Máquinas Fotográficas mais adequadas aos fungos

Viva, amigos.
Uma vez que estou a considerar adquirir uma nova máquina, aproveitava para escolher uma mais adequada às sessões de moda com cogumelos, Para isso gostaria de saber qual a marca e modelo das vossas máquinas, nomeadamente para verificar estas características que me parecem importantes neste tipo de Fotografia.
1 - a que distância mínima executa macro?
2 - tem LCD rebatível ou fixo?
3 - tem LiveView ou apresenta a imagem apenas depois de registada a foto?
4 – A focagem manual é realizada através de “setas de navegação, step-by-step” ou por anel de focagem?

A título de exemplo, coloco 3 imagens da minha Sony R1 (mas não é necessário colocar imagem das vossas).
1 – 35 cm
2 – LCD rebatível
3 – tem LiveView
4 – anel de focagem manual

Terminologia:
LCD rebatível - permite deslocar, rodar em torno de um ou dois eixos, o pequeno monitor; LiveView - permite visualizar o tema em tempo real, antes de fotografar.

Para os interessados sobre máquinas fotográficas digitais, dados técnicos, características, testes e comparativos, sugiro a visita ao sítio “Guia Taxonómico”, ou “Bíblia das digitais”, aqui: http://www.dpreview.com/
(na secção “Bying Guide” existe uma opção “side-by-side” que permite comparar dois ou mais modelos em simultâneo)

Abraços
Efe

Neste momento só tenho uma SLR digital, a Canon EOS 40D. Durante 4 anos usei outra SLR digital - a Canon EOS 300D -, nos dois anos antes desta usei uma compacta digital (Canon Powershot G2) e antes disso desenvencilhava-me com uma Pentax P30-T (SLR analógica, ou de rolo).

Relativamente às tuas questões:

1 - Obviamente, com as DSLR esta questão não se coloca. Basta seleccionar a objectiva que melhor se adequa à foto que pretendo fazer e voilá. Eu tanto uso uma objectiva 'normal' (uma 24-105) como uma macro de 90mm que permite magnificações de 1:1 ou 1x. Tenho ainda uma objectiva com controlo da perspectiva (TS-E 90) que uso pontualmente, e ainda uma objectiva mais 'grande angular' e um telezoom que, normalmente, não uso para fotografar cogumelos mas sim para fotografia geral (também fotografo muito em viagem - monumentos, pessoas, paisagens...) Para as espécies mais pequenas ou para fotografar pequenos detalhes, por vezes uso algum acessório que me permita ir acima de 1:1 (neste momento só tenho um acessório específico para Canon, o 'Life-Size Converter', que permite aumentar em cerca de 1.7x a magnificação da objectiva, mas já usei tudo o que seja possível imaginar, desde tubos de extensão a dioptrias, passando por sistemas menos ortodoxos, como inverter objectivas diante da objectiva principal). Como a G2 não permitia grandes aproximações ao sujeito a fotografar - e por vezes era mesmo necessário aproximar mais um pouco - acabei por comprar um acessório que se enroscava na objectiva e permitia usar filtros, nomeadamente dioptrias (vulgo 'filtros macro'). No entanto, creio que este aspecto é muito sobrevalorizado nas compactas. Raramente há necessidade de nos aproximarmos muito dos cogumelos para os fotografar (excepção aos de dimensões verdadeiramente reduzidas) e, além disso, os modos macro de algumas câmaras compactas são activados em grande-angular, que origina uma enorme distorção da imagem e pode resultar em fotografias algo estranhas.

2 e 3 - A G2 tinha esse magnífico LCD que podia ser aberto e rodado, de forma a ser colocado em quase qualquer posição possível e imaginária. As SLR que tenho ou tive não possuem esse sistema. Em relação ao Live View, apenas a 40D o tem e, comparando com a 300D, é uma melhoria substancial em termos de conforto e também em termos de precisão, ao fotografar. O Live View da 40D permite 3 enormes vantagens em relação a um sistema sem Live View:
a) o enquadramento é 100% (a imagem que se vê é, em termos de composição, exactamente igual à imagem que se vai obter - WYSIWIG ou what you see is what you get -; por outro lado, os visores das SLR apresentam apenas 90 a 96% da imagem total que se vai obter, o que muitas vezes 'obriga' ao corte da imagem final para ajuste da composição);
b) com a possibilidade de aumentar a imagem 5x ou 10x em tempo real, a focagem manual é precisa, exacta e inequívoca;
c) não sendo um sistema tão 'user-friendly' como um LCD rebatível, evita algumas posições acrobáticas e potencialmente desagradáveis que são muito frequentes quando se 'espreita' pelo visor da câmara.

4 - Obviamente, com as SLR a focagem manual é efectuada no anel da respectiva objectiva. Na G2 era step-by-step. A diferença é abissal! Não há nada como ter um anel de focagem - maior precisão, maior suavidade, mais fácil de usar e mais 'user-friendly'.

Apesar de ser possível obter boas fotografias de cogumelos com, virtualmente, qualquer máquina fotográfica, creio que um sistema SLR permite a maior versatilidade e, também, a melhor qualidade. Claro que tem aspectos negativos:
a) volume - mesmo um 'kit' básico tem um volume que pode chegar a 4 ou 5x o volume de uma 'bridge' (já de si maior que uma verdadeira compacta) o que, para além do incómodo óbvio do transporte e manuseamento, dificulta ainda as fotografias 'a rasar' o solo;
b) peso - idem;
c) preço - já se encontram SLR a preços mais baixos que algumas compactas ou 'bridges' de topo, mas há que pensar numa SLR como um sistema e não como uma solução única para tudo, ou seja, comprando uma SLR estaremos sempre sujeitos a ter que comprar mais uma ou duas objectivas, um flash externo, acessórios...

Creio que uma boa compacta ou uma boa 'bridge' [bridge: parece uma SLR, mas com objectiva não intermutável] serão a melhor opção para quem não pretende construir um sistema SLR, investir muito dinheiro ou simplesmente não se interessa particularmente por fotografia e, portanto, não vê grande vantagem na construção de um sistema fotográfico e se contenta com uma solução 'tudo-em-um'. Na minha opinião, estas são as características que uma boa máquina para fotografar cogumelos deve ter:

- Boa qualidade de imagem (muito mais importante que muitos megapixels), porque é necessário registar com detalhe os pormenores dos exemplares;
- Corolário do anterior: eu cingir-me-ia a marcas conceituadas e com provas dadas - Nikon, Canon, Pentax, Sony, Olympus e mais duas ou três. Esqueçam Benq, HP e outras do género...
- Qualquer câmara com 4 ou 5 megapixels (Mpix) é suficiente - a Powershot G2 que usei tinha 4 Mpix e a 300D tinha 'apenas' 6 Mpix e durante 6 anos foram mais que suficientes para fazer impressões excelentes em A4 (provavelmente, 6 Mpix deverão permitir imprimir em A3 sem grandes problemas).
- Na maior parte das vezes, é preferível focar MANUALMENTE, até porque os sistemas de focagem das compactas são muito falíveis em distâncias curtas e com pouca luz (o que acontece quase sempre), pelo que é necessário que a câmara tenha um sistema prático e funcional de focagem manual (de preferência um anel de focagem na objectiva) e uma forma de confirmar a exactidão dessa focagem (Live View com possibilidade de ampliar a imagem pelo menos 5x).
- O tal LCD rebatível é um enorme facilitador, mas não o considero essencial - mais uma vez, 4 anos com a 300D permitem-me chegar a esta conclusão.
- Uma sapata para flash - ou seja, a possibilidade de acoplar um flash externo é, na minha opinião, de extrema importância. A maioria dos utilizadores não atribui grande importância a este factor, mas para mim é absolutamente essencial conseguir controlar a iluminação do que pretendo fazer e, nos bosques escuros e a uma distância muito pequena dos sujeitos a fotografar, é muito complicado controlar a luz sem o recurso a um (ou mais) flash(es).
- Um botão de previsão de profundidade de campo - este é outro aspecto essencial, porque permite visualizar que partes da fotografia vão ou não ficar bem focadas. Nas compactas, pelo seu design e pela distância focal das objectivas que têm integradas (permitem uma muito maior profundidade de campo), este aspecto é negligenciável; numa SLR é absolutamente essencial para poupar tempo e evitar ter que tirar 4 ou 5 fotografias até se acertar com a abertura necessária para o que se pretende.

Em termos de acessórios, eu apontaria um tripé como essencial (de preferência um que permita colocar a câmara ao nível do solo) e um flash externo como muito importante, caso a câmara permita a sua utilização.

Posto isto, e tendo em conta as especificações da Sony R1, acho que tens uma excelente câmara para o que pretendes... Posso saber porque razão achas que precisas de uma câmara nova?

1º Não vou aqui inserir todo o material que tenho (umas 8 ou 9 SLR’s analógicas até ao médio formato e mais umas compactas de colecção), nem as 4 objectivas que uso diariamente na foto-reportagem, com a EOS 5D. (também há uma EOS 10 D na prateleira). O meu colega usa uma igual à tua EOS 40D. Já experimentei, na inauguração do autódromo do Algarve, é muito boa. Também tenho disponível, se precisar, qualquer um dos modelos digitais da Nikon com uma boa panóplia de objectivas profissionais. Só que eu não quero andar com uma SLR atrás, pelos campos fora, ponto Final. Digamos que já me chega andar com uma diariamente, no trabalho.

2º Gosto muito da R1, faço aéreas e retrato com ela e não me arrependo de ter vendido uma EOS 10D para a comprar, só que em 2007 foi ao chão e daí para cá fiquei a pensar que tinha “empenado” qualquer coisa e lixado a função macro. Porém, ontem, depois de alguns testes, descobri que não é assim. Não há nenhuma avaria no macro. Apenas o facto de eu não ter presente que a distância mínima de focagem em macro, na R1, é de 31 cm (é o que dá mexer em muitas máquinas agravado pela pouca apetência e prática pela macro fotografia). Ora, assim, a R1 resolve 90% do que preciso, mas não faz uns macros bem apertados, por isso (e porque julgava que andava ali avaria) estava a considerar adquirir uma nova compacta (ou SLR like).

3º Afinal, a R1 afinal não está com avaria e, por outro lado, hoje lembrei-me de ir à prateleira buscar uma das duas Olympus C-2500L, que faz macro até cerca de 1cm da lente, bastante close, portanto. Esta, vou deixar para as macros a realizar em casa, a pormenores importantes. Para o terreno vai a versátil e excelente Sony R1. E as SLR’s ficam no poiso. Assunto resolvido!

Ó Pedro, acessórios também tenho aos montes, desde mini-tripés a reflectores, flashs da Metz, Canon, Nikon, Olympus… mas eu não vou andar com esse material atrás. Antes com um cesto maior do que com material fotográfico…hehehehe….

Obrigado pelas informações, Pedro. Aposto que servirão a alguns interessados.
Abraço.

efe

Polecat escreveu:

Boas!

Tão boas informações e tão técnicas que até me sinto envergonhado de postar aqui a minha máquina actual comprada há mais ou menos um ano em segunda mão em Tóquio, o sítio onde rende mesmo muito comprar tecnologia em segunda mão

Por enquanto não quero comprar outra, apesar de já dar uso a muito mais possibilidades que a máquina oferece, ainda não a exploro ao máximo, nomeadamente o tal jogo das profundidades de campo controladas pela abertura do diafragma já referido pelo efe.

As maiores limitações que sinto para já são a falta de um tripé e talvez um difusor (possivelmente improvisado) porque quando tenho de recorrer ao flash para fotografar cogumelos, os cogumelos terão quase sempre de ser centrados na fotografia o que causa invariavelmente um efeito horrível (mesmo com a intensidade do flash no mínimo). Na minha opinião o maior defeito desta máquina é o seu modo automático, sempre fotos muito fracas em termos de cor e contraste, principalmente quando tem de recorrer ao flash.

Enfim concluindo, a alguém que esteja interessado em fotografar cogumelos e para isso queira saber o mínimo de fotografia para fazer fotografias minimamente razoáveis sem gastar muito dinheiro, recomendo qualquer coisa neste estilo. Hoje por menos de 100€ arranjam até melhor

Abraços!

Ora aí está, Polecat. Pois eu fui "desenterrar" uma máquina de 1999, e repara que é uma máquina cogumeliforme. E opto por esta justamente porque tem alguns aspectos mais adequados a este tipo de Fotografia do que as máquinas mais caras (até mesmo do que a Pro que uso diariamente), nomeadamaente executar macro a distâncias muito pequenas (a partir de 4cm); e o facto de ser uma pequena máquina, logo, muito leve. E repara que tem apenas 2.5 Mpixels, enquanto a tua, p. ex. tem 6 Mpixels.

E fazes muito bem em não cair nas tentações de consumismo de aparatos que só, aparentemente, fazem mais e melhor do que as compactas mais simples. Esta Olympus não é uma campacta mas sim uma SLR like, mas já tão antiga que a separa das modernas uma diferença abissal... mas serve para o que se pretende.

Quanto ao tripé, eu que tenho um mini-tripé telescópico como o das antenas dos rádios optei pelas alternativas apresentadas aqui no fórum: um bocado de esferovite ou poliuretano expansível, é mais leve e permite planos inferiores que nenhum tripé consegue.

Quanto ao modo automático, pois esse será um calcanhar de aquiles desses modelos, mas tens aí umas opções Manual, e programas de prioridade ao diafragma ou ao obturador (velocidade); é uma questão de explorar.
Em suma: reitero a tua recomendação final, uma compacta, bem explorada, rende bastante.

Aqui deixo uma imagem da "máquina cogumelo" Olympiae camediae (o "chapéu" não é mais do que um adpatador Grande Angular que, aposto, deve dar umas panorâmicas interessantes com um cogus em 1º plano e, sei lá, um javali lá ao fundo (?))



Abraço


Essa Pholiota nameko tem aspecto apetitoso. É um exemplar selvagem ou de "aviário"?