Martha Stewart e as trufas negras norte-americanas em vídeo
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Martha Stewart e as trufas negras norte-americanas em vídeo
Americanos não perdem tempo com cautelas a mais. São arrojados, arriscam, sabem fazer as coisas e claro, a sorte bafeja-os.
Estão a preparar o North American Truffle Fest e, até já algum tempo atrás (2007), deram um jeito de chamar a atenção da Martha Stewart para a causa. Que oportuno! Um bom pedaço de programa desta opinion leader norte americana e global, descrevendo o processo, desde que tudo começou, passando pela micorrização das árvores, colheita com cães e, como não podia deixar de ser, uma omelete com um exagero de trufas negras. As coisas não acontecem por acaso. Empreendedorismo, associativismo e marketing, integrados, dão nisto. Até parece fácil. Veja o vídeo.
Neste site recomendo ainda a visita à área dos "sponsors", em especial a Garland Truffles. Aparentemente são a locomotiva. É curioso ver lá a descrição simples, de como entrar neste negócio e requisitos. Eles têm "pomares" e "viveiros" de "truffle trees". Suponho que sejam aveleiras, mas não interessa nada, agora são "trufeiras". É possível ainda aceder a vários links, por todo o site, como para a "Truffle Grower" a associação de truficultores", ou para os oradores do "grower´s forum", uma espécie de um colóquio inserido no evento. Enfim, isto é como as cerejas, não explorei tudo.
O tom geral da comunicação é gourmet, um tanto decalcado da enologia o que é compreensível. Apesar de ainda um pouco incipiente, nota-se perfeitamente que estão a beber no formato de sucesso dos vinhos da Califórnia, outro produto que os Americanos, contra o cepticismo do velho mundo, tão bem importaram e desenvolveram. Aliás, se prestarem atenção, penso que no vídeo, Franklin Garland, assume essa visão, afirmando que a ideia é transformar a sua região, no Nappa Valley das trufas.
Prova disto, é a definição da fragrância da trufa negra, no site do Piedmont Valley Truffles, uma empresa que diz ter por missão, o desenvolvimento e propagação do cultivo da trufa negra nos EUA, bem como a educação do seu consumo, nos vários segmentos de mercado. Não se ficando por aqui, querem oferecer trufas frescas em 4 horas ou menos, do produtor ao consumidor. Assumem contornos de consultoria. Parece saber o que estão a fazer. Os indícios são de que pretendem assegurar o controlo transversal do negócio, em todos os elos da cadeia de valor, desde a produção ao rápido cumprimento das encomendas (fulfillment), evitando perdas, gerando satisfação nos clientes e mantendo os custos fixos, o mais baixo possíveis. Num produto exclusivo, pouco pesado ou volumoso por entrega e com estas margens, não é difícil imaginar o desenvolvimento de uma política de satisfação de clientes, com entregas rápidas de um produto sempre fresco, provavelmente numa boa embalagem desenvolvida para todos os produtores, logísticas terciarizadas (encomendas, distribuição e cobranças), com poucos ou nenhuns intermediários. Mais uma vez, nada que os melhores vinhos e outros segmentos gourmet, também já não estejam a fazer.
Soube da novidade pelo Mountain Express de ontem. Este artigo conta como tudo começou lá com o empurrão de uns franceses, as estratégias sobre este negócio emergente, bem como o testemunho de um truficultor (Frank Garland, again), riscos, dificuldades, cuidados e obviamente proveitos.
Comparando estes links às reservas apresentadas ao cultivo de trufas no As trufas do projecto Agro 449, o que se pode concluir? Que mais uma vez não temos dimensão, massa crítica, mercado, capacidade de investimento, o risco é elevado, condições climatéricas ou solo, logo não teremos unhas para tocar esta guitarra?
Pois talvez. Entretanto, vou divulgando o que vai sendo feito. Talvez, algum dia, alguém se inspire e ouse novas abordagens, seja nos cogumelos ou outra área, cujo principal argumento de venda não seja exclusivamente ser igual aos outros, mas mais barato.
Podemos ainda ver o que se passa noutros pontos do mundo com trufas de cultivo como na N. Zelândia onde no site deste viveiro afirma-se existirem no país mais de 100 locais de produção de trufas, ou ainda no Chile.
Mais perto de nós, e novamente em As trufas do projecto Agro 449, há links para bibliografia, sites de viveiros de árvores micorrizadas em Espanha e França, bem como para outras empresas e organizações relevantes na área, nestes dois países. Ainda no fórum da Ecofungos, Marta Ferreira, mantém alguns posts sobre o tema. Lá, fiquei a saber que já há plantações não oficiais em Portugal, na lógica de que o segredo é a alma do negócio. O que não é a prática em paragens onde o assunto parece estar mais desenvolvido, pela cooperação e mobilização de novos empreendedores visando uma oportunidade de negócio, potencialmente estratégico para toda uma região. Mais ainda, quando na Carolina do Norte, os pomares de trufas, são uma alternativa para produtores de tabaco, aparentemente em dificuldades.
Até breve!
Manel
Estão a preparar o North American Truffle Fest e, até já algum tempo atrás (2007), deram um jeito de chamar a atenção da Martha Stewart para a causa. Que oportuno! Um bom pedaço de programa desta opinion leader norte americana e global, descrevendo o processo, desde que tudo começou, passando pela micorrização das árvores, colheita com cães e, como não podia deixar de ser, uma omelete com um exagero de trufas negras. As coisas não acontecem por acaso. Empreendedorismo, associativismo e marketing, integrados, dão nisto. Até parece fácil. Veja o vídeo.
Neste site recomendo ainda a visita à área dos "sponsors", em especial a Garland Truffles. Aparentemente são a locomotiva. É curioso ver lá a descrição simples, de como entrar neste negócio e requisitos. Eles têm "pomares" e "viveiros" de "truffle trees". Suponho que sejam aveleiras, mas não interessa nada, agora são "trufeiras". É possível ainda aceder a vários links, por todo o site, como para a "Truffle Grower" a associação de truficultores", ou para os oradores do "grower´s forum", uma espécie de um colóquio inserido no evento. Enfim, isto é como as cerejas, não explorei tudo.
O tom geral da comunicação é gourmet, um tanto decalcado da enologia o que é compreensível. Apesar de ainda um pouco incipiente, nota-se perfeitamente que estão a beber no formato de sucesso dos vinhos da Califórnia, outro produto que os Americanos, contra o cepticismo do velho mundo, tão bem importaram e desenvolveram. Aliás, se prestarem atenção, penso que no vídeo, Franklin Garland, assume essa visão, afirmando que a ideia é transformar a sua região, no Nappa Valley das trufas.
Prova disto, é a definição da fragrância da trufa negra, no site do Piedmont Valley Truffles, uma empresa que diz ter por missão, o desenvolvimento e propagação do cultivo da trufa negra nos EUA, bem como a educação do seu consumo, nos vários segmentos de mercado. Não se ficando por aqui, querem oferecer trufas frescas em 4 horas ou menos, do produtor ao consumidor. Assumem contornos de consultoria. Parece saber o que estão a fazer. Os indícios são de que pretendem assegurar o controlo transversal do negócio, em todos os elos da cadeia de valor, desde a produção ao rápido cumprimento das encomendas (fulfillment), evitando perdas, gerando satisfação nos clientes e mantendo os custos fixos, o mais baixo possíveis. Num produto exclusivo, pouco pesado ou volumoso por entrega e com estas margens, não é difícil imaginar o desenvolvimento de uma política de satisfação de clientes, com entregas rápidas de um produto sempre fresco, provavelmente numa boa embalagem desenvolvida para todos os produtores, logísticas terciarizadas (encomendas, distribuição e cobranças), com poucos ou nenhuns intermediários. Mais uma vez, nada que os melhores vinhos e outros segmentos gourmet, também já não estejam a fazer.
Soube da novidade pelo Mountain Express de ontem. Este artigo conta como tudo começou lá com o empurrão de uns franceses, as estratégias sobre este negócio emergente, bem como o testemunho de um truficultor (Frank Garland, again), riscos, dificuldades, cuidados e obviamente proveitos.
Comparando estes links às reservas apresentadas ao cultivo de trufas no As trufas do projecto Agro 449, o que se pode concluir? Que mais uma vez não temos dimensão, massa crítica, mercado, capacidade de investimento, o risco é elevado, condições climatéricas ou solo, logo não teremos unhas para tocar esta guitarra?
Pois talvez. Entretanto, vou divulgando o que vai sendo feito. Talvez, algum dia, alguém se inspire e ouse novas abordagens, seja nos cogumelos ou outra área, cujo principal argumento de venda não seja exclusivamente ser igual aos outros, mas mais barato.
Podemos ainda ver o que se passa noutros pontos do mundo com trufas de cultivo como na N. Zelândia onde no site deste viveiro afirma-se existirem no país mais de 100 locais de produção de trufas, ou ainda no Chile.
Mais perto de nós, e novamente em As trufas do projecto Agro 449, há links para bibliografia, sites de viveiros de árvores micorrizadas em Espanha e França, bem como para outras empresas e organizações relevantes na área, nestes dois países. Ainda no fórum da Ecofungos, Marta Ferreira, mantém alguns posts sobre o tema. Lá, fiquei a saber que já há plantações não oficiais em Portugal, na lógica de que o segredo é a alma do negócio. O que não é a prática em paragens onde o assunto parece estar mais desenvolvido, pela cooperação e mobilização de novos empreendedores visando uma oportunidade de negócio, potencialmente estratégico para toda uma região. Mais ainda, quando na Carolina do Norte, os pomares de trufas, são uma alternativa para produtores de tabaco, aparentemente em dificuldades.
Até breve!
Manel
Última edição por manel em Dom 22 Fev 2009, 19:07, editado 45 vez(es)
Re: Martha Stewart e as trufas negras norte-americanas em vídeo
Pessoalmente, e na minha húmilde opinião, acho que devíamos ser mais corajosos nas nossas ideias, nas nossas convicções! Nós portugueses, ainda temos uma mentalidade muito conservadora no que toca a novos investimentos, novas oportunidades, e já se sabe que o sector micológico português não é o melhor...
Mas com o panorâma de crise em que vivemos, custa investir assim...
Um abraço,
Nuno
Mas com o panorâma de crise em que vivemos, custa investir assim...
Um abraço,
Nuno
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