Fotografar cogumelos para identificação. Os meus 5 planos

Amigos identificadores,

Mais do que uma vez, percebi que não fiz o meu melhor ao fotografar cogumelos que desconhecia, com o objectivo de postar as imagens no fórum "Identificação".

À semelhança do que aconteceu, com o post aqui da Esporada/Spore Print do Polecat que comigo correu tão bem, quando pudessem, será que poderiam exemplificar os cuidados a observar no registo fotográfico de um cogumelo para fins de identificação?

Mais uma sugestão do chato do maçarico para animar a Oficina.

Manel

manel escreveu:será que poderiam exemplificar os cuidados a observar no registo fotográfico de um cogumelo para fins de identificação?

É necessário conhecer um mínimo sobre o grupo onde pertence o exemplar a fotografar para lhe dar a necessária ênfase. Idealmente, deve fazer-se uma identificação suficientemente segura até à espécie no próprio campo. O percurso feito até à identificação encarrega-se de pôr em relevo os caracteres que é necessário evidenciar na foto.

A leitura do texto sobre identificação de agáricos e boletos servirá talvez para perceber-se a importância relativa dos mais diversos componentes dum corpo frutífero. Mas cada caso é um caso.

Na dúvida, reunir as seguintes imagens:

1. O aspecto do exemplar tal como ele aparece no campo, se possível contextualizando-o com o ambiente em redor.
   
2. Texturas e cores da superfície do chapéu e do pé.
   
3. Corte longitudinal, mostrando em toda a extensão os tons da carne, e ainda a inserção das lâminas/tubos em relação ao pé.
   
4. Imagem das lâminas, sobretudo (com macro) se elas têm uma aresta direita, com ornamentações, cores diferenciadas, etc.

Se se conhece bem o exemplar, então uma foto pode ser suficiente, desde que se saiba estarem a incluir-se nela todos os aspectos diagnosticantes da morfologia.

Uma fonte de inspiração bastante recomendável é o recente guia de Quiaios. As fotos são em geral muito bem tiradas.

Loco Gato,

Gostei das dicas, simples e objectivas. Obrigado.

Apesar de recente nestas andanças, adoptei este método que parece estar a resultar:
1- O ambiente geral - Plano aberto do meio envolvente onde registo árvores e plantas
2- O chapéu visto de cima, ou mais que um, quando os cogumelos aparecem em grupo. Procuro incluir alguma da vegetação rasteira ou folhas em decomposição que estejam perto. É um óptimo auxiliar de memória, sobre onde onde estaria mesmo o cogumelo.
3- Um grande plano, o mais próximo possível do solo, de perfil e com a câmara na vertical, de modo a conseguir o máximo de detalhe, antes de colher o cogumelo. Por vezes as árvores ficam como pano de fundo e saem fotos muito curiosas. É frequente retirar algumas ervas ou folhas da frente, para fazer este plano.
4- Plano da parte inferior, após a colheita, registando os detalhes do himénio (tipo de lâminas ou poros, cores, texturas...) e todos os pormenores do pé (texturas, pigmentos, lâminas, volva, cordões miceliais...) . Se possível, faço isto próximo a outros da mesma espécie, não colhidos.
5- Em casa registo a esporada, descolorações e cortes, se for o caso disso.

Eu tenho usado uma câmara digital Fuji. Não uso flash e selecciono o opção de "N" de luz natural. A partir plano 2 inclusivé, uso sempre macro.

Para efeitos de identificação vai funcionando.

Este artigo de uma entusiasta norte-americana, também me ajudou a ordenar as ideias. Ilustra o processo com mais algum detalhe, mas passo-a-passo, mantendo a coisa na simplicidade da máquina digital:

lhttp://www.ehow.com/how_4434885_photograph-mushrooms.html


Boas fotos!

Manel