Inventários micológicos
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Inventários micológicos
Os textos que seguem fazem parte, originalmente, dum tópico endereçado pelo manel na categoria Divulgação (ICNB vai lançar biblioteca online com cogumelos também!), mas permito-me transcrevê-los para aqui (espero que o manel não se importe) pois incidem sobre metodologia.
Gosto especialmente da frase que é atribuída ao Prof. Francisco Calonge (Madrid): as espécies novas aparecem onde há micologistas para encontrá-las.
As listas, por definição incompletas como disse, são-no por todos estes motivos, e também porque as visitas às parcelas são sempre apressadas e ainda porque, com muita pena nossa, mesmo que haja um batalhão de gente a "bater" a área, há sempre muitas espécies, mais discretas, que ficam sempre por ver, ou porque são pequenas, ou camufladas, ou nunca emergem (hipógeas).
As listas são, por definição, incompletas. E alguma vez poderão ser exaustivas? Em teoria... talvez, mas é muito mais que uma questão de tempo (uns dizem que são precisos 5 anos, outros propõem 10, eu cá digo que poderia até ser um ou dois bons anos), essencial é a maneira como se desenha a amostragem. Da minha experiência, os factores fundamentais para se conseguir a amostragem adequada (já nem digo exaustiva) são:manel escreveu:Conforme tinha sido anunciado, já está disponível um relatório que me parece bastante completo, datado de 2003, com as espécies identificadas nesta área.
O link é este.
É curioso perceber como bate certo, o lugar das ocorrências das espécies que fui encontrando aqui e agora vejo neste relatório. Também há uma ou outra, identificação incompleta, mas aqui sugerida, como a Amanita fulva, por exemplo e que ocorre, nos locais onde as fotografei. Em 2003, data do relatório, ainda deviam usar o nome Rozites Caperatus e não Cortinarius. Por último, procurei na lista o Craterellus cornucopiodes, mas não encontrei. Eu identifiquei-o no Trilho dos Moinhos e Regadios que é do PNPG. Será que temos no Fórum, um exemplar que o ICNB ainda não identificou na Parque Nacional da Peneda-Gerês?
Até breve!
Manel
- Homogeneidade ecológica de cada habitat a considerar (solo e, sobretudo, cobertura vegetal);
- Área contínua de cada parcela (pequeno demais não é representativo, mesmo que apareça lá muito cogumelo)
- Replicação (isto é, várias parcelas equivalentes)
- Intensidade de amostragem (idealmente, duas vezes por semana em cada parcela)
- Duração da amostragem (estações sazonais completas, e vários anos, em todas as parcelas)
Gosto especialmente da frase que é atribuída ao Prof. Francisco Calonge (Madrid): as espécies novas aparecem onde há micologistas para encontrá-las.
As listas, por definição incompletas como disse, são-no por todos estes motivos, e também porque as visitas às parcelas são sempre apressadas e ainda porque, com muita pena nossa, mesmo que haja um batalhão de gente a "bater" a área, há sempre muitas espécies, mais discretas, que ficam sempre por ver, ou porque são pequenas, ou camufladas, ou nunca emergem (hipógeas).
Obrigado!
Loco Gato,
Claro que não me importo, até agradeço que se destaque e coloque a informação relevante, nos locais mais próprios.
Li com interesse este teu post. De facto não me espanta nada que o Craterellus cornucopiodes, não tenha sido inventariado. Considerando a forma, local e época em que o encontrei, foi muito acidental. No entanto este documento, veio confirmar quase todas as espécies que identifiquei nas serras da Peneda e Gerês e dar ainda mais vontade de lá ir, pois há muitas mais que ainda não encontrei.
Só uma questão: Qual a atitude mais correcta da minha parte, ou qualquer um de nós? Contactar o ICNB do PNPG e informá-lo de uma colheita, aparentemente, ainda não inventariada, ou por não estar enquadrada na metodologia de amostragem deles, isso não faz sentido?
Até breve!
Manel
Claro que não me importo, até agradeço que se destaque e coloque a informação relevante, nos locais mais próprios.
Li com interesse este teu post. De facto não me espanta nada que o Craterellus cornucopiodes, não tenha sido inventariado. Considerando a forma, local e época em que o encontrei, foi muito acidental. No entanto este documento, veio confirmar quase todas as espécies que identifiquei nas serras da Peneda e Gerês e dar ainda mais vontade de lá ir, pois há muitas mais que ainda não encontrei.
Só uma questão: Qual a atitude mais correcta da minha parte, ou qualquer um de nós? Contactar o ICNB do PNPG e informá-lo de uma colheita, aparentemente, ainda não inventariada, ou por não estar enquadrada na metodologia de amostragem deles, isso não faz sentido?
Até breve!
Manel
Re: Inventários micológicos
@Loco Gato: excelente tópico, mais uma vez. Creio que estão aqui algumas bases interessantes para eventuais futuros projectos do fórum.
@Manel: possivelmente não terá grande interesse para eles porque a) não tens forma de provar a observação (mesmo que acreditassem na tua palavra, em termos científicos a validade da tua descoberta é virtualmente zero - e este é um dos aspectos a que estou a dar alguma relevância no documento que estou a preparar, relativo aos procedimentos de campo) e b) nenhum 'expert' pode atestar essa observação. Possivelmente também terás razão quando referes que, não tendo sido seguida a metodologia deles, a tua descoberta poderá não ter outro valor para além de alertar para a possibilidade de, numa futura campanha, se encontrar essa espécie. Eu próprio já encontrei várias espécies que no livro do Courtecuisse não estão referenciadas para Portugal (Xerocomus parasiticus, por exemplo, uma espécie até bastante simples de identificar) e sei que o *ento*loma* também já encontrou algumas (nomeadamente, Strobilomyces strobilaceus), mas, pelo menos no meu caso, sem exsiccata e sem um registo detalhado de vários dados importantes, estas 'descobertas', do ponto de vista científico, valem zero. Por isso quero, com a elaboração do Manual de Procedimentos de Campo, alertar para os passos necessários para 'validar' uma descoberta deste género.
@Manel: possivelmente não terá grande interesse para eles porque a) não tens forma de provar a observação (mesmo que acreditassem na tua palavra, em termos científicos a validade da tua descoberta é virtualmente zero - e este é um dos aspectos a que estou a dar alguma relevância no documento que estou a preparar, relativo aos procedimentos de campo) e b) nenhum 'expert' pode atestar essa observação. Possivelmente também terás razão quando referes que, não tendo sido seguida a metodologia deles, a tua descoberta poderá não ter outro valor para além de alertar para a possibilidade de, numa futura campanha, se encontrar essa espécie. Eu próprio já encontrei várias espécies que no livro do Courtecuisse não estão referenciadas para Portugal (Xerocomus parasiticus, por exemplo, uma espécie até bastante simples de identificar) e sei que o *ento*loma* também já encontrou algumas (nomeadamente, Strobilomyces strobilaceus), mas, pelo menos no meu caso, sem exsiccata e sem um registo detalhado de vários dados importantes, estas 'descobertas', do ponto de vista científico, valem zero. Por isso quero, com a elaboração do Manual de Procedimentos de Campo, alertar para os passos necessários para 'validar' uma descoberta deste género.
Pedro Claro- Basidiocarpo
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