Cogumelos de Portugal
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Mensagem  Lebre Dom 17 Out 2010, 23:02

Olá a todos,
Tal como o Zamanita afirmou no tópico de Mr. Cross, "Cogumelos na pinha", a época alta está a chegar.
Apresento algumas imagens de exemplares do género Mycena, todos também eles em pinhas, que serão de outra espécie do que a considerada naquele tópico, pois embora a lâminas sejam rosadas o chapéu não é estriado.
Lebre

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Mensagem  Pedro Claro Ter 19 Out 2010, 10:21

Que eu saiba, apenas Mycena seynesii cresce em pinhas (dentro do género Mycena, claro). Apesar de alguma variação na cor, eu acho que se trata da mesma espécie.

Pedro Claro
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Mensagem  Lebre Ter 19 Out 2010, 10:37

Caro Pedro,
Há outra diferença - a margem do chapéu não é estriada.
Obrigado,
Lebre

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Mensagem  Pedro Claro Ter 19 Out 2010, 15:15

Creio que a estriação da margem do chapéu não será um factor relevante, mas neste momento não posso aceder à minha bibliografia e, por isso, prefiro não falar de cor. Quando chegar a casa vou investigar a questão e volto ao assunto.

Pedro Claro
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Prenúncio Empty M.s eynessi têm de ter margem estriada?

Mensagem  efe Ter 19 Out 2010, 16:16

Exemplos de Mycena em pinhas, identificadas como M. seynesii e que não apresentam margem estriada.

http://fungosdobrasil.blogspot.com/2008/07/micologia.html

http://4.bp.blogspot.com/_bt3W70m_A8M/SQ-lVwGL6MI/AAAAAAAAA6w/DZ7pnVCTqVQ/s1600-h/Mycena+seynesii.jpg
foto daqui http://verdes-ecos.blogspot.com/2008/11/micologia-parte-iv.html


http://smma.argenson.free.fr/IMG/jpg/Mycena_seynii_DSCA8016-2.jpg
foto daqui http://smma.argenson.free.fr/article.php3?id_article=219

Ou será que outras Mycena, apara além da seynesii, também parasitam as pinhas?
http://luirig.altervista.org/naturaitaliana/viewpics.php?title=Mycena+luteoalba
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Prenúncio Empty Assim não vale ...

Mensagem  Lebre Ter 19 Out 2010, 19:43

Caro efe,
Assim não vale ...

Antes de responder aos exemplos que deu, deixe-me dizer-lhe o seguinte. Eu criei este tópico precisamente por ter visto o tópico do Mr. Cross, que apresentava um conjunto de exemplares todos eles com margem estriada e ao qual o Zamanita respondeu identificando a espécie aí considerada como Mycena seynesii, e achar, depois de consultar o meu guia que se tratavam de espécies diferentes, pois os meus não tinham a margem estriada. No meu guia a estriação da margem é mencionada como uma característica da espécie Mycena seynesii e não se trata de estriação por transparência, característica que é citada para outras espécies.

Agora relativamente aos exemplos: Na sua mensagem cita três exemplos em que como diz "Exemplos de Mycena em pinhas, identificadas como M. seynesii e que não apresentam margem estriada". Podia até citar 1000, que isso não queria dizer que tal fosse verdade. Para que me faça entender bem, pego num dos exemplos que refere, cito

efe escreveu:
http://4.bp.blogspot.com/_bt3W70m_A8M/SQ-lVwGL6MI/AAAAAAAAA6w/DZ7pnVCTqVQ/s1600-h/Mycena+seynesii.jpg
foto daqui http://verdes-ecos.blogspot.com/2008/11/micologia-parte-iv.html

e faço a pergunta: Quem os identificou e que credibilidade merece essa identificação?

Para responder a esta pergunta dou-lhe um exemplo da mesma página, mas primeiro digo-lhe o seguinte:
Eu sou uma pessoa que se dedicou aos cogumelos apenas no último ano e encontrei exemplares do género Geastrum apenas duas vezes. Recentemente, encontrei alguns exemplares de uma espécie que à primeira vista pertenceriam àquele género. Mas não, eram do género Myriostoma - ver o tópico intitulado "Myriostoma coliforme" de há dois dias atrás - como concluí depois de investigar o assunto. Isto porque havia uma característica que era diferente do que se passa no género Geastrum. Pois bem, se reparar na página acima referida lá figura a tal espécie Myriostoma coliforme identificada como pertencente ao género Geastrum.
Penso que este exemplo é suficiente para marcar o meu ponto de vista.

Um abraço,
Lebre



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Mensagem  Pedro Claro Ter 19 Out 2010, 23:27

As duas últimas mensagens foram apagadas por não acrescentarem nada de produtivo à discussão e não falarem de Micologia. Espero que o tom e o conteúdo não se repitam e que esta pausa sirva para poderem reflectir um pouco.

Lebre, na internet tudo se pode questionar. A credibilidade da maioria dos sites é tanta (ou tão pouca) como as identificações que são feitas aqui no fórum - principalmente em casos destes, com base em fotografias (por muito boas que sejam) e em descrições mais ou menos sucintas. O que não invalida que não se possam colher informações válidas. Por outro lado, também os manuais - principalmente os guias direccionados para o grande público - apresentam erros mais ou menos graves, que muitas vezes se vão perpetuando, seja por culpa das traduções feitas por tradutores sem formação na área, seja por erros científicos de base. Se vamos questionar tudo, em última análise não existe conhecimento porque não há fontes fidedignas.

Filosofias à parte, fiz uma pequena investigação (na minha bibliografia, a maior parte dela considerada bastante credível) e cheguei a várias conclusões:

1 - A espécie Mycena seynesii vem referenciada em muito poucos livros. Não consta em 'Fungi of Switzerland', não consta no 'Phillips' [Mushrooms, de Roger Phillips], não consta em 'Las Setas en la Naturaleza'... Não fora a referência no 'Courtecuisse' e a ficha número 289 de 'Bolets de Catalunya', pensaria tratar-se de uma espécie fantasma.

2 - Consequentemente, a minha interpretação é que se trata de uma espécie rara ou inexistente nos países do centro/norte da Europa, mas frequente nos pinhais dos países mais meridionais.

3 - Apenas encontrei outra micena que ocorre em pinhas: Mycena longiseta, uma espécie obscura e sobre a qual não encontrei quase informação nenhuma, excepto que apresenta um disco basal (na base do pé) bastante evidente, o que nos leva a descartar essa hipótese por não haver referência na descrição nem evidências nas fotografias.

4 - Existem, no entanto, outras espécies pertencentes a outros géneros que têm ocorrência exclusiva ou preferencial em pinhas, nomeadamente as pertencentes aos géneros Baeospora e Strobilurus. As espécies do género Baeospora (B. myosura é a mais conhecida, existindo apenas 2 na Europa, segundo o 'Courtecuisse'), no entanto, têm as lâminas extremamente cerradas (ao contrário de Mycena seynesii que as tem relativamente espaçadas). O género Strobilurus tem a particularidade de ocorrer apenas na Primavera e em pinhas semi-enterradas. Por outro lado há algumas espécies que podem ocorrer em pinhas (embora não de forma preferencial ou exclusiva), mas as semelhanças com Mycena seynesii seriam pura coincidência - lembro-me, por exemplo, de Hygrophoropsis aurantiaca e algumas espécies de Gymnopilus, nomeadamente G. penetrans.

5 - A descrição de Mycena seynesii do 'Courtecuisse' começa assim: "Ch -> 4cm, lisse à ridulé...", o que se pode traduzir para "Chapéu até 4 cm de diâmetro, liso a ..." e a complicação começa na definição de 'ridulé' ou 'ridé' como também aparece no glossário, mas que eu interpreto como 'enrugado' - e portanto ficamos basicamente na mesma. A ficha número 289 da publicação da Societat Catalana de Micologia parece ser mais clara e inequívoca, porque refere "Cutícula de color fundamentalmente rosado, a veces con tonalidades grisáceas o lilacinas, estriada en estado hidratado". Deduzo, portanto, que a margem é estriada com humidade e lisa quando o esporóforo desidrata, o que explica perfeitamente a ocorrência de M. seynesii com margem lisa e margem estriada.

Evidentemente que a enorme plasticidade da maior parte das espécies de cogumelos também joga um papel importante aqui e é bom ter sempre presente que uma mesma espécie pode apresentar um enorme leque de variações para um único caracter.

Em conclusão, na minha opinião estamos a falar, também aqui, de Mycena seynesii.

Pedro Claro
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Mensagem  Lebre Qua 20 Out 2010, 20:29

Obrigado, Pedro, por mais este belo trabalho de recolha de informação.
Os argumentos apresentados são claros e a interpretação final penso ser a adequada em face da informação reunida.
Relativamente aos considerandos estou de acordo com o tom geral, mas queria acrescentar que, embora para mim a micologia seja um passatempo, ponho nesta actividade todo o empenho e pretendo aprender os fundamentos científicos (por ser uma ciência) que estão na sua base e não vender banha da cobra ou comprá-la quando me a apresentam.
Gostaria ainda de acrescentar alguns pormenores, usando a separação por pontos que usou na sua mensagem para ser mais eficiente:

1 – Quando numa das minhas mensagens me referi ao “meu guia” estava a falar de uma obra que penso merecer toda a credibilidade. Trata-se do livro intitulado
“Guía de Campo de los Hongos de la Península Ibérica” da autoria de Basilio Llamas Frade e Arsenio Terrón Alfonso, 2ª edição de 2009.
Neste livro são descritas 31 espécies do género Mycena, entre as quais M. seynisii. Cabe aqui dizer que o nome da espécie que figura no livro é Mycena seynii, que penso tratar-se de um erro tipográfico (o primeiro que encontrei até agora), uma vez que esse nome não existe no Index Fungorum.

3 – Eu encontrei uma outra espécie – M. purpureofusca - que tem como habitat preferencial as pinhas. Pode encontar-se uma descricão e fotografias em http://www.mykoweb.com/CAF/species/Mycena_purpureofusca.html.
Trata-se de uma espécie morfologicamente parecida com M. seynesii (incluindo as cores do chapéu, mas não a das lâminas), tendo como característica distintiva a aresta das lâminas ser vináceo-púrpura. Não sei da sua ocorrência na nossa zona geográfica, mas aquele carácter não está presente em nenhum dos meus exemplares, o que já vi examinando as fotografias ampliadas. Sei que em Espanha há registos desta espécie, havendo um trabalho a que não consegui aceder que tem o nome da espécie: “GARCÍA-ROLLÁN, M. (2006). Mycena purpureofusca en la Sierra de Guadarrama. Bol. Micol. FAMCAL 1: 15-16. “

4 – Efectivamente no “meu guia” vêm descritas as seguintes espécies com apetência por pinhas: Baeospora myosura, Stobilurus stephanocystis e Stobilurus tenacellus, a primeira ocorrendo no Outono e as outras duas na Primavera.

5 – Aproveito para reproduzir aqui a descrição da espécie M. seynesii tal qual como consta do “meu guia”:

"Mycena seynii Quél.

MACROSCOPIA: Sombrero de 2-4 cm diam., de cónico a campanulado, +/- mamelonado; margen estriado y algo caniculado. Cutícula lisa, higrófana, de color marrón rpsado a púrpura-marrón en el centro. Láminas de adnadas a decurrentes, blancuzas, grises, lila pálido y después púrpura a rojo oscuro, arista marrón-púrpura. Pie de 4-7 x 0,15-0,7 cm, liláceo arriba y mas pálido abajo. Carne marrón-sépia. Olor e sabor rafanoides.

OBSERVACIONES: Es muy característico el color rosado del carpóforo y la fructificacion sobre estróbilos de coníferas, aunque puede encontrarse también sobre madera caída. Pudiera confundirse com Mycena seynesiella Malençon, pero difere porque éste tiene las esporas más pequeñas (8-10 micron) y olor nitroso.

HÁBITAT: Sobre estróbilos caídos de coníferas, en zonas mediterráneas. Otoño. Frecuente."

Como afirmei no início, em função dos dados obtidos, parece-me que a conclusão mais plausível é aquela que o Pedro Claro mencionou.
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Mensagem  Pedro Claro Qui 21 Out 2010, 12:25

Quanto ao epíteto "seynii", não é a única obra onde ocorre esse erro, pois já tomei conhecimento de algumas publicações onde aparecia essa referência. Creio que terá existido um erro tipográfico em alguma obra (de seynesii para seynii) que depois foi reproduzido em obras subsequentes. No entanto, a formação do epíteto é baseada no nome do micólogo francês De Seynes e sempre que os epítetos científicos são adaptados como nomes específicos procede-se ao acréscimo de um 'i' ou dois 'i' (os meus nulos conhecimentos de latim não me permitem explicar porque razão em alguns casos se acrescenta 'i' e noutros 'ii'). Assim temos seynesii, friesii, broteroi, etc.

M. purpureofusca tem uma semelhança enorme com M. seynesii, mas para além da distribuição geográfica distinta, tem o tal detalhe das arestas das lâminas - que é um caracter muito relevante para a identificação de alguma espécies de alguns géneros, como Mycena ou Entoloma. Mas nestes géneros mais vastos, com muitas dezenas ou mesmo centenas de espécies, haverá sempre alguma espécie mais ou menos obscura que nós desconhecemos e que poderá ser parecida com aquele que nós encontrámos em tal sítio ou, quem sabe, poderá ser mesmo essa espécie.

De qualquer forma, estás a fazer um excelente levantamento da flora micológica da tua região (assim como outros membros aqui do fórum o estão a fazer noutras áreas) e é esse uma das vertentes mais importantes do fórum: aumentar o conhecimento micológico no e do nosso país


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