Como e para quê fazer uma ESPORADA (SPORE PRINT).

Olá caros amigos!

O objectivo é aos poucos irmos postando alguma informação pertinente de "how to". Desta vez, este pequeno workshop virtual é sobre o incontornável conceito de esporada.


A palavra em sí vem naturalmente do termo "esporo" e traduz-se muito sucintamente na deposição em massa dos esporos. Esporos esses que podem possuir diferentes cores e variadissimas tonalidades que muitas vezes são um dos principais caracteres de identificação de determinados géneros ou grupo de cogumelos, por exemplo:

Amanita; Mycena: esporada branca
Pluteus; Entoloma: esporada rosada
Agaricus: esporada castanha chocolate
Psilocybe; Hypholoma: esporada castanha/purpúra escura
Cortinarius; Pholiota: esporada castanha ferrugem a canela
Coprinus; Paneolus: esporada preta


Na identificação de um cogumelo, sem contar naturalmente com a "intuição empírica", o principal factor de encurtamento de hipóteses ou tentativa de reconhecimento do género deverá ser a esporada. Na verdade, até o micófilo mais experiente e conhecedor, quando perante algo desconhecido e recorrendo à utilização de guias, encontra muitas vezes a "cor da esporada" como primeira pergunta ou passo nas chaves dicotómicas.

Muitas vezes, aquando no campo e sem possibiliade de obtenção imediata de uma esporada, é comum observar-se, entre muitas outras coisas, a cor das lâminas. Para além de também ser um caracter importante na identificação por sí só, a cor das lâminas pode muitas vezes dar uma "ideia" da eventual cor da esporada, principalmente nos cogumelos mais maduros. Mas atenção, esta prática não é, muitas vezes, fidedigna e portanto recomendável! Ora veja-se:



Lepista nuda (lâminas lilás-púrpura, esporada creme a rosa muito claro, bom comestível)


Cortinarius sp. (lâminas lilás-púrpura quando jovens, esporada castanha, provavelmente venenoso)


Exemplificada a importância da obtenção de uma esporada, como obter uma? Muito fácil!

(Nota: o exemplo nas fotos não é o melhor!)
-Arranjar um pedaço de cartolina ou papel grosso bem branco
-Sem danificar as lâminas/poros, cortar o pé do cogumelo bem rente ao chapéu
-Pousar o chapéu sobre o papel branco num local protegido de grandes agitações do ar
-Esperar umas boas horas (quanto mais, mais forte será a tonalidade da esporada, eu gosto de esperar pelo menos 5)
- e voilá!

Opcional:
-Há quem utilize para além do papel branco, papel preto para o caso das esporadas serem brancas, ou até uma superfície transparente para poder colocar sobre um fundo de cor à escolha.
-Há quem opte por aplicar pequenas gotas de água sobre o chapéu, simulando chuva e estimulando a deposição dos esporos

Dicas:
-Analisar a esporada debaixo de luz natural pois as cores serão mais "reais"
-Analisar a esporada em diferentes ângulos de visão, às vezes parece que ela não está lá, mas está
-Não depositar toda a base do processo de identificação numa esporada, às vezes corre mal e não conseguimos identificar o cogumelo por causa de uma esporada mal tirada. Tirar mais!
-A mesma espécie pode apresentar tonalidades diferentes consoante o local, altura do ano etc etc..


O objectivo das fotos seguintes não seria a identificação dos cogumelos mas sim a exemplificação do que é uma esporada. Peço desculpa pela qualidade das fotografias, convém mesmo ser com luz natural!

Lepistas; Cortinarius entre outros à luz natural


agora é tudo com luz artificial, reparem na grande diferença




Note-se que nestas 3 fotos dá a impressão que não há esporadas no centro...




...mas repare-se à esquerda numa esporada creme pálido da Lepista nuda


...um castanho com tons púrpura, apontando na minha opinião para uma Stropharia (3ºcogumelo a contar da esquerda na fila de cima da 1ªfoto)


...e mais duas brancas "bem vísiveis"



Um abraço e até à próxima