Formação de Guias de Micologia

Vai decorrer uma acção de Formação de Guias de Micologia na zona de Braga entre Janeiro e Novembro. Os interessados podem ler sobre mais informações em:
http://cogumelos.ning.com/events/formacao-de-guias-de-micologia

Hmmm...

Não sei se ria ou se chore com a iniciativa...

Explicando. Por um lado é salutar avançar com iniciativas que visam o melhor conhecimento dos cogumelos, dando formação, partilhando experiências, incentivando o gosto pela descoberta e pela aprendizagem desta área tão pouco conhecida.

Mas, por outro lado, há críticas que são necessárias. Desde logo, o título: "Formação de Guias de Micologia". Não vejo como em 5 sessões se pode (trans)formar um completo desconhecedor em Micologia num "Guia em Micologia". E dou o meu exemplo pessoal: há mais de 10 anos que me dedico com maior ou menor afinco à Micologia, tenho uma bastante razoável biblioteca micológica, e, no entanto, não me sinto, no presento momento, preparado para ser "Guia de Micologia" - no sentido de ser capaz de orientar devidamente um grupo de interessados no assunto, de forma 'profissional' e, muito menos, cobrando dinheiro por isso (presumo que será esse o objectivo de formar 'Guias em Micologia')! É perigoso dar a ilusão que com 5 sessões (5 dias, presumo) se transforma um leigo num 'perito em Micologia' (palavras minhas) - e é contraproducente ter 'formados' com este curso a orientar saídas micológicas (eventualmente pagas)! Isto é, na minha opinião, um mau serviço prestado à Micologia em Portugal!

Por outro lado, o material de base (o livro da Natalina de Azevedo) é simplesmente irrisório para o objectivo proposto (relembro: formar Guias de Micologia). E coloco como comparação o conjunto de dois volumes designado 'Parliamo de Funghi', editado numa parceria entre a Associação Micológica Bresadola e autoriadades italianas, que é, efectivamente, um manual para formação de Guias e Inspectores na área da Micologia, e que é um livro completíssimo, de elevada qualidade, perfeitamente ajustado a esse fim. Não está em causa aqui o esforçado livro da Natalina de Azevedo (que continua a ser, infelizmente, único no panorama nacional), mas sim o uso desadequado que se lhe pretende dar!

Creio, em resumo, que se está a criar expectativas inadequadas aos frequentadores do curso (a Micologia é uma ciência complexa, em permanente actualização, que não se absorve em 5 dias), que se está a descredibilizar - ou a lançar bases para descredibilizar - a Micologia em Portugal (eu não gostaria de fazer uma saída Micológica paga orientada por um 'Guia' com esta formação) e que a própria 'formação' não tem as melhores bases (leia-se 'material').

Altere-se o título para "Saída de Campo com Formação Inicial em Micologia" ou, simplesmente, pense-se a actividade apenas como "Levantamento do património micológico do Mosteiro Tibães" e retiro todas as críticas que efectuei.

Sem aprofundar este assunto que pode e deve ser mais esmiuçado e discutido, limito-me a concordar plenamente com a opinião do Pedro Claro.

Olá!
Li com atenção o seu comentário sobre a Formação de Guias de Micologia.
Face à sua mensagem, que agradeço, fiz duas reflexões: uma mais longa e a segunda mais curta.
De momento, partilho a segunda: venha e veja (entre no contexto, estando presente numa das nossas sessões).
Saudações micológicas.

Concordo com o Pedro Claro! Esse assunto da micologia é demasiadamente complicado para se aprender em 5 dias. Eu cá gostava muito ter o acompanhamento de um micólogo experiente, mas prefiro aqueles que afirmam ter dúvidas a aqueles que dizem saber tudo!

Monika

Efectivamente o guia de micologia em 5 sessões...parece daqueles anuncios do "emagreça 60 kgs com 5 minutos por dia..."

Contudo estamos aqui a tocar na dicotomia da problemática da Micologia em Portugal...:

Primeiro estes cursos são necessários e a Micologia em Portugal atravessa agora uma "época das trevas", estando verdadeiramente na Era Medieval onde os "pseudo" profissionais (ou "pseudo" catedráticos) das academias pegam em suillus bellini e dizem tratar-se de leccinum corsicum e confusões afins, despromovendo a micologia ao difamar e queimar tecnicos(micologos) e associações "pseudo" amadores, q como o Pedro Claro (entre vários) metem qq catedrático de micologia no bolso. Ora por um lado estes cursos têm de avançar para combater o mediavalismo escolástico em q vivemos, têm também, e obrigatoriamente, q ser repensados em termos de gestão de conteúdos, duração etc... Isto para que a micologia e o recurso micológico sejam bem divulgados e valorizados no panorama nacional.

A grande questão reside porém...como mostrar à população e às entidades gestoras e de ordenamento, quem sabe e quem verdadeiramente se preocupa com a conservação e gestão deste recurso...

Abraço

Carlos

Está na hora do Pedro Claro começar a dar, ele próprio, formações à malta...
Se as inscrições abrirem, contem comigo.

Um abraço a todos
(já tinha saudades de visitar o forum)

Agradeço as palavras simpáticas dirigidas à minha pessoa, mas não me sinto minimamente preparado para dar qualquer tipo de formação. Estou, no entanto, sempre pronto a ajudar no que for possível e no que os meus conhecimentos me permitem.

Há poucas pessoas em Portugal com conhecimentos e experiência suficiente para isso (e disposição e/ou tempo) e algumas dessas pessoas costumam passar aqui pelo fórum, mas nenhuma delas sou eu!

Olá Amigos

Tal como dizes Pedro, " há poucas pessoas com conhecimentos e experiência para dar formações em Micologia no nosso Portugal",concordo plenamente com isso, e tenho muito pouco conhecimento disso e de quem são, sei que há algumas pessoas dessas que passam por aqui, e já tive a felicidade de as conhecer!
Mas a verdade é que na minha opinião, e de certeza também de algumas dessas pessoas e não só, sabem que tu Pedro, fazes parte desse núcleo da "frente" no que toca a indentificação de Fungos em Portugal.Essa é a verdade!!

Eu cada vez mais vou progredindo na minha aprendizagem sobre os Fungos em geral, e sem este forum, COGUMELOS DE PORTUGAL e as pessoas que o gerem e criaram provavelmente já teria desistido, a realidade é que as minhas aulas de micologia são feitas aqui e por vocês. Obrigado por isso!
Por isso já das aulas Pedro, mesmo que humildemente não queiras reconhecer isso.

E falando de fungos, acho que estas chuvas dos últimos dias e as boas temperaturas nos vão trazer surpresas, não acham??


Abraços, e boas pesquisas.
Zt

zt escreveu:

E falando de fungos, acho que estas chuvas dos últimos dias e as boas temperaturas nos vão trazer surpresas, não acham??


Zt

... espero bem que sim. Que as tais surpresas apareçam.
Já tenho algumas saudades de fazer umas boas caminhadas pelo mato fora...

Boa Caça
PEDRA

Não percebi certas criticas principalmente quando elas são feitas sem se conhecerem pormenores sobre a Formação de Guias de Micologia e já partindo de certos pressupostos sobre aquilo que se desconhece.

Informação sobre a actividade de formação também pode ser encontrada no seguinte link:
http://grou.ps/cogumelos/calendar/event/199096

Bons cogumelos para todos!

Repito todas as críticas que efectuei. Não tenho novos dados que me permitam dizer que 'desconhecia pormenores' ou que os 'pressupostos' de que parti estavam errados.

Para mim, um "Guia de Micologia" é muito mais que alguém que sabe identificar Amanita gemmata ou qualquer outra espécie...

De qualquer forma, estou disponível para discutir as críticas que efectuei se me forem apresentados dados diferentes daqueles a que tive acesso. Até lá, qualquer contestação afigura-se-me vazia de sentido, porque vazia de provas e dados concretos.

Caro micelium...

Tb n apanhei as criticas às críticas?
Q criticas afinal? E q critícas tu?

Cumprimentos

Broteroi escreveu:Ora por um lado estes cursos têm de avançar para combater o mediavalismo escolástico em q vivemos, têm também, e obrigatoriamente, q ser repensados em termos de gestão de conteúdos, duração etc... Isto para que a micologia e o recurso micológico sejam bem divulgados e valorizados no panorama nacional.

A grande questão reside porém...como mostrar à população e às entidades gestoras e de ordenamento, quem sabe e quem verdadeiramente se preocupa com a conservação e gestão deste recurso...

Eu próprio propus que se fizesse, no corrente defeso, um encontro a nível nacional de potenciais guias de observação de cogumelos, no sentido de estabelecermos padrões de rigor que sejam adoptados por todos. Ainda não começou o outono, vai-se a tempo, mas aqueles a quem eu propus isto não parecem reconhecer a urgência duma tal iniciativa, ou estão distraídos. É pena.

Micelium escreveu:Não percebi certas criticas principalmente quando elas são feitas sem se conhecerem pormenores sobre a Formação de Guias de Micologia e já partindo de certos pressupostos sobre aquilo que se desconhece.

Informação sobre a actividade de formação também pode ser encontrada no seguinte link:
http://grou.ps/cogumelos/calendar/event/199096

Bons cogumelos para todos!

Não creio que se tenha criticado com desconhecimento. Basta a menção do livro de Natalina Azevedo como prova de que se seguiu o link e pelo menos parte do conteúdo foi analisado antes de enviar-se o que alguém tristemente chamou de bitaites.

Na minha opinião, não há neste curso qualquer referência a aspectos pedagógicos necessários para se ser um bom guia. Basta isso para considerar muito justa a frase

Pedro Claro escreveu:Altere-se o título para "Saída de Campo com Formação Inicial em Micologia" ou, simplesmente, pense-se a actividade apenas como "Levantamento do património micológico do Mosteiro Tibães" e retiro todas as críticas que efectuei.

Eu próprio aqui no forum já tive confrontos deste tipo por causa de coisas que se vêem e que chocam com uma exigência de rigor que tem norteado a minha actividade de divulgação do mundo dos cogumelos e do seu estudo, exigência que felizmente vejo muitos aceitarem. Tirando alguns pormenores que variam entre os diferentes confrontos, há em comum um par de equívocos que precisam de ser esclarecidos, e mesmo continuarão a precisar de sê-lo.

O primeiro equívoco é sobre a intenção de quem critica. Basta que admitam a possibilidade de todos os que estamos aqui envolvidos comungarmos dum mesmo amor pela natureza para que se evitem atitudes defensivas e se prefira o diálogo e a entreajuda. As críticas do Pedro Claro vão no sentido de tomar-se consciência do nível de exigência de quem se mete a dar formação, assim como dos riscos que se corre com a mercantilização das actividades de divulgação. E ele tem 100% de razão, pode é não haver a mesma consciência dessas duas realidades por parte de quem as rejeita. Mas o que vale, é que comungamos todos do mesmo amor pelos cogumelos e há por isso a esperança de sermos levados a aceitar as críticas que são feitas.

Um segundo equívoco é sobre as consequências daquilo que se empreende. Ao dar-se formação de guias de micologia corre-se o risco de alguns dos formandos, mesmo que ainda com uma preparação incipiente, se arroguem um estatuto de autoridade que, sendo falso, ilude quem não for conhecedor do contexto da formação e seja assim levado a confiar-lhes tarefas ou responsabilidades que muito provavelmente conduzirão a erros graves. Em terra de cegos... Por outro lado, ninguém garante que alguém nessas condições não comece a empreender as suas próprias "iniciativas" com fins de obter lucro, assim causando um mal maior, que é gravemente subestimado: uma imagem distorcida do mundo dos cogumelos junto do público, da imprensa, etc.. Num país micófobo como é Portugal, o principal calcanhar de Aquiles é o desconhecimento, que tanto dá em temores injustificados como em atrevimentos fatais.

Não falo destas questões teoricamente. Elas têm sido presenciadas e continuarão a sê-lo. O que todos, que amamos os cogumelos e a natureza onde eles aparecem, devemos fazer é cultivar o nosso conhecimento sobre eles em comunidade, sem travões na comunicação, colocando sempre à frente de todas as intervenções a precaução de nunca subestimar os perigos, sejam os directos (consumo), seja os indirectos (percepção negativa). Esta dimensão comunitária começou a estabelecer-se aqui no fórum, onde felizmente há condições para se ter uma consciência dessa dimensão. Aproveite-se para dialogar, para reconhecer a legitimidade das críticas, para aprender em conjunto. Porque, quanto mais tentamos realizar no mundo dos cogumelos silvestres, maiores são os desafios e as responsabilidades.

Nós reconhecemos a urgência...não temos tido é tempo nem meios para concretizar tal ambiciosa operação...
Isto pq, como referi, vivemos na era das trevas ao nivel da micologia...para termos tal poder (tempo e meios) têm q existir tb entidades com a mesma "potência" a valorizar-nos e a enfrentar (contrabalançando) os contributos negativos medievais levados a cabo pelos nosso pseudo-catedráticos...q difamam associações e grupos micológicos...Essa é a maior urgência agora...não percamos tb o interesse nisto...

Abraço

Broteroi escreveu:Essa é a maior urgência agora...não percamos tb o interesse nisto...

O assunto em causa é fora de tópico, por isso não o debato aqui.

Mas vale, por pôr em relevo a dispersão de esforços que certas "guerras" representam. E há que definir prioridades. A prioridade maior para mim, é o trabalho em prol do conhecimento sobre os cogumelos, os seus habitats, para que se melhore a maneira como o público os vê (cogumelos, e habitats), dito doutra maneira: a expansão cada vez mais esclarecida e entusiástica do micoportugal e tudo o que isso trará consigo. E gostava que todos percebessem essa ser a única verdadeira prioridade para a macromicologia, neste país.

Formar bons guias pode não ser complicado, admito que o trabalho que o micelium divulgou e deu origem a este tópico tenha muitos méritos na prática. Juntando-nos aprendemos a fazer melhor, por isso a ideia da workshop que lancei há meses atrás ainda vai a tempo.