Agaricus xanthoderma?
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Agaricus xanthoderma?
Um destes dias ao passar por Monsanto de carro vi à beira da estrada uns cogumelos. Decidi parar e ir ver de que se tratava. Ao aproximar-me vi que eram Agaricus. Tirei umas fotos e recolhi alguns. Pensei que se tratava de uma das espécies brancas / claras, provavelmente A. silvicula. Ao chegar a casa e fazer o corte da praxe deparei com os tons amarelados visíveis nas fotos que anexo. Fiquei com dúvidas até porque o amarelo pode significar A. Xanthodermus, uma das tóxicas. Ao consultar a bibliografia disponível e a Internet não fiquei esclarecido, até porque há algumas outras espécies de Agaricus onde o amarelo pode aparecer. Numa das referências consultadas é mencionada a existência da variedade lepiotoides de A. Xanthodermus caracterizada por ter o chapéu escamudo tipo Macrolepiota, o que pode ser o caso dos meus exemplares. Para o caso de estar estudada a reacção à acção de uma base forte (NaOH), decidi também colocar uma gota na carne de cada um dos exemplares analisados, cujo resultado pode ser visto na última das fotografias que anexo. Alguém pode ajudar a esclarecer?
Lebre
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Lebre- Carpóforo
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Agaricus xanthodermus var. lepiotoides
Agaricus xanthodermus var. lepiotoides também me parece a melhor opção.
Apenas tenho referências de reação a bases fortes na cutícula (Agaricus xanthodermus), adquirindo coloração amarelo mais ou menos alaranjado, ainda que o uso de reactivos macroquimicos para o Género Agaricus não seja importante ou determinante.
Mais determinante é o odor, um dado muito importante para distinguir os Agaricus da secção Xanthodermatei de outras secções flavescentes (viragem da cor a amarelo):
Odor a iodo ou fenol - Secc. Xanthodermatei
Odor a amendoa amarga - Secs. Minoris, Intermedii e Arvenses
Apenas tenho referências de reação a bases fortes na cutícula (Agaricus xanthodermus), adquirindo coloração amarelo mais ou menos alaranjado, ainda que o uso de reactivos macroquimicos para o Género Agaricus não seja importante ou determinante.
Mais determinante é o odor, um dado muito importante para distinguir os Agaricus da secção Xanthodermatei de outras secções flavescentes (viragem da cor a amarelo):
Odor a iodo ou fenol - Secc. Xanthodermatei
Odor a amendoa amarga - Secs. Minoris, Intermedii e Arvenses
Zamanita- Carpóforo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Há algumas reacções macroquímicas que são importantes no género Agaricus, nomeadamente a reacção de Schaeffer (com ácido nítrico e anilina, aplicados em duas linhas perpendiculares, sendo importante reparar na reacção no ponto de intersecção), importante para separar as espécies do grupo Xanthoderma (sem reacção, ou Schaeffer 0) das outras amarelescentes comestíveis (reacção laranja vivo, ou Schaeffer +).
Também se pode usar outros produtos, nomeadamente álcool a 90º para fazer essa separação, ou uma solução aquosa de hipoclorito de sódio (o que os franceses chamam 'eau de Javel' e que é o princípio activo da lixívia). Com estes produtos, a reacção é inversa: o grupo 'Xanthoderma' apresenta um exacerbamento do amarelecimento que não se verifica nas restantes espécies, embora essa reacção só esteja referenciada na cutícula. Provavelmente é visível noutras partes do esporóforo. Não tenho referência ao uso de NaOH (soda ou soda cáustica), mas sendo o hipoclorito de sódio também uma base forte de sódio, é provável que a utilização da soda também tenha esse efeito. Seria também interessante testar a reacção com vulgar lixívia, uma vez que é um produto muito mais acessível (e menos perigoso) do que a soda cáustica ou a combinação ácido nítrico/anilina.
Como disse o Zamanita, o odor é sempre um caracter fiável, mas por vezes os exemplares não apresentam odor significativo e, nesse caso, as reacções químicas são essenciais.
Também se pode usar outros produtos, nomeadamente álcool a 90º para fazer essa separação, ou uma solução aquosa de hipoclorito de sódio (o que os franceses chamam 'eau de Javel' e que é o princípio activo da lixívia). Com estes produtos, a reacção é inversa: o grupo 'Xanthoderma' apresenta um exacerbamento do amarelecimento que não se verifica nas restantes espécies, embora essa reacção só esteja referenciada na cutícula. Provavelmente é visível noutras partes do esporóforo. Não tenho referência ao uso de NaOH (soda ou soda cáustica), mas sendo o hipoclorito de sódio também uma base forte de sódio, é provável que a utilização da soda também tenha esse efeito. Seria também interessante testar a reacção com vulgar lixívia, uma vez que é um produto muito mais acessível (e menos perigoso) do que a soda cáustica ou a combinação ácido nítrico/anilina.
Como disse o Zamanita, o odor é sempre um caracter fiável, mas por vezes os exemplares não apresentam odor significativo e, nesse caso, as reacções químicas são essenciais.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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amarelos
Já os identifiquei há um ano, no quintal de um amigo meu. Este ano eclodiram às dezenas e cresceram muito bem. Pela primeira vez, vi-os nos vários estádios, simultaneamente. O meu amigo - que não come cogumelos selvagens -, disse-me que um vizinho inglês os vai lá apanhar para comer. Reconheço que em nenhum exemplar consegui um amarelo tão intenso como o da última foto mas, das duas vezes que procedi à análise, com quase um ano de permeio, deu-me o mesmo resultado, A. xanthoderma. Será que estou enganado ou o "cámone" terá estômago de alumínio?
efe- Carpóforo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Atenção efe.
A última fotografia era aquela para a qual eu chamava a atenção de que:
Relativamente ao estômago do "cámone", pode ser que se lhe aplique (esperemos que não) a "teoria dos copofónicos": conseguem beber cerca de 5 litros sem pestanejar, mas o último copo por vezes deita-os abaixo.
Saudações,
Lebre
A última fotografia era aquela para a qual eu chamava a atenção de que:
Lebre escreveu: Para o caso de estar estudada a reacção à acção de uma base forte (NaOH), decidi também colocar uma gota na carne de cada um dos exemplares analisados, cujo resultado pode ser visto na última das fotografias que anexo. Alguém pode ajudar a esclarecer?
Lebre
Relativamente ao estômago do "cámone", pode ser que se lhe aplique (esperemos que não) a "teoria dos copofónicos": conseguem beber cerca de 5 litros sem pestanejar, mas o último copo por vezes deita-os abaixo.
Saudações,
Lebre
Última edição por Lebre em Seg 08 Fev 2010, 19:45, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : correcção de gralha)
Lebre- Carpóforo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Pedro Claro escreveu:Há algumas reacções macroquímicas que são importantes no género Agaricus, nomeadamente a reacção de Schaeffer (com ácido nítrico e anilina, aplicados em duas linhas perpendiculares, sendo importante reparar na reacção no ponto de intersecção), importante para separar as espécies do grupo Xanthoderma (sem reacção, ou Schaeffer 0) das outras amarelescentes comestíveis (reacção laranja vivo, ou Schaeffer +).
Oi Pedro
Concordo que em caso de dúvida, a reacção de Schaffer pode ser útil para separar a Secção Xanthodermatei das restantes secções flavescentes (apesar de não ter qualquer experiência com esse tipo de reagentes...)
A minha intervenção sobre a pouca utilidade dos reagentes nos Agaricus foi feita no seguimento da leitura do seguinte excerto da monografia de Roberto Galli, "Gli Agaricus":
Passo a citar:
“O uso de reactivos químicos no Género Agaricus não é importante nem determinante. A reacção macroquimica mais importante, a única experimentada em todas ou quase todas as espécies, é a recção de Schaffer (…)
(… ) Actualmente pouco considerada e pouco utilizada, trata-se mais do que outra coisa, de uma prova de confirmação, complementar da habitual determinação macro e microscópica, mas nada mais que isso. Na verdade não permite outra distinção ou delimitação, salvo para separar a Secção Xanthodermatei no âmbito dos Flavescentes (…)
(…)Finalmente, depois das considerações mencionadas acima e sem excluir uma certa perigosidade dos reactivos utilizados para a reacção de Schaffer, consideramos oportuno desaconselhá-la ou quanto muito não considerá-la absolutamente indispensável para fins determinativos.”
O que depreendo é que, face à possibilidade de identificar a secção Xanthodermatei através de caracteres micro e macroscópicos sem grandes dificuldades, bem como acrescida a perigosidade dos reagentes e a possível variabilidade de resultados face às condições existentes no momento do teste (Galli aconselha fazer o teste no local de colheita para não haver "contaminações" de bolores ou outros fungos), este será importante apenas quando houver poucas dúvidas e apenas como confirmação.
Zamanita- Carpóforo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Lebre escreveu:Atenção efe.
A última fotografia era aquela para a qual eu chamava a atenção de que:Lebre escreveu: Para o caso de estar estudada a reacção à acção de uma base forte (NaOH), decidi também colocar uma gota na carne de cada um dos exemplares analisados, cujo resultado pode ser visto na última das fotografias que anexo. Alguém pode ajudar a esclarecer?
Lebre
Relativamente ao estômago do "cámone", pode ser que se lhe aplique (esperemos que não) a "teoria dos copofónicos": conseguem beber cerca de 5 litros sem pestanejar, mas o último copo por vezes deita-os abaixo.
Saudações,
Lebre
Ah...ok. Entretanto vou manter a identificação até a uma próxima colheita em que tentarei ser mais minucioso. Agora fiquei intrigado, e vou mesmo esclarecer se o o inglês os anda a comer.
Saúde.
efe- Carpóforo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Também me parece o Xanthoderma. Tenho apanhado e consumido Agaricus de grandes dimensões que também ficam com tonalidades amareladas no chapéu, mas esse amarelo no corte do pé não me parece deixar dúvidas. O Xanthoderma apresenta também um cheiro forte a tinta.
Este ano encontrei um Agaricus que tinha a particularidade de ficar com um amarello vivo quando tocado ao de leve no anel (tinha também forte cheiro a tinta) e penso que se tratava também do Xanthoderma.
Este ano encontrei um Agaricus que tinha a particularidade de ficar com um amarello vivo quando tocado ao de leve no anel (tinha também forte cheiro a tinta) e penso que se tratava também do Xanthoderma.
Micelium- esporo
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Data de inscrição : 08/02/2010
Re: Agaricus xanthoderma?
Zamanita escreveu:Pedro Claro escreveu:Há algumas reacções macroquímicas que são importantes no género Agaricus, nomeadamente a reacção de Schaeffer (com ácido nítrico e anilina, aplicados em duas linhas perpendiculares, sendo importante reparar na reacção no ponto de intersecção), importante para separar as espécies do grupo Xanthoderma (sem reacção, ou Schaeffer 0) das outras amarelescentes comestíveis (reacção laranja vivo, ou Schaeffer +).
Oi Pedro
Concordo que em caso de dúvida, a reacção de Schaffer pode ser útil para separar a Secção Xanthodermatei das restantes secções flavescentes (apesar de não ter qualquer experiência com esse tipo de reagentes...)
A minha intervenção sobre a pouca utilidade dos reagentes nos Agaricus foi feita no seguimento da leitura do seguinte excerto da monografia de Roberto Galli, "Gli Agaricus":
Passo a citar:
“O uso de reactivos químicos no Género Agaricus não é importante nem determinante. A reacção macroquimica mais importante, a única experimentada em todas ou quase todas as espécies, é a recção de Schaffer (…)
(… ) Actualmente pouco considerada e pouco utilizada, trata-se mais do que outra coisa, de uma prova de confirmação, complementar da habitual determinação macro e microscópica, mas nada mais que isso. Na verdade não permite outra distinção ou delimitação, salvo para separar a Secção Xanthodermatei no âmbito dos Flavescentes (…)
(…)Finalmente, depois das considerações mencionadas acima e sem excluir uma certa perigosidade dos reactivos utilizados para a reacção de Schaffer, consideramos oportuno desaconselhá-la ou quanto muito não considerá-la absolutamente indispensável para fins determinativos.”
O que depreendo é que, face à possibilidade de identificar a secção Xanthodermatei através de caracteres micro e macroscópicos sem grandes dificuldades, bem como acrescida a perigosidade dos reagentes e a possível variabilidade de resultados face às condições existentes no momento do teste (Galli aconselha fazer o teste no local de colheita para não haver "contaminações" de bolores ou outros fungos), este será importante apenas quando houver poucas dúvidas e apenas como confirmação.
Tens razão, mas eu estava a pensar nas situações em que o odor não é fácil de identificar ou é nulo e, convenhamos, é mais fácil um amador ter acesso a alguns reagentes - principalmente o álcool a 90º, fácil de obter - do que a dados microscópicos. Neste sentido, não concordo com a posição do Galli!
Pedro Claro- Basidiocarpo
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Re: Agaricus xanthoderma?
Eu cheirei os exemplares em causa e ainda que houvesse um cheiro característico não muito intenso, não o consegui identificar. Não o descreviria como cheiro a tinta, mas... Por isso, resolvi omiti-lo do meu relato.
Lebre
Lebre
Lebre- Carpóforo
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Data de inscrição : 04/01/2009
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