar e escolher o foco após tirar a fotografia". Os consumidores, todos contentes, atraídos pela "magia", gastam balúrdios.



Abraço
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Mensagem  Lebre Sex 09 Jan 2015, 21:23

Bom Trabalho, Mycota.
Algumas destas imagens fizeram-me recordar outras, sobre o mesmo tema, que aqui coloquei há cinco anos atrás no tópico "Aniversário".
Queria apenas mencionar que um software fácil de utilizar, que permite fazer o que o Loco Gato mencionou na sua mensagem, é o combine ZP de Alan Hadley (acessível em http://combinezp.software.informer.com/download/). A título ilustrativo, anexo uma imagem de uma secção do talo de um líquene que obtive com esta técnica.
Saudações,
Lebre

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Mensagem  Loco Gato Sex 09 Jan 2015, 21:35

Espectáculo, Lebre.

Se o link não funcionar, experimentem http://combinezp.software.informer.com/download/?ca97b12 ou http://www.hadleyweb.pwp.blueyonder.co.uk/CombineZP.msi

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Mensagem  Pedro Claro Qui 22 Jan 2015, 11:36

Excelente ensaio, Vasco. Sem dúvida que uma câmara DSLR com uma objectiva macro dedicada permite outro tipo de qualidade nas fotografias. Eu tive durante mais de 5 anos uma das reencarnações posteriores dessa objectiva: uma Tamron SP 90/2.8 Di, com encaixe Canon (logo, com diafragma automático) e com auto-foco. É uma excelente objectiva, em qualquer das inúmeras versões que conheceu ao longo de décadas.

Já agora, e porque se fala em fotografia, gostaria de dar algumas achegas no assunto para complementar a discussão aqui iniciada.


Existe apenas um ponto de foco, ou seja, um plano onde uma objectiva está focada e é nesse plano que a nitidez é máxima. Há, no entanto, um intervalo de distâncias de foco onde a nitidez é considerada aceitável aos nossos olhos (há a sensação que esse intervalo também está focado), distribuída, aproximadamente, por 1/3 antes do plano de focagem e 2/3 depois desse plano. A este intervalo chama-se profundidade de campo e é, basicamente, aquilo a que o Loco Gato alude na sua primeira intervenção.

Há 4 factores que influem directamente na profundidade de campo:

- tamanho do sensor ou do filme onde é registada a imagem;
- abertura do diafragma (em f-stops);
- distância focal da objectiva (90mm, no caso da do vasco);
- distância do ponto de focagem (ou a que distância está focado).

Em fotografia macro ou close-up, os dois últimos factores são substituídos por um só: a magnificação. Recordo que a magnificação é um ratio entre o tamanho real do que é reproduzido e o tamanho da reprodução (e daí a notação frequente de x:y) - ou seja, se o píleo de um cogumelo tem 2 cm. de diâmetro e é reproduzido no sensor ou no filme com 2 cm. de diâmetro, temos um ratio de 1:1 (ou 1x ou 'life-size'); se esse mesmo píleo é reproduzido com apenas 1 cm. de diâmetro, o ratio passa a 1:2 (ou 0,5x ou 'half life-size'); se é reproduzido com 4 cm. de diâmetro, o ratio é de 2:1 (ou 2x). Relembro que estamos a falar de tamanhos no filme ou no sensor e não quando observados no monitor (aqui fala-se de ampliação e não de magnificação).

A forma como cada um destes factores influi na profundidade de campo é a seguinte:

- quanto maior o tamanho do sensor, menor a profundidade de campo;
- quanto maior a abertura (números f menores), menor a profundidade de campo;
- quanto maior a magnificação, menor a profundidade de campo.

Temos, portanto, uma relação inversa entre a profundidade de campo e os três factores que a afectam em fotografia macro. (Já agora, quanto maior a distância focal da objectiva, menor a profundidade de campo, mas quanto maior a distância de focagem, maior a profundidade de campo).

No que diz respeito aos sensores, o tamanho mais comum usado actualmente é o chamado APS-C (que varia de marca para marca - Canon ~22,5x15mm; Nikon/Pentax/Sony/Samsung ~23,5x15,5mm). O chamado Full Frame é a versão electrónica do velho filme de 35mm (36x24mm). Há ainda o tamanho micro 4/3 (micro four-thirds) que tem aproximadamente metade do tamanho de Full Frame e é usado nas câmaras com objectivas intermutáveis da Olympus e da Panasonic. Tirando o médio formato (sensores maiores que Full Frame), cujo preço é, basicamente, incomportável para a grande maioria dos 'mortais', todos os restantes tamanhos de sensores são menores do que micro 4/3 e, por norma, usados apenas em compactas sem objectivas intermutáveis (há excepções). Não vou alongar-me nas vantagens inerentes a sensores 'grandes' (melhor gama dinâmica, melhores desempenhos com ISO elevados, melhor nitidez por pixel, etc.), mas posso dizer que, especificamente para macro, os sensores APS-C são um excelente ponto de equilíbrio entre a qualidade de um sensor maior e a maior profundidade de campo que se consegue alcançar nas imagens obtidas com uma câmara equipada com um desses sensores. Uma câmara Full Frame tem algumas vantagens em relação a uma câmara APS-C, mas para macro, e sobretudo quando se pretende maximizar a profundidade de campo, este último formato é preferencial.

Relativamente à abertura, há que fazer uma ressalva em relação ao que referiu o Loco Gato. É verdade que fechar o diafragma (diminuir a abertura ou usar números f maiores) aumenta a profundidade de campo, mas isso acarreta dois inconvenientes: um, já referido, é o facto de necessitar de uma compensação, seja ao nível do ISO, seja ao nível da velocidade de obturação, seja de ambos, e na mesma proporção. Um exemplo:

Imaginemos que para uma determinada situação, com uma abertura f/2.8 e ISO 100 (abertura máxima mais comum numa objectiva macro e ISO mínimo na maioria das câmaras), a velocidade de obturação que o sistema de medição da câmara aponta é 1/160 de segundo. Mesmo em macro, esta velocidade de obturação será suficientemente rápida para compensar qualquer movimento ou tremura do fotógrafo. No entanto, se estivermos a falar de uma magnificação de 1x ou próxima desse valor, a profundidade de campo será ínfima (menos de 1mm!). Para aumentar a profundidade de campo vamos fechar o diafragma 3 f-stops (passar de f/2.8 para f Cool, o que já deverá permitir uma imagem globalmente mais focada. No entanto, agora a velocidade de obturação reduziu-se, também, em 3 f-stops (passou a entrar apenas 1/8 de luz no sensor, pelo que o tempo de obturação terá que ser 8x mais longo), ou seja, passou para 1/20 de segundo, o que é manifestamente insuficiente para obter imagens nítidas sem a utilização de um tripé. Podemos, então, regular o terceiro factor para compensar esse aumento no tempo de obturação - o ISO (isto é, a sensibilidade do sensor) - neste caso, terá que ser, também, 8x maior, ou seja, teríamos que passar de ISO 100 para ISO 800.

Neste exemplo estamos a falar de valores razoáveis, pois 1/160 de segundo permite alguma margem de manobra e na maioria das câmaras recentes ISO 800 é um valor que permite, ainda, obter fotografias limpas e sem grande ruído (o inconveniente da subida do ISO é, precisamente, o incremento do ruído nas imagens - o que pode ser verificado em algumas das imagens mais aproximadas do Vasco). No entanto, a realidade no meio de bosques e florestas mais densos é bem menos simpática para o fotógrafo e é, amiúde, impossível obter fotografias devidamente focadas e estabilizadas sem uma forma de imobilizar totalmente a câmara. Diminuamos a quantidade de luz em 3 ou 4 f-stops, baixemos a abertura para f/11 ou mesmo f/16 e rapidamente estamos a obter tempos de obturação de segundos ou a necessitar de subir o ISO para valores extremos que pouco beneficiarão a qualidade das imagens.

Depois, há outro inconveniente em fechar demasiado o diafragma, que é um efeito óptico incontornável designado difracção. A partir de um certo ponto, fechar o diafragma vai aumentar o efeito da difracção, o que resulta num 'amolecimento' generalizado da imagem - ou seja, perde-se qualidade, perde-se definição, perdem-se os detalhes. A difracção começa a sentir-se por volta de f/8, de forma pouco evidente, mas vai tornar-se mais notória à medida que aumentamos os f-stops. Em geral, numa câmara APS-C o valor f/11 ainda é seguro, sendo f/13 o limite 'bom' e f/16 o limite do aceitável; em geral, a partir de f/22 as imagens perdem demasiados detalhes para se poderem considerar nítidas. Em Full Frame, normalmente ganha-se 1 f-stop, ou seja, podemos 'esticar' até f/16 sem grandes problemas e, eventualmente, até f/22. Em macro, no entanto, a difracção entra mais cedo (e quanto maior a magnificação, pior), ao ponto de, por exemplo, com objectivas altamente especializadas como a Canon MP-E 65 (que permite magnificações entre 1x e 5x), a difracção a 5x já ser evidente a f/5.6...

Dos muitos anos que tenho de fotografia macro em geral e de cogumelos em particular, retirei, no entanto, algumas ilações e aprendi alguns truques que partilho convosco.

1 - Não há substituto para o tripé. Ocasionalmente podem conseguir-se fotografias nítidas sem tripé, com condições favoráveis de luz, mas na maior parte dos casos os compromissos ao nível da qualidade das fotografias são demasiados para prescindir deste acessório (ISO elevado e, consequentemente, demasiado ruído; abertura demasiado grande, com penalização na profundidade de campo; fotografias apenas 'aparentemente' nítidas, mas que, na realidade, não o são). Há tripés pequenos e relativamente leves que podem ser deixados no carro e que podem muito bem salvar algumas fotos. Eu sei que dá trabalho montar e desmontar o estaminé, mas a recompensa vale bem o esforço, na minha opinião.

2 - Um flash externo, ligado por intermédio de um cabo específico à sapata da câmara é, muitas vezes, essencial para iluminar partes 'escondidas'. Um reflector (pode ser caseiro) cumpre, por vezes, a mesma função, mas em zonas muito escuras não há luz que se possa ir buscar com os reflectores.

3 - É possível maximizar a profundidade de campo fazendo uma focagem cuidadosa (o Live-view e a magnificação que permite é absolutamente essencial para isso) e usando o botão de DoF Preview (previsão de profundidade de campo). A focagem nas câmaras actuais é feita sempre com a objectiva na sua abertura máxima (f/2.8, na maioria das objectivas macro); quando se carrega no botão de disparo o diafragma é fechado automaticamente até à abertura regulada na câmara (por exemplo, f Cool antes da cortina do obturador abrir e a imagem ser, efectivamente, obtida. O que o botão que referi faz é fechar o diafragma até à abertura regulada, permitindo ver no óculo ou no ecrã o resultado. A conjugação de uma câmara com Live View com o uso do botão DoF Preview permite não só uma focagem precisa como a melhor rentabilização da profundidade de campo.

4 - É importante ter em atenção, durante o processo de focagem, que o plano da câmara deve estar paralelo ao plano que pretendemos focar. Se, por exemplo, estamos a focar uma folha de papel e a câmara está ligeiramente inclinada em relação ao plano da folha de papel, vamos ter uma parte da folha que, provavelmente, não vai estar focada (ou vamos necessitar de diminuir a abertura para aumentar a profundidade de campo o suficiente para compensar essa inclinação). É algo que é frequentemente omitido mas que pode reduzir a qualidade da imagem. Claro que tanto o que está descrito aqui como o que está no ponto anterior só podem ser efectuados com tempo e com a câmara devidamente imobilizada num tripé...

5 - Quando não é possível obter tudo o que queremos focado por falta de profundidade de campo (atingimos o limite do aceitável na abertura do diafragma, por exemplo), uma forma de dar a volta à questão é diminuir a magnificação (afastar a câmara um pouco, por exemplo) e depois, no pós-processamento, fazer um crop à imagem para a 'ampliar' até ao enquadramento pretendido. Com a quantidade (e qualidade) de pixeis que as câmaras actuais têm, pode-se muito bem sacrificar 3 ou 4 Megapixeis e, ainda assim, ficar com uma imagem suficientemente rica para ser ampliada ou publicada.

Relativamente ao método também referido pelo Loco Gato (Focus stacking), posso dizer que tem algumas vantagens mas também algumas desvantagens importantes.

A vantagem principal é, obviamente, a possibilidade de obter uma imagem final com toda a profundidade de campo que se desejar. Outras vantagens são: possibilidade de realizar todas as fotografias no ponto óptimo da objectiva (todas as objectivas têm aberturas onde o seu rendimento é superior ao rendimento nas restantes aberturas - normalmente fechando 2 f-stops da abertura máxima, ou seja, nas objectivas macro isso seria ~f/5.6) ou poder usar sempre a abertura máxima para obter um fundo perfeitamente desfocado e pouco intrusivo.

Enumero algumas das desvantagens:

- é virtualmente impossível usar este método sem tripé;
- para além do tripé, é essencial ter um carril de focagem (focusing rail);
- é um método muito demorado, que exige muita paciência (por vezes são necessárias dezenas de fotos);
- as condições de luz têm que ser constantes durante todo o processo;
- aquilo que se fotografa tem que estar imóvel (não é muito complicado no caso dos cogumelos);
- requer programas específicos e um computador suficientemente potente para processar os dados (o que também pode ser demorado);
- na minha opinião, é um método para usar 'em estúdio' - ou seja, num ambiente controlado, com tempo (o que pode ser complicado com material sensível como os cogumelos).

Desculpem o testamento, mas espero que tenha servido para complementar toda a discussão anterior.

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Mensagem  Mycota Qui 22 Jan 2015, 21:34

Olá Pedro!

Não há nada a desculpar pelo "testamento", é sempre um prazer ler discussões técnicas sobre óptica e fotografia, principalmente em português e por ti. Não é um tema fácil de se escrever bem e compreensivelmente com tanta tecnicalidade, mas tenho a dizer que fizeste precisamente isso Very Happy

Por curiosidade, se já não tens a tua Tamron SP 90/2.8 Di, que macro andas a usar? Não me digas não andas  Neutral

Talvez no Verão seja diferente, mas nestas tardes Inverno e neste caso especificamente, muito raramente usei um ISO inferior a 1600 (especialmente a curtas distâncias focais/maiores magnificações). A lente marca f/2.5 mas raramente a uso nessa posição, nem tanto pela reduzida profundidade de campo mas mais pelo "amolecimento" da imagem nesta posição comparativamente a f/4 (f/11 na prática*), por exemplo. Usei exposições entre os 1/320s e 1/500s para as maiores magnificações.

Tenho também a dizer que este ensaio foi feito com um tele convesor 2x, possibilitanto uma magnificação=1:1 (versus a 1:2 original) e a distância focal=180mm (versus os 90mm originais) e o rácio focal=f/8* (no caso de magnificação=1:1, perdem-se 3 posições* com o tele2x). É o preço a pagar por 1:1  Cool

A acrescentar aos 180mm da objectiva+conversor, ainda há o "factor de recorte" do APS-C da minha 550D, fazendo a câmera comportar-se como uma 288mm  Embarassed

Ainda assim, estou bastante satisfeito com este "brinquedo" e com as possibilidades que me abriu. Foram os 90 Euros mais bem gastos dos últimos anos  Very Happy



Obrigado pelas palavras e discussão, Pedro!

Grande Abraço
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Mensagem  Pedro Claro Sex 23 Jan 2015, 09:55

Vasco,

Tenho andado um pouco arredado da Micologia por motivos vários e das saídas de campo por duas razões essenciais: falta de disponibilidade e os meus interesses estão um pouco mais centrados na Fotografia, neste momento (e não necessariamente de cogumelos). Claro que continuo a gostar de espreitar o que vai aparecendo e vou fazendo algumas fotografias de cogumelos, mas este não tem sido o meu ponto de interesse principal.

Acabei por trocar a Tamron 90 há uns 3 ou 4 anos por uma Canon 100/2.8L IS. Fi-lo não para ganhar em qualidade (a Tamron é excelente e, sinceramente, não creio que a Canon seja melhor) mas porque a Canon apresenta algumas vantagens tanto para fotografia macro (a possibilidade de se usar um anel de tripé é uma comodidade difícil de prescindir, sobretudo para fotografar junto ao solo) como para fotografia geral (focagem mais rápida - USM - e a estabilização - IS). Entretanto tenho vindo a fazer mudanças no meu equipamento e, para além de ter trocado de câmara (tenho agora uma 6D, Full Frame), tenho também uma Carl Zeiss 50/2 Makro-Planar que gosto de usar para close-ups (faz, à semelhança da tua Tamron, 1:2). Mas estou a pensar arranjar uma câmara com um sensor APS-C exclusivamente para macro, para tirar partido das vantagens que este formato apresenta nesse tipo de fotografia (uma ampliação das imagens sem necessitar de crop, uma maior profundidade de campo para magnificações iguais).

Relativamente à tua compra, sem dúvida que pelo preço foi uma aquisição excelente. A qualidade está lá e é impressionante, mesmo com a utilização de um teleconversor 2x (que retira sempre alguma definição). Só uma pequena correcção: um teleconversor 2x reduz a luminosidade em 2 f-stops e não 3. Um teleconversor 1.4x reduz apenas 1 f-stop.

Um abraço,
Pedro

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Mensagem  Mycota Sex 30 Jan 2015, 12:04

Olá Pedro,

É uma pena esse "arredar". Mas como deves imaginar, compreendo bem as diferentes razões que possam originar algum afastamento. Tal como no meu caso, tenho a certeza que estarás "arredado" temporariamente e nunca completamente. Há alturas em que a disponibilidade e interesses variam, obrigatoriamente, mas o "bichinho" está lá e volta e meia faz-se ouvir.

Quanto à tua 6D (invejo a capacidade de registo GPS em fotos de campo!!), é sem dúvida um passo gigante na fotografia, pelo menos como eu o vejo. Já há uns anos ando de olho feito na 5D Mark II (muito parecida com a 6D), precisamente pelo "full frame" e pelas possibilidades digitais que permite (penso que é a "full frame" mais barata que faz video/magic lantern). Se não conheces o "magic lantern" é algo que recomendo seriamente, pode aumentar a qualidade dos trabalhos significativamente e pode poupar centenas de euros em equipamento. Já o utilizo há uns anos e é algo que considero absolutamente indispensável hoje em dia. O maior uso que dou à minha 550D é na fotografia de paisagens, timelapsing e astrofotografia, tudo áreas onde uma "full frame" faz toda a diferença, especiamente com "magic lantern".

Mas como já se falou, "full frame" não é algo critico ou assim tão importante para fotografar cogumelos. Ainda assim pergunto-te, se já tens uma "full frame", e com melhor "gama dinâmica", porque razão comprar uma APS-C? Só pelo trabalho de fazer um "crop" digital no computador? Não é um "crop" digital 1.6x de uma "full frame" equivalente (até melhor, pela gama dinâmica) a uma imagem APS-C?

Em relação ao tele conversor reduzir 2 f-stops e não 3. Apesar de saber disso, li algures num fórum, neste caso e em situações de magnificação máxima apenas, a redução vai até 3 f-stops. Mas não confirmei a veracidade do comentário...


Abraço e bons projectos Wink
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Mensagem  Pedro Claro Sex 30 Jan 2015, 13:53

Começo pelo fim...

Relativamente à perda de luz, estamos a falar de duas coisas diferentes. A utilização de um teleconversor absorve sempre, independentemente de tudo o resto, 1 f-stop de luz (teleconversor 1.4x) ou 2 f-stops de luz (teleconversor 2x). O que acontece, cumulativamente, é que, por norma, as objectivas perdem luminosidade à medida que aumenta a magnificação, o que depende da objectiva e do seu desenho óptico, mas andará sempre à volta de 2 f-stops numa magnificação 1:1. Esta é uma consequência incontornável e fruto das leis da Física (mais concretamente da Óptica), assim como a perda de distância focal à medida que aumenta a magnificação. Uma objectiva macro 100/2.8 é, na realidade, aproximadamente uma 70/5.6 quando a 1:1. As distâncias focais são medidas sempre no infinito - neste caso, só é uma 100mm quando focada no infinito. Se juntares um teleconversor, perdes mais alguma luz...

A razão para optar por uma câmara com um sensor mais pequeno decorre, precisamente, das vantagens em termos da relação entre resolução absoluta (Megapixeis) e a magnificação, por um lado, e pelo ganho em profundidade de campo, por outro.

Passo a explicar. A minha 6D tem 20 Megapixeis. Se pegar numa imagem macro a 1:1 e a cortar de forma a que fique com a mesma 'ampliação' com que ficaria se fosse fotografada a 1:1 com uma câmara APS-C, a imagem resultante ficará com, aproximadamente, 12,5 Megapixeis. É verdade que ainda é uma quantidade substancial de informação, mas se, por qualquer razão, necessitar de cortar mais alguma parte da imagem (para eliminar um elemento distractor, para obter uma melhor composição, etc.), arrisco-me a ficar com uma imagem final bastante mais pobre, em termos de quantidade de informação, do que ficaria se obtivesse, logo à partida, a imagem mais ampliada com a APS-C, mas já com 18 Megapixeis (como a tua 550D). Isto não será muito relevante para publicações online ou para pequenas reproduções (até A4, por exemplo), mas se pretender fazer uma grande ampliação, uma imagem com 8 ou 10 Megapixeis pode não ter qualidade suficiente... Isto é válido para fotografia Macro mas também para fotografar sujeitos distantes (vida selvagem, por exemplo), que são os dois tipos de fotografia que mais beneficiam com as câmaras com sensores mais pequenos. Por outro lado, já se fala da próxima geração de câmaras Full Frame que terá, ao que tudo indica, sensores de cerca de 50 Megapixeis... Isto pode tornar o argumento que usei perfeitamente inútil, embora os preços destas câmaras, para já, se afigurem absurdamente intangíveis.

No entanto, a razão mais forte para fotografar Macro (e vida selvagem) com câmaras com sensores mais pequenos, prende-se com a maior profundidade de campo que se pode obter, como expliquei numa das minhas respostas anteriores. Com uma câmara APS-C podes obter uma imagem com a mesma 'ampliação' mas maior profundidade de campo (e, aproximadamente, o mesmo número de Megapixeis) ou então podes aumentar a 'ampliação' aparente não perdendo tanta profundidade de campo ou sacrificando alguma resolução (Megapixeis).

Para o resto dos tipos de fotografia (sobretudo paisagem, arquitectura, retrato), as vantagens de Full Frame sobrepõem-se a estas vantagens das câmaras com sensores mais pequenos. Ou se quiseres um maior controlo da profundidade de campo (ou seja, se quiseres reduzir a profundidade de campo, para jogar com os desfoques), sem dúvida que é um sensor Full Frame que te dá as ferramentas mais adequadas para uma maior criatividade.

O ideal para quem fotografa Paisagem, Macro, Retrato e um ou outro pássarito é mesmo ter uma câmara de cada. E não é preciso hipotecar a casa; eu investi um bom bocado na 6D mas já se compram 5D2 usadas por 800/900€, é uma questão de procurar bem e ter alguma garantia de uso moderado. Em contrapartida, eu estou a pensar comprar uma 1200D para câmara Macro, o que representa um investimento de menos de 300€ (nova)...

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